Estilo de vida
19/09/2024 às 06:00•2 min de leituraAtualizado em 19/09/2024 às 06:00
Divulgado às vésperas de uma reunião de alto nível nas Nações Unidas sobre superbactérias. o Estudo Global sobre Resistência Antimicrobiana (RAM) é a primeira análise global das tendências sobre o fenômeno em que microrganismos, em sua maioria bactérias, desenvolveram a capacidade de sobreviver e se reproduzir na presença de antibióticos.
Realizada com dados de 520 milhões de registros individuais em 204 países e territórios, a pesquisa analisou 22 patógenos, 84 combinações de drogas/patógenos e 11 síndromes infecciosas, como meningite. Ela mostrou que a RAM matou mais de um milhão de pessoas por ano entre 1990 e 2021.
As projeções também assustam: segundo os autores, as mortes diretas por RAM em 2050 podem chegar a 1,91 milhão de pessoas, ou seja, um aumento de quase 70% ao ano em comparação a 2022. Já o número de mortes anuais nas quais a RAM desempenha um papel, mas pode não ser a única causa, aumentará em quase 75%, de 4,71 milhões para 8,22 milhões.
Embora reconhecida como ameaça desde o início da era dos antibióticos, em 1950, a RAM só teve seu status de desafio crítico à saúde reconhecido na última década. Em 2015, a Assembleia Geral da ONU classificou o fenômeno como uma prioridade de saúde global.
Ainda assim, nenhum estudo havia avaliado até agora as tendências da RAM, e nem fornecido previsões sobre seus impactos futuros.
Um estudo global sobre RAM publicado em 2022 foi o primeiro a revelar, ainda de forma limitada, a verdadeira escala do fenômeno. Nele, os autores concluíram que as mortes globais relacionadas à RAM em 2019 foram superiores às causadas por HIV/AIDS ou malária. Foram 1,2 milhão de mortes diretas e 4,95 milhões de mortes relacionadas ao fenômeno.
Líder da Equipe de Pesquisa de RAM na Universidade de Washington, nos EUA, o autor do estudo, Mohsen Naghavi, explica em um release que "a RAM tem sido uma ameaça global significativa à saúde por décadas e que essa ameaça está crescendo".
Dessa forma, entender como as tendências nas mortes por RAM mudaram até hoje e como provavelmente mudarão será crucial na tomada de decisões para ajudar a salvar vidas, conclui o cientista de métricas em saúde. Isso evidencia uma urgência de implementação de medidas preventivas contra infecções, programas de imunização, uso racional de antibióticos e investimento em pesquisa de novos medicamentos.
A modelagem de cenários usada no estudo prevê que, se as autoridades de saúde conseguirem melhorar o atendimento a infecções graves e o acesso aos agentes antimicrobianos, 92 milhões de vidas poderão ser salvas até 2050.