Saúde/bem-estar
09/11/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 09/11/2024 às 18:00
No extremo sul da América Sul, uma região se destaca por abrigar os mais belos lagos glaciais do mundo. Compartilhada entre a Argentina e o Chile, a Patagônia tem uma área total de aproximadamente 1.043.000 km2.
Com águas cristalinas de cor turquesa ou azul profundo, seus lagos, além de belos, têm valor turístico, e um importante papel ecológico como fontes de água doce, um bem que representa só 2,5% de toda a água do planeta.
Mas, se você for conhecer um desses lagos, como o Cachet II, por exemplo, ligue antes para saber se ele está lá. Isso porque esse lago em especial costuma simplesmente desaparecer da noite para o dia. O fenômeno, que vem sendo observado desde 2008, ocorre por causa de um fenômeno chamado GLOF (inundação por rompimento de lago glacial, em português).
Em 2008, o Cachet II desapareceu nos dias 6 e 7 de abril, 7 e 8 de outubro, e 21 e 22 de dezembro. Isso tem acontecido periodicamente porque o aumento das temperaturas enfraquece a geleira Colônia, que funciona como uma espécie de barreira natural de contenção do lago.
O esvaziamento repentino do lago ocorre quando a pressão da água acumulada consegue fazer um túnel na grossa parede de gelo ou alargar canais subglaciais. Quando isso acontece, pelo menos 200 milhões de metros cúbicos de água doce vazam, elevando o nível de água dos rios em torno até a foz do rio Baker, e impactando violentamente os ecossistemas.
Após ser esvaziado em menos de 24 horas, o Cachet II volta a se encher novamente, o que pode levar até um ano, dependendo da taxa de derretimento da geleira Colônia, que o alimenta, além das condições climáticas da região, como temperaturas e chuvas.
Depois que o lago Cachet II começou sua rotina de desaparecimentos, os moradores locais estão transformando a retirada rápida em uma ciência. Normalmente, o sistema de alarme que monitora o nível do lago dá uma janela de oito horas para que as pessoas fujam para áreas mais altas com os seus rebanhos.
E a situação está longe de se reverter. Um relatório recente das Nações Unidas afirma que as geleiras da Patagônia estão "perdendo massa mais rápido e por mais tempo do que as geleiras em outras partes do mundo".
Embora o derretimento isolado de uma geleira não diminua os níveis de água doce no planeta, um processo contínuo e irreversível como o provocado atualmente pelo aquecimento global pode comprometer as reservas naturais de gelo que abastecem o mundo.