Estilo de vida
25/10/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 25/10/2024 às 12:00
O vulcão Changbaishan, na fronteira da Coreia do Norte com a China, foi declarado Reserva da Biosfera pela UNESCO em 1979, e é hoje um dos principais destinos do vulcanoturismo mundial. Ele ficou conhecido por protagonizar uma das maiores erupções vulcânicas dos últimos 10 mil anos: a “Erupção do Milênio”, ocorrida no ano 946 d.C.
A erupção foi tão poderosa que, ao liberar dezenas de quilômetros cúbicos de magma, causou o colapso do topo do vulcão, formando uma grande caldeira vulcânica a 2,2 mil metros de altura. Esta caldeira depois se encheu de água, formando o atual Lago Celestial (Tianchi em chinês, ou Cheonji em coreano). Com área oval de quase 10 km², o lago contém cerca de 2 km³ de água cristalina.
Como o Changbaishan (Baeku em coreano) pode entrar em erupção de novo, os vulcanólogos querem ter uma exata compreensão dos possíveis riscos envolvidos. Em um estudo recente, propriamente chamado de “Reconstrução da dinâmica de uma inundação catastrófica no lago da cratera”, pesquisadores da Universidade de Jilin, na China, geraram um modelo da tragédia no lago.
Para "reconstruir" a história da inundação catastrófica ocorrida logo depois da Erupção do Milênio, a equipe de geólogos e engenheiros liderada por Shengwu Qin, cavou para examinar as diferentes camadas de material vulcânico e sedimentos.
Sua hipótese é que pelo menos um quilômetro cúbico de água pode ter sido derramado da caldeira do vulcão, o equivalente a duas vezes o lago Paranoá, em Brasília. Isso causou uma erosão imediata dos segmentos, à razão de 34 metros por hora, durante três horas.
Segundo os pesquisadores, a erupção ocorreu em duas fases, e a grande inundação pode ter ocorrido entre as duas. Contra uma corrente de especialistas que defende que a erupção rachou a borda do vulcão, os autores atuais argumentam que o sedimento encontrado deveria estar mais espalhado se fosse de fato uma explosão repentina.
Para explicar uma taxa de incisão da brecha de 30-38 metros por hora, com liberação de cerca de 1,2 km3 de água, os autores construíram três diferentes cenários. No primeiro deles, a água simplesmente transborda em virtude do fluxo de magma subindo debaixo dela, e escorre pela borda da antiga caldeira.
No segundo cenário, o vulcão provoca um terremoto que faz desmoronar uma parede interna da caldeira, causando o transbordamento por deslocamento da água. Na terceira projeção, chuvas intensas anteriores ao evento enchem a caldeira até sua capacidade máxima: a água acaba rompendo a borda da cratera e vaza.
Para os autores, uma correta compreensão da dinâmica dessa catástrofe é crucial para orientar populações vulneráveis a se prepararem convenientemente para possíveis desastres naturais futuros, não só na jusante do Lago Celestial, mas também em outras áreas de influência vulcânica espalhadas pelo mundo.
A pesquisa foi publicada na revista Advancing Earth and Space Sciences.