Ciência
10/03/2024 às 14:00•2 min de leituraAtualizado em 10/03/2024 às 14:00
Pompeia se tornou sinônimo de um dos maiores desastres da antiguidade, porque diferente de grandes conflitos que envolveram o deslocamento de legiões de combatentes — como a Guerra do Peloponeso, travada entre Atenas e Esparta entre 431 e 404 a.C., ou mesmo as Guerras Púnicas entre Roma e Cartago, de 264 a.C. e 146 a.C. —, a erupção do Vesúvio foi implacável e sobre-humana. Sem escolher nenhum lado, ela aniquilou todos que permaneceram no seu entorno.
No entanto, não se deve concluir que essa expressiva capacidade destrutiva tenha resultado na aniquilação absoluta da população. Embora os moldes de gesso de Pompeia tenham deixado à vista a forma como muitos habitantes morreram, nem todos que ali viviam foram asfixiados ou queimados pelas lavas.
Quando um vulcão está prestes a entrar em erupção, há sinais que podem ser percebidos e que não dependem de tecnologias avançadas para tal, a exemplo dos tremores de menor impacto que se iniciam dias antes do desastre se tornar evidente.
No entanto, para os povos da antiguidade romana, que não tinham um conhecimento difundido sobre a atividade vulcânica como nós temos atualmente, a não ser que alguma experiência tivesse propiciado essa noção, os tremores eram ignorados. O fato deles serem recorrentes naquele período também contribuiu para isso.
Foi somente em 24 de agosto de 79 d.C., quando o Vesúvio entrou em erupção, que o perigo desse tipo de fenômeno se tornou evidente: quem escolheu sair dos limites da cidade imediatamente a partir daquele de momento teria, portanto, uma maior chance de sobreviver.
Horas depois, o cenário se agravaria de tal forma que ficaria praticamente impossível escapar. Se antes a erupção se resumia a uma grande nuvem de cinzas que se espalhava no ar, dado certo ponto, pedras de maior dimensão também começaram a ser lançadas do vulcão em direção à cidade. Assim, as antigas construções romanas eram destruídas.
No dia seguinte, por fim, além do magma expelido, gases tóxicos em concentrações mais elevadas rapidamente tomaram conta da cidade, matando pessoas e outros animais instantaneamente. Ao mesmo tempo, os detritos se depositavam sobre os seus corpos, tudo isso em meio a temperaturas bem elevadas.
Nos arredores de Pompeia, por outro lado, existiam outras cidades ocupadas. Para aqueles que escaparam da "chuva de pedras", elas se tornaram um refúgio. Plínio, o jovem, estava dentre as pessoas relativamente próximas ao desastre. Na ocasião, ele tinha 18 anos, mas ainda assim, seus relatos ofereciam uma visão concreta do que ocorreu.
Fora de Pompeia, em Miseno, situada a mais de 20 quilômetros do Vesúvio, ele conseguiu ver a nuvem de detritos ganhar forma e fugiu do local junto de sua mãe, retornando depois que o pior tinha passado. E assim como os que estavam mais próximos do vulcão, ele ouviu os gritos das pessoas em pânico nas ruas.
Evidências encontradas por estudiosos nos últimos anos reforçam a ideia que muitas famílias que escaparam de Pompeia se estabeleceram em outros locais da província italiana de Nápoles.
Projetos de infraestrutura conduzidos no período também sugerem essa mesma hipótese de deslocamento populacional, considerando a necessidade de acolher desabrigados. Tal esforço, inclusive, teria sido coordenado pelo imperador do período, Tito.
Vale ainda lembrar que aqueles que estavam em Herculano, no entanto, não tiveram a oportunidade de escapar com vida da fúria do Vesúvio, já que a cidade também foi destruída.
Mas, afinal, existe alguma dimensão do número de pessoas que escaparam? Acredita-se que Pompeia e Herculano abrigavam, juntas, entre 20 e 30 mil habitantes, e que cerca de 2 mil pessoas morreram durante a erupção do Vesúvio. Apesar desse número de sobreviventes representar a maioria regionalmente, o desastre não se mostra menos impactante, mesmo quase dois mil anos depois.