Vítimas do Vesúvio morreram asfixiadas, segundo estudo

30/08/2023 às 03:002 min de leitura

Mesmo depois de tantos anos, o massacre desencadeado pela erupção do Vesúvio, na antiga cidade romana de Pompeia, ocorrida em 79 d.C., ainda deixa muitas dúvidas. Isso porque, apesar de ser possível especular muito do que teria dizimado a população, que girava em torno de 10 a 20 mil habitantes, ainda há pesquisadores debruçados no trabalho de desvendar mais detalhes sobre a cadeia de acontecimentos que se deu por lá.

Um estudo publicado no último dia 23, na Revista PLOS One, buscou identificar qual teria sido a principal causa das mortes entre um grupo de indivíduos e fornecer evidências mais robustas envolvendo um dos desastres mais impactantes da história da humanidade. Para isso, foram analisados sete moldes de gesso — seis deles próximos ao Portão de Pompeia, em Porta Nola, e um deles encontrado em uma casa de banho.

(Fonte: Wikimedia/Reprodução)(Fonte: Wikimedia/Reprodução)

Mistérios envolvendo a morte da população de Pompeia

Depositar gesso nos vazios encontrados, em meio às cinzas vulcânicas calcificadas, foi a solução para oferecer uma visão realista de como a população de Pompeia morreu. No entanto, o novo estudo destaca que os moldes de gesso acabaram por se incorporar aos restos dos ossos. Com isso, o resultado de eventuais análises químicas tendia a ficar comprometido.

Mas apesar disso, foi possível investigar qual teria sido a causa de morte de um grupo de indivíduos. Vale destacar que, dentre as principais hipóteses, eram consideradas até então a asfixia, a desidratação ou, ainda, a vaporização de fluidos corporais em virtude da presença de gases em altas temperaturas, acima de 400 °C, por exemplo.

Para contornar as dificuldades impostas pela presença de gesso nos ossos, pesquisadores adotaram um método não invasivo de estudo, que consistiu no uso de fluorescência de raios X, para que fosse identificada a estrutura dos restos mortais de uma forma mais detalhada. Assim, os ossos que estavam menos comprometidos foram selecionados para análise.

A partir disso, pesquisadores puderam afirmar com uma maior segurança que, ao considerar as evidências levantadas, somadas à observação da posição dos ossos, parte da população de Pompeia teria morrido por asfixia em meio à mistura de cinza e gases que tomou a cidade.

(Fonte: PLOS One/Reprodução)(Fonte: PLOS One/Reprodução)

Análise das vítimas do Vesúvio

Essa nova análise ainda envolveu uma investigação sobre o sexo das pessoas, que foi estimado por meio de uma série de detalhes, como a medida do crânio e do osso coxal. Para estabelecer a idade aproximada e diferenciar adultos de idosos, foi levada em conta a detecção de problemas osteoarticulares e traumas.

Inclusive, entre os indivíduos, um deles apresentava evidências que teria sofrido uma lesão pouco antes do momento da morte por asfixia. Outro apresentava sinais de osteoartrite no joelho direito, sendo posteriormente identificado como um homem adulto, com idade estimada entre 45 e 50 anos.

Uma mulher adulta, na casa dos 35–40 anos, também foi analisada. Na imagem acima, é possível identificar os 6 pontos de medição utilizados no estudo, e ao mesmo tempo, observar a postura corporal, onde a cabeça dela aparece apoiada, e o braço flexionado junto ao corpo.

(Fonte: PLOS One/Reprodução)(Fonte: PLOS One/Reprodução)

Pessoas morreram asfixiadas 20 horas após o início da erupção

Essa análise ainda permitiu descobrir que parte dos fugitivos de Porta Nola, em Pompeia, diferente de parte das vítimas mortais em virtude de desabamentos em outras áreas, teriam morrido cerca de 20 horas após o início da erupção. Nessa tentativa fracassada de escapar, uma nova passagem da corrente de gases impossibilitou que respirassem, mesmo que tentassem proteger o rosto com tecido.

A posição das vítimas indica que sequer foi possível se esforçar nessa fuga, dada a posição em que aparecem, ora deitados; ora de bruços, ou em posições mais relaxadas em meio à exaustão.

Ainda segundo o estudo, a seguir, teria ocorrido algo pior: uma nova deposição de camadas de gases. Teria sido nessa segunda parte brutal da erupção do Vesúvio, portanto, que os corpos daqueles que já estavam mortos teriam sido cremados pelo impacto das altas temperaturas.

NOSSOS SITES

  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • Logo Mega Curioso
  • Logo Baixaki
  • Logo Click Jogos
  • Logo TecMundo

Pesquisas anteriores: