Estilo de vida
22/10/2024 às 21:00•2 min de leituraAtualizado em 22/10/2024 às 21:00
Animados com um dramático aumento na expectativa de vida dos seres humanos nos últimos dois séculos, somos às vezes tentados a acreditar que passaremos a viver cada vez mais nos próximos anos. Quem sabe até os 150 anos, propõe a chamada ciência da longevidade ou a moderna medicina antienvelhecimento.
Agora, um estudo recente, liderado pelo epidemiologista S. Jay Olshansky, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Illinois em Chicago, joga um balde d'água em nosso chope. Para os autores, embora os avanços médicos continuem ocorrendo "em uma velocidade vertiginosa", o impacto desses progressos na extensão da vida tem diminuído aos poucos.
Em outras palavras, isso significa que os casos de pessoas com 100 anos ou mais neste século "continuarão sendo exceções que não aumentarão significativamente a expectativa de vida média", sugere Olshansky. A sobrevivência centenária deverá ficar restrita a 15% das mulheres e 5% dos homens, diz o estudo.
Quando se leva em conta que a expectativa de vida no século 19 ficava entre 20 e 50 anos, faz todo sentido flertar com a ideia de que um aumento acelerado da longevidade continuaria bombando no século 21.
Para testar isso, eles usaram métricas de sobrevivência demográfica de estatísticas vitais nacionais dos oito países com populações mais longevas no planeta (Austrália, França, Itália, Japão, Coreia do Sul, Espanha, Suécia e Suíça), no período de 1990 a 2019. Os anos da covid-19 foram propositalmente desconsiderados.
A análise de tendências mostrou que, embora tenha ficado mais difícil aumentar a expectativa de vida em geral, as pessoas estão vivendo de forma mais igualitária e as mortes passaram a se concentrar em idades mais avançadas.
Após examinar os dados demográficos de 1990 a 2019 para avaliar o aumento da expectativa de vida nos oito países de vida média mais longa, a equipe descobriu que essa taxa caiu nas últimas décadas. Após crescer cerca 2,5 anos por década em 1990, esse número caiu para 1,5 ano na década de 2010. Olshansky sugere que o teto provavelmente se fixará em uma média de 87 anos.
Quando confrontado com as perspectivas dos especialistas em saúde da linha “extensão radical da vida”, Olshansky foi categórico na CNN: "Esses números são todos inventados". Para ele, essa indústria não tem como testar empiricamente suas projeções de extensão da vida humana.
No entanto, o fato de o envelhecimento continuar imutável não deve ser encarado como um fato negativo, diz Olshansky. Para ele, isso significa que a qualidade do tempo de vida restante, e não a quantidade, está aumentando. “Podemos ultrapassar esse teto de vidro de saúde e longevidade com gerociência e esforços para retardar os efeitos do envelhecimento”, conclui o bioestatístico.
O estudo foi publicado na revista Nature Aging.