Lêmures usam outros fatores, além do cheiro, para encontrar comida

22/09/2024 às 03:002 min de leituraAtualizado em 22/09/2024 às 03:00

Uma pesquisa recente sobre a forma como lêmures, os icônicos primatas de Madagascar de olhos redondos, procuram alimento em seu ambiente revelou que, além do olfato, como era de se esperar, eles combinam esses traços de aroma com sua memória espacial e informações sociais, antes de decidir.

Segundo a primeira autora do trabalho, Elena Cunningham, professora clínica de patobiologia molecular na Faculdade de Odontologia da Universidade de Nova York, a estratégia "demonstra sua capacidade de considerar vários aspectos de um problema", afirma a antropóloga em um comunicado de imprensa.

Em artigo publicado no International Journal of Primatology, os autores explicaram que a combinação do uso dos sentidos e conhecimentos/habilidades pode ter desempenhado um importante papel na evolução dos primatas. Ou seja, a necessidade de processar informações complexas do ambiente e das relações sociais pode ter impulsionado a evolução de cérebros maiores e mais capazes.

Como os lêmures descobriram a comida?

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Na maior parte do tempo, os lêmures usaram seu olfato para achar os melões (Fonte: Elena Cunningham/Divulgação)

Para testar suas hipóteses, Cunningham foi até a Fundação para a Conservação dos Lêmures, em Myakka City nos EUA, um dos poucos locais onde há concentrações dos pequenos primatas fora de Madagascar. A equipe se concentrou nos lêmures-marrons (Eulemur spp), animais sociais com um olfato muito aguçado, e apreciador de frutas. 

Foram estudados 11 grupos de lêmures marrons em cativeiro. Os pesquisadores colocaram seis ou nove recipientes de delivery, 1/3 dos quais com dois pedaços de melão. Foram usados dois cronogramas em cinco testes, que foram repetidos após 1, 2, 4, 5, 7 e 14 dias.

Rapidamente, os lêmures aprenderam quais recipientes continham comida, e continuaram se lembrando de sua localização semanas e até meses após o experimento, com uma taxa de aproximação 50% melhor do que o acaso. Ao final, os animais abriram as embalagens com frutas primeiro em 98% do tempo, sugerindo que eles usaram seu olfato para detectar o melão de perto. 

Qual a importância do estudo sobre o comportamento dos lêmures?

A grande sacada da pesquisa foi perceber que mesmo as estratégias individuais dos lêmures para encontrar comida eram influenciadas por interações sociais. Assim, nos grupos igualitários, onde todos têm um status social relativamente semelhante, as informações e o melão eram compartilhados voluntariamente. 

Já em grupos hierárquicos, onde indivíduos de status mais elevado têm prioridade no acesso a recursos, os dominantes corriam para se servir da fruta quando um subordinado a encontrava. Mas, como os subordinados tinham mais probabilidade de achar a fruta, eles espertamente usavam essa "vantagem de descobridor" para comer mais melão.

Para Cunningham, o estudo consegue provar que "os lêmures têm memórias de onde a comida está e estão considerando informações olfativas e fatores sociais". E conclui: “Ainda temos muito a aprender sobre como essa interação e a evolução da cognição funcionam, mas é importante olhar para esses fatores não de forma isolada, mas abrangente”.

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