Novo tipo de orquídea polinizada por mariposas é descoberto em Madagascar

As orquídeas podem até ser consideradas uma variedade difícil de ser criada dentro de casa, mas são belíssimas. E isso, naturalmente, incentiva a não deixarmos de lado todos os cuidados que elas exigem. Afinal, uma vez adotados, eles realmente ajudam a manter as espécies vivas e exuberantes por muito mais tempo.

Em um estudo publicado no último dia 11 de março na Current Biology, uma publicação revisada por pares, estudiosos documentaram a existência de uma nova espécie de orquídea. Encontrada em Madagascar, ela se destaca por apresentar características singulares dentro do universo das flores.

Uma orquídea de Madagascar

Chamada de Solenangis impraedicta, que significa imprevisível em latim, essa espécie de orquídea partilha de uma característica percebida em poucas nesta porção do globo: um esporão mais alongado, de até 33 centímetros de comprimento.

Essa estrutura maior, que contrasta com as pétalas menores, de até 2,5 centímetros, torna elas candidatas ideais para serem polinizadas por abelhas, mas também por outros insetos, como mariposas.

Essa exceção consagra a espécie como detentora do terceiro maior esporão (região onde o néctar fica concentrado) entre as plantas com flores já documentadas. Mas ao considerar a proporção apresentada em relação ao tamanho da flor e do esporão, trata-se do caso com a maior variação.

Pesquisadores acreditam que essa espécie, inclusive, tenha um laço estreito com a "orquídea de Darwin", a Angraecum sesquipedale. O famoso biólogo britânico acreditava que essa variedade seria polinizada por uma mariposa — o que foi confirmado somente muitos anos depois.

Espécie foi descoberta há anos, mas descrição só ocorreu recentemente

Essa característica, portanto, seria um traço evolutivo que favoreceu a sua adaptação ao habitat. No caso desta solenangis, por sua vez, as mariposas Coelonia solani e Xanthopan praedicta foram consideradas suas polinizadoras mais prováveis.

Assim como outras espécies tão raras e belas, trata-se de uma flor ameaçada de extinção. O estudo revela outro fato: esta orquídea de Madagascar foi descoberta há 15 anos, e esse intervalo de tempo até que fosse descrita foi imposto visando protegê-la. Assim, medidas de conservação puderam ser postas em prática.

Além do cultivo em diferentes locais protegidos, o desenvolvimento de um banco de sementes esteve no rol de medidas adotadas. Tariq Stévart, um dos autores do estudo, abordou essa preocupação existente entre os pesquisadores, apesar da alegria envolvendo a descoberta da espécie. Além da exploração, a mineração figura entre uma das atividades que colocam estas flores em risco.

“É necessária precaução ao publicar uma nova espécie tão espetacular. As populações selvagens devem ser protegidas e monitoradas e informações detalhadas sobre as suas coordenadas precisas devem ser mantidas fora do domínio público. Portanto, não nos peçam para revelar onde o encontramos”.