Oxigênio escuro pode ser o elemento que faltava para entendermos a vida alienígena

27/09/2024 às 12:003 min de leituraAtualizado em 27/09/2024 às 12:00

Durante um estudo nas profundezas do Oceano Pacífico, cientistas acharam uma fonte de produção de oxigênio até então desconhecida. O fenômeno, chamado de "oxigênio escuro", foi encontrado na Zona Clarion-Clipperton, a mais de 3.600 metros de profundidade, onde não há luz solar. Essa descoberta pode não só revolucionar a biogeoquímica marinha como também abrir novas perspectivas sobre vida alienígena.

A CCZ é famosa por seus nódulos polimetálicos, rochas subaquáticas ricas em metais raros como cobalto e níquel, que cobrem vastas áreas do fundo do oceano. Durante uma série de experimentos, liderados por Andrew Sweetman da Scottish Association for Marine Science e Jeffrey Marlow da Universidade de Boston, os pesquisadores encontraram um algo que parecia desafiar as leis da biologia conhecida. 

Separando cargas

Quem diria que no fundo do oceano também se produz oxigênio
Quem diria que no fundo do oceano, sem luz, também se produz oxigênio? (Fonte: Getty Images/ Reprodução)

A primeira ideia dos cientistas foi que os dados estavam errados, já que não teria como produzir oxigênio em uma região tão profunda sem a luz solar. Depois de perceberem que as informações estavam corretas, consideraram outra possibilidade: a produção de oxigênio por meio da atividade de microrganismos.

Usando câmaras especiais, os pesquisadores isolaram os nódulos polimetálicos, os organismos vivos, alguns sedimentos e, obviamente, a água marinha. Seguindo a lógica de que o oxigênio era derivado dos microrganismos, o esperado era que o nível de oxigênio nessas câmaras diminuíssem, fato que não ocorreu. Na realidade, os níveis de oxigênio só aumentaram

Foi diante dessa constatação surpreendente que eles descobriram que os nódulos estavam produzindo oxigênio por meio de um processo eletroquímico, conhecido como "eletrólise da água do mar". Este processo ocorre quando os metais presentes nos nódulos criam uma separação de cargas elétricas semelhantes àquela encontrada em uma bateria. 

Essa separação gera a energia suficiente para dividir as moléculas de água em oxigênio e hidrogênio, sem necessidade de luz solar. Portanto, o "oxigênio escuro" não é gerado pela fotossíntese, como se pensava até então, mas por uma reação eletroquímica natural que acontece no fundo do oceano.

Olhando para fora

Vida pode estar escondida na escuridão. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)
Vida pode estar escondida na escuridão. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)

Essa descoberta tem implicações profundas tanto para o entendimento dos ecossistemas marinhos profundos quanto para a busca de vida extraterrestre. Isso porque a produção de oxigênio é normalmente associada à fotossíntese realizada por plantas e fitoplânctons, que necessitam de luz solar. 

Por isso, encontrar oxigênio em uma área sem luz abre a possibilidade de que processos semelhantes possam ocorrer em outros planetas ou luas onde a luz solar não chega, como Europa, uma lua de Júpiter, ou Encélado, uma lua de Saturno. 

Esses corpos celestes possuem oceanos subterrâneos cobertos por camadas de gelo, onde condições semelhantes poderiam permitir a existência de vida baseada em processos similares. Assim, onde antes não se procurava por não haver uma fonte de luz, agora poderá ganhar status de potencial ambiente gerador de vida. Impressionante, não?

Perigo à vista

Mineração submarina pode ser um grande problema para as fontes de
Mineração submarina pode ser um grande problema para as fontes de "oxigênio escuro". (Fonte: Getty Images/ Reprodução)

Como você deve ter percebido, a importância ecológica dos nódulos polimetálicos é imensa. Eles não só produzem oxigênio, mas também servem como habitat para uma variedade de microrganismos e pequenos organismos marinhos adaptados a condições extremas. 

O problema é que agora há a movimentação de empresas para fazer a mineração desses nódulos, graças ao seu valor mineral, o que vem levantando questões sobre o impacto ambiental que isso pode causar. A exploração desses recursos pode perturbar os ecossistemas profundos e destruir ambientes vitais antes que possamos entender seu papel ecológico e seu potencial para a vida extraterrestre.

Os cientistas estão agora investigando como a produção de oxigênio pode variar ao longo da CCZ e quais são as implicações para a sustentabilidade desses ecossistemas. A descoberta também serve como um lembrete de que, à medida que exploramos e potencialmente exploramos esses ambientes extremos, devemos considerar cuidadosamente as consequências de nossas ações.

NOSSOS SITES

  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • Logo Mega Curioso
  • Logo Baixaki
  • Logo Click Jogos
  • Logo TecMundo

Pesquisas anteriores: