Pedaço de "púrpura de tiro", um corante raríssimo, é encontrado na Inglaterra

20/05/2024 às 08:002 min de leituraAtualizado em 20/05/2024 às 08:00

A princípio, parecia se tratar de um pedaço de material de cor roxa sem grande valor, mas uma análise posterior revelou que se tratava de nada mais e nada menos de um corante especial, conhecido como púrpura de tiro, vermelho fenício ou púrpura imperial. Considerado bastante raro, ele já chegou a valer mais do que minérios preciosos, como o ouro.

(Fonte: Wardell Armstrong/Reprodução)
A produção do corante iniciou por volta de 1200 a.C. e descoberta da amostra surpreendeu os arqueólogos. (Fonte: Wardell Armstrong / Reprodução)

Como a amostra de púrpura de tiro foi encontrada

Essa amostra foi encontrada em um antigo sítio arqueológico localizado na porção norte da Inglaterra, em 2023. E, curiosamente, ela só foi possível porque, no local, arqueólogos estavam escavando uma antiga propriedade romana que teria relação com o Imperador Septímio Severo.

Pesquisadores da Universidade de Newcastle receberam o misterioso material e ficaram encarregados de conduzir a análise, que revelou a presença bromo em sua composição, confirmando a suspeita. A cor púrpura, hoje, parece comum em nosso meio, mas a verdade é que, no passado, isso era bem diferente.

(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Para as sociedades antigas, a cor roxa era símbolo de status, dada a dificuldade de obter o corante. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Produção do antigo corante

Para obter essa tonalidade, era necessário recorrer a um processo trabalhoso que acumulava o muco de milhares de caracóis marinhos. Afinal, se tratava de uma cor difícil de ser encontrada na natureza. E isso significava ainda que apenas pessoas da realeza tinham acesso ao corante, uma vez que era um material de qualidade elevada, difícil de desbotar e bastante caro.

Essa descoberta surpreendeu os pesquisadores não apenas por ter ocorrido por acaso, mas sobretudo porque vestígios da púrpura de tiro não costumam ser encontrados no Reino Unido.

Em comunicado oficial, Frank Giecco, que é diretor técnico da Wardell Armstrong, destacou que se trata do único fragmento conhecido do norte da Europa, e foi além: "possivelmente é o único exemplo de uma amostra sólida não utilizada de todo o Império Romano."

(Fonte: Getty Images/Reprodução)
A escavação que resultou na descoberta do pedaço do corante ocorreu em 2023 (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Descoberta é considerada um grande achado no campo da arqueologia

Isso, considerando que a púrpura de tiro já foi encontrada em antigas pinturas do Império Romano, e mesmo em caixões no Egito, em um território que também fazia parte da sua extensão.

Por outro lado, encontrar o corante escondido interior da propriedade reforça aquilo que os pesquisadores já tinham em mente, e que a edificação alvo da pesquisa estaria possivelmente associada à corte imperial de Septímio Severo. Esse político, que governou entre 193 a 211 d.C., teria viajado para a província da Britânia em 208 d.C.

Especula-se que o objetivo seria fortalecer a famosa muralha de Adriano, uma fortificação com 130 quilômetros de extensão que protegia o território em sua porção norte. Essa visita, portanto, poderia ser a explicação para a presença do corante em uma localidade mais distante do centro do Império Romano.

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