Artes/cultura
06/08/2024 às 10:00•2 min de leituraAtualizado em 06/08/2024 às 10:00
Uma coisa que aprendemos desde os bancos escolares é que a Lua não tem atmosfera, pelo menos não tão intensa quanto à da Terra. Sendo assim, lá não tem vento, nem clima, ou fenômenos atmosféricos como chuva ou neve. No entanto, segundo o cientista lunar da NASA, OJ Tucker, a Lua experimenta o que chamamos de clima espacial.
Claro, se analisarmos exclusivamente pelo ponto de vista terrestre, tudo o que há em nosso satélite natural é um imenso vácuo. Ainda assim, o clima espacial se refere às mudanças que ocorrem no Sistema Solar, como o vento solar. Diferente do vento da Terra, o solar é mais parecido com um bombardeio de partículas carregadas, principalmente prótons e elétrons a altas velocidades.
Além disso, há também os meteoroides que, diferentemente dessa "poeirinha" de partículas, são pedras maiores que, na ausência de uma atmosfera ou magnetosfera como a nossa, caem diretamente na superfície da Lua. Ao cair, elas podem furar o solo e ejetar gases, formando uma atmosfera lunar muito fina, que é chamada de exosfera.
Esse processo de ejeção de moléculas da superfície lunar, conhecido como pulverização catódica da Lua, contribui para que, apesar de finíssima, a exosfera do satélite natural se "renove" constantemente. Ela desempenha também um papel importante na forma como a água é distribuída e armazenada no regolito lunar.
Isso acontece porque a Lua não é tão seca quanto parece: a água está presente em nosso satélite sob forma de gelo e moléculas presas à poeira. Desse modo, à medida que longo dia lunar se desenvolve (com duração de 14 dias terrestres), a água armazenada no regolito vai sendo "desprendida" do solo, na forma de vapor, hidroxilas, hidrogênio e oxigênio.
Esse movimento é o máximo que podemos esperar na chamada dinâmica dos voláteis na Lua, mas nada que se aproxime nem de perto à mais leve brisa terrestre.
Quando a um possível passado "arejado" da Lua, há uma teoria interessante proposta após análises das amostras de rochas lunares trazidas pelas missões Apollo entre 1969 e 1972. A composição dessas pedras sugere que, há três ou quatro bilhões de anos, houve um período de intensa atividade vulcânica em nosso satélite.
Essas erupções incluíam alguns gases como dióxido de carbono, enxofre e vapor d'água, que teriam sido liberados em grandes quantidades. Essas formações poderiam ter constituído uma atmosfera ao redor da Lua, bem mais densa da finíssima exosfera atual.
Mas, se houve algum dia, essa "atmosfera" espessa foi com certeza apenas temporária, pois, com a baixa gravidade da Lua para mantê-los, esses gases devem ter se dissipado no espaço. Ou seja, nada de vento.