Estilo de vida
18/09/2024 às 09:00•2 min de leituraAtualizado em 18/09/2024 às 09:00
Isolada geograficamente do resto do mundo, a Austrália normalmente exibe uma fauna única e diversificada. Por isso, é comum encontrar no continente, e em seus mares, algumas espécies endêmicas, ou seja, aquelas que você só encontra lá. Um desses animais singulares, o trompete australiano, é o maior caramujo do mundo.
Quem quiser conhecer esse “bichinho”, conhecido cientificamente como Syrinx aruanus, terá que mergulhar nas planícies de areia lamacenta, normalmente submersas, de Withnell Bay, uma zona de conservação ambiental perto da cidade de Karratha, na costa noroeste da Austrália Ocidental.
Acumulando também o título de maior gastrópode vivo, o trompete tem uma grande concha de cores que vão do creme ao alaranjado, com ângulos e arestas bem definidos, ou seja, não é arredondada, mas tem as voltas de sua espiral bem pronunciada. Sobre um pé amarelo vibrante, o S. aruanus pode chegar aos 91 cm de comprimento e pesar até 18 kg.
Um estudo de 2003, chamado “Alimento dos gigantes: observações de campo sobre a dieta de Syrinx aruanus, o maior gastrópode vivo", descreve o encontro dos autores com o caramujo: "Ao afastar suavemente os animais do sedimento, viu-se que alguns indivíduos tinham probóscides [trombas de alimentação] inseridas em grandes tubos de poliquetas [vermes marinhos]”.
Observações de campo posteriores e análise fecais do caramujo-trompete mostraram que o molusco se delicia com esses anelídeos marinhos como Polyodontes, Loimia e Diopatra, que são mais “parrudos”, chegando a atingir um metro de comprimento. Os Syrinxes são predadores ativos e sua probóscide de até 25 cm é considerado muito eficiente para sugar os vermes de seus abrigos.
Os caramujos-trompetes-australianos são ovíparos e se reproduzem com as fêmeas depositando seus ovos para incubação na água. Quando nascem, as larvas permanecem na coluna de água como plânctons, até se fixarem no fundo e se tornarem adultos.
Até o estudo de 2003, o caramujo-trompete-australiano só era conhecido pela sua concha, que vem sendo reproduzida desde 1681, quando o jesuíta Filippo Bonanni criou o primeiro guia prático ilustrado para colecionadores de conchas.
Item disputado entre colecionadores, essas conchas vazias são usadas, como o nome indica, como trompete ou trombone primitivo até mesmo em orquestras. Trompetistas de conchas são capazes de extrair diversos sons, que podem variar de tom ou volume, conforme a técnica do instrumentista e do tamanho e design da concha utilizada.
Apesar de não estar oficialmente na lista de conservação da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o S. aruanus enfrenta alguns riscos justamente pela intensa coleta para o comércio de conchas, além da degradação de habitats marinhos, como os recifes de coral, fundamentais para sua sobrevivência.