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22/05/2019 às 03:31•2 min de leitura
Não é preciso ser um gênio da neurociência para entender que adolescentes e adultos são diferentes, agem de maneiras distintas e, logicamente, têm pensamentos não muito parecidos. Mas você já parou para analisar quais são as divergências existentes entre os cérebros de adolescentes e adultos?
Parece que a rixa comportamental tem a ver com a forma como o cérebro amadurece e evolui, em um processo conhecido como neuromaturação. Para entender esse processo, você precisa saber que seu cérebro é feito de massa branca e massa cinzenta. A parte cinzenta termina de ser desenvolvida por volta dos 12 anos, enquanto a parte branca só vai ficar totalmente pronta quando estivermos na casa dos 20. Antes disso, esqueça.
É por isso que o cérebro dos adolescentes ainda não “funciona” bem. Lógico que ele é capaz de lidar com todas as questões motoras e cognitivas, mas a parte comportamental sai perdendo. Por isso é que a adolescência é conhecida como uma fase de revolta e confusão. Sem falar, é claro, na questão da formação pessoal de cada indivíduo, que envolve a experiência que cada pessoa vive desde que nasce, incluindo traumas e outros aprendizados não genéricos.
A falta de formação da massa branca afeta os adolescentes no sentido que, muitas vezes, eles acabam não enxergando uma situação de forma completa, o que faz com que a pessoa acabe tomando decisões erradas ou precipitadas.
O cérebro adulto, por sua vez, tem um número de conexões neurais que permitem que todas as partes do órgão trabalhem juntas. Já o cérebro adolescente tem condições não muito completas de trabalho. É cientificamente comprovado que a última parte do cérebro a ser formada é o lobo frontal, que é a região responsável por controlar a atenção, os impulsos e a motivação.
Os adolescentes têm cérebros mais receptíveis para os benefícios recebidos de interações com os seus ambientes. É por isso que é preciso estimulá-los a aprender e explorar novas experiências. O problema é que essa mesma característica pode ter um lado negativo, pois a química cerebral adolescente pode fazê-los viciar em alguma coisa facilmente, trazendo isso para a fase adulta, como a bebida e o cigarro.
A química cerebral de um adulto, por outro lado, tem menos oscilações e faz com que sensações de prazer cheguem a uma base emocional muito mais rapidamente, estimulando a criação de hábitos – que podem ser bons ou ruins.
Outra diferença básica nos cérebros de adultos e adolescentes é a forma como respondem às emoções de outros indivíduos. Um teste feito por pesquisadores do McLean Hospital de Massachusetts descobriu que, quando adolescentes interagem com imagens de outras pessoas e precisam decifrar emoções em diferentes rostos, eles não só usam uma parte diferente do cérebro para interpretar a informação como as conclusões são bem diferentes das dos adultos.
Expressões faciais que os adultos reconhecem como medo foram interpretadas como raiva por adolescentes, o que fez com que os pesquisadores acreditassem que a dificuldade de relação entre adolescentes e adultos não é apenas uma questão de teimosia, mas pode ter a ver também com a forma diferente como ambos enxergam a mesma situação.
A mudança que pais enxergam em seus filhos quando chegam à fase adulta pode ter forte relação com a maturidade do cérebro deles. Adultos têm uma camada chamada mielina, que faz parte da massa branca, e que é responsável pela proteção neural no cérebro. Isso faz com que as conexões cerebrais sejam feitas mais rapidamente.
À medida que os adolescentes começam a produzir essa substância, a mudança comportamental é visível. Então, quando você ouvir que adolescência é uma fase complicada, acredite. E acredite também no mais importante: como toda fase, ela vai passar.
*Publicado em 05/08/2014
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