
Estilo de vida
09/04/2013 às 12:59•2 min de leitura
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A jornalista Ana Carolina Franzon dedicou sua pesquisa de mestrado na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo para entender como funciona o acompanhamento de gestantes durante o parto no Brasil. O estudo realizado por ela integra uma pesquisa mais ampla do Departamento de Saúde Materno Infantil da FSP, que tem por objetivo estabelecer parâmetros para que seja possível avaliar a qualidade do atendimento oferecido às gestantes no país.
Apesar de ser um direito garantido pela lei federal 11.108, de 2005, a estudante escutou pais e acompanhantes e descobriu que existe uma série de restrições impostas pelos planos de saúde e problemas de acolhimento que dificultam o acompanhamento das mulheres nos hospitais. Um reflexo disso é que atualmente apenas 36% dos partos são acompanhados no Sistema Único de Saúde (SUS), um número considerado muito baixo.
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O que se nota é que os hospitais da rede única de saúde não permitem a presença de acompanhantes à noite ou durante a internação, por exemplo. Em outros casos, existem hospitais privados que liberam a presença do pai somente no momento do nascimento da criança e por um curto período.
Entre os pais que fizeram questão de estar presente durante o nascimento de seus filhos, foi preciso driblar os planos de saúde: “Todos os 17 pais que tinham plano de saúde tiveram de recorrer a alguma manobra para poderem estar no parto, em especial o pagamento de taxas extras. Somente nos casos de partos em hospitais particulares, não custeados por planos de saúde, e domiciliares os pais puderam ficar e exercer planamente o direito de acompanhar as esposas”, comenta a jornalista.
Por outro lado, a participação do pai no processo de gestação é valorizada em meios alternativos que defendem o parto natural. “No caso dos partos sem intervenção médica, são realizadas reuniões e palestras de preparação específica para os pais, o que não acontece nos partos normais ou cesarianas realizados em hospitais”, explica Franzon.
Os resultados da pesquisa
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Partindo dos depoimentos coletados pela jornalista, a pesquisa ressalta a importância do acompanhamento do parto como uma forma de aumentar o vínculo afetivo entre os homens e seus filhos. Nesse sentido, Ana Carolina Franzon realizou uma análise qualitativa a partir da experiência de pais que acompanharam o parto de suas esposas e revelaram suas impressões acerca da gravidez, do parto, da assistência obstétrica e da vida depois de receber o bebê.
“Ao todo foram entrevistados 23 pais, verificando como se preparam para o parto e os efeitos dessa preparação no desfecho da gravidez. A maioria esteve presente às consultas e exames realizados pela mulher antes do parto. Alguns deles também participaram com as esposas em cursos de maternidades e grupos extra-hospitalares de preparação para o parto”, explica a jornalista.
Segundo os resultados encontrados pela jornalista, os pais consideraram satisfatória sua participação durante o pré-natal. Além disso, alguns pais demonstraram um desejo natural de participar do processo e estabelecer um compromisso com sua companheira e seus filhos, sempre com um efeito muito positivo.
“O acompanhamento da mulher durante a internação é visto como um fator de proteção, e traz benefícios subjetivos, pois assistir o nascimento dos filhos é considerado o momento em que a paternidade se concretiza efetivamente”, finaliza Franzon.