‘Pênis aos 12’: conheça a história dos meninos que nascem meninas

28/09/2015 às 06:522 min de leitura

Imagine a seguinte situação: planejado, ou não, você e sua parceira (ou parceiro) descobrem que vão ter um bebê. Lá pelo quarto mês, um exame confirma o sexo da criança e vocês vão ter uma menina. A partir daí tudo é feito para tal, desde enxoval, um quarto decorado, presentes e, entre outras coisas, a escolha do nome. Essa, por si só, pode durar até mais do que o esperado, dependendo do nível de indecisão do casal.

Com o nome já escolhido e toda a estrutura necessária, chega o dia do nascimento. A felicidade é enorme e assim se inicia a criação da menina. Ela cresce com seus hábitos femininos, brinquedos, bonecas, maquiagem, entre outras coisas, e assim atravessa a infância, chegando à puberdade. É nessa época que, de repente, acontece algo muito estranho: o órgão reprodutor se transforma e em pouco tempo a menina está com um pênis, além de desenvolver barba, voz grossa e músculos de homem.

Johnny é um dos personagens do documentário da BBC. Oficialmente, seu nome é Felicita

Acredite ou não, isso acontece de verdade e tem sido frequente na República Dominicana, em uma condição que localmente é conhecida como “guevedoces” ou “pênis aos doze”. Esses casos são o tema principal de uma nova série de documentários da rede de comunicação inglesa BBC que está chamando a atenção para a questão.

Geneticamente, essas “meninas” sempre foram homens, mas, por uma falha enzimática, o desenvolvimento da região genital externa é bloqueado e mantém a característica feminina, mesmo que, internamente, o aparelho reprodutor seja o masculino. Mas como e por que isso acontece?

O desenvolvimento do aparelho reprodutor masculino depende da ação de dois hormônios em específico, a testosterona e a di-hidrotestosterona (DHT). Esses, por sua vez, sofrem a influência de uma enzima, mais precisamente transformando o primeiro hormônio no segundo. Se a pessoa possuir uma falha enzimática, a produção de DHT fica prejudicada e isso provoca a condição vista. Essa situação ocorre após a décima semana de gestação, quando, até então, o feto tem a aparência normal de um indivíduo masculino.

Com o excesso de testosterona, os “guevedoces” desenvolvem todo o aparelho reprodutor masculino interno, com próstata, ductos deferentes e testículos, mas, com a ausência de DHT, a parte externa acaba ficando com a característica feminina, ou seja, clitóris e lábios. Há ainda uma cavidade que, por não possuir útero, trompas e ovários, é conhecida como “bolsa vaginal cega”.

Ilustração mostra a diferença entre o sistema reprodutor masculino comum (esq.) e o sistema reprodutor com deficiência de DHT

Dessa forma, a grosso modo, e fisicamente falando, esses indivíduos são “meninos por dentro e meninas por fora”. Assim eles crescem como meninas até a pré-adolescência, quando, com o início da puberdade, passam a produzir altos níveis de testosterona. Isso faz com que, além do engrossamento da fala e do crescimento de pelos faciais comuns à idade, o pênis se desenvolva e a bolsa escrotal apareça.

Logo, os “guevedoces” atravessam o mesmo processo de desenvolvimento de qualquer outro garoto, porém, seu órgão reprodutor, até que cresça, possui o tamanho de um clitóris. Depois desse processo, a maioria acaba se adaptando ao novo corpo masculino.

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