Metade do poder de um remédio pode vir da crença de que ele funciona

08/02/2017 às 03:003 min de leitura

A teoria de que a crença no efeito de um medicamente influencia seu poder não é nenhuma novidade, com estudos sobre o famoso “efeito placebo” sendo realizados constantemente pelo mundo todo. No entanto, um grupo de pesquisadores de Harvard e de outras instituições afirma ter comprovado exatamente o quanto da potência de medicamentos é influenciada pero cérebro: ao menos metade.

O estudo foi feito com dois grupos de pacientes que estavam sofrendo por conta de fortes enxaquecas. Quando a primeira metade tomou uma pílula falsa que acreditava ser um remédio famoso para o mal, eles relataram basicamente a mesma redução de dor do que as parte dos participantes que ingeriram a droga real achando que era um placebo.

“Não houve diferença entre a farmacologia da droga ao reduzir a dor e o medicamento falso disfarçado com palavras positivas”, disse um dos autores do trabalho. “Nós basicamente comprovamos que os termos usados podem até mesmo dobrar os efeitos dos remédios”, acrescentou. E se isso funciona para enxaquecas, deve ter os mesmos resultados para outros males que envolvem experiências subjetivas de sintomas, como asma e dores diversas.

Estudando a crença

Fonte da imagem: Reprodução/Zenitude

Os resultados possuem implicações interessantes tanto para os médicos quanto para os pacientes, porque o que os especialistas dizem sobre um medicamento parece influenciar consideravelmente seus benefícios. O estudo levanta ainda a questão de se as fabricantes deveriam levar em conta as expectativas do público quando testam um novo remédio – pergunta que ajuda a entender por que empresas farmacêuticas financiaram a pesquisa.

O trabalho faz parte de uma série que busca ajudar a decifrar os mistérios do “efeito placebo” e foi conduzido como parte do novo Programa de Estudos de Placebo e Encontros Terapêuticos do Centro Médico Diaconisa Beth Israel e outros hospitais de Boston, nos EUA.

Entre as descobertas do grupo estão que o placebo rivaliza os efeitos do medicamento em pacientes com asma, que pessoas com problemas intestinais sentem melhoras mesmo quando sabem que estão tomando pílulas falsas e que sugestões subliminares podem ativar respostas de placebo.

Dor-alvo

Fonte da imagem: Reprodução/Manchete Atual

A escolha das enxaquecas como alvo de estudo se deu para facilitar a esclarecer os efeitos das expectativas dos pacientes. “Esse tipo de dor é o ideal [para a pesquisa]. Não consigo pensar em outra situação em que uma doença real acontece, desaparece e depois volta novamente”, disse um dos cientistas. Tal característica permitiu que o grupo comparasse as respostas dos pacientes entre si ao presenciar sete ataques sucessivos em 66 cobaias.

Outra vantagem é que há uma droga verdadeira conta enxaquecas, conhecida como rizatritan ou Maxalt, que comprovadamente apresenta resultados superiores ao das pílulas falsas. Os pacientes foram instruídos a não tomar qualquer medicamento após o término de seu primeiro ataque e receberam seis comprimidos para ingerir nas vezes seguintes.

Dois dos envelopes que continham o medicamento vinham com a inscrição “Maxalt”, dois diziam que podia ser o remédio famoso ou um placebo e dois afirmavam que dentro havia um remédio falso. Os participantes então descreveram a intensidade da dor duas horas após tomarem cada medicamento.

Questão de subjetividade

Fonte da imagem: Reprodução/Dicas para perder peso

Os pacientes que não tomaram qualquer uma das pílulas reportaram um aumento de 15% da dor, enquanto os que ingeriram o placebo corretamente rotulado afirmaram sentir 26% menos dores. Os que consumiram Maxalt verdadeiro afirmaram se sentir 40% melhor, enquanto os que usaram o remédio que poderia ser qualquer um dos dois também declararam 40% menos dor.

E quando as cobaias tomaram o Maxalt que estava rotulado como sendo placebo, sua taxa de redução de dor foi estatisticamente idêntica à do remédio falso marcado como sendo da marca famosa. No entanto, o placebo não derrotou o medicamento real quando os pacientes responderam se estavam totalmente livres das dores duas horas e meia após a ingestão, situação em que a droga verdadeira teve resultados quase quatro vezes melhores.

Os pesquisadores acreditam que isso pode ser devido ao fato de que há mais subjetividade em “sentir menos dor” do que em “estar totalmente livre” do incômodo. “Enquanto afirmar se a dor está ou não menor é algo que depende da sua opinião, estar livre dela é uma questão de sim ou não”, concluíram.

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