Artes/cultura
05/04/2021 às 09:00•2 min de leitura
Na prática, o travessão (—) é um verdadeiro mistério para algumas pessoas — mas não precisa ser. Tanto é que já comecei a coluna desta semana empregando exatamente esse sinal de pontuação.
(Fonte: Giphy)
Vou explicar melhor. Na gramática normativa da língua portuguesa, o travessão tem regras específicas de uso, que podem ser resumidas da seguinte maneira:
Exemplos:
Um bom ensino — diga-se mais uma vez — exige a valorização do professor.
Eles dizem — embora ninguém acredite — que são de confiança.
As duas personagens — mãe e filha — tiveram um desfecho marcante na série.
A presença feminina em cargos de liderança representa, obviamente, um passo importante — que deve ser encarado como apenas o primeiro de muitos.
Para mostrar o início da fala de uma personagem, a mudança de interlocutores e a mudança para o narrador por meio de um verbo de elocução — aqueles que anunciam o discurso, como “dizer”, “perguntar”, “responder”, “comentar”, entre outros.
Exemplos:
— Quanto tempo até o Centro? — perguntou a senhora.
— Uns 15 min. — respondeu o motorista.
— Obrigada!
É preciso atenção para não confundir travessão com hífen e meia-risca. Para começar, observe como o tamanho de cada sinal é diferente:
Além disso, os contextos de uso são bem diferentes. Enquanto o travessão segue as regras listadas no início da coluna, a meia-risca deve ser empregada para ligar as extremidades de um intervalo, como em “ponte aérea Rio–São Paulo” e “1970–1998”.
Já o hífen é bem mais frequente, marcando presença em contextos como substantivos compostos (ex.: matéria-prima), palavras formadas por derivação prefixal (ex.: micro-ondas), colocação pronominal (ex.: levá-la), divisão silábica, entre outros.
Até semana que vem!
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Debora Capella, colunista semanal do Mega Curioso, é mestre em Estudos da Linguagem e atua nas áreas de revisão, edição, tradução e produção de textos há 15 anos.