Estilo de vida
06/08/2022 às 05:00•2 min de leitura
Fora as conspirações familiares, hábitos estritos e outros tipos de comportamento, não há muito o que ser dito sobre como era a vida dos 3% que compunham a parcela da nobreza durante a Era Elisabetana, compreendida entre 1558 e 1603, com a ascensão da rainha Elizabeth I ao trono.
É por isso que muitos historiadores focaram em descobrir como era a vida da maioria da população, composta por uma pobreza sem precedentes, um dos traços predominantes da Europa do século XVI e XVII.
No entanto, ainda que separados por uma grande malha composta pela divisão de classes sociais, algumas características os tornaram semelhantes.
(Fonte: Met Museum/Reprodução)
Existiam cerca de 2,8 milhões de pessoas na Inglaterra antes de Elizabeth ascender ao trono, mas ao longo de 5 anos esse número subiu para 4,1 milhões, devido à rápida urbanização das cidades e vilas. Foi nesse período que os comerciantes e artesões prosperaram, desenvolvendo uma nova classe: a classe média, que servia aos interesses do governo urbano e rapidamente escalou até o status de riqueza.
Mas a industrialização e urbanização não beneficiaram a todos, claro. A classe baixa, vivendo em condições miseráveis em bairros imundos e lotados, com esgoto a céu aberto, foi potencializada conforme mais e mais trabalhadores chegavam do campo para tentar a vida na cidade grande.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Muitos deles acabaram sem um teto para morar e entraram para as estatísticas daqueles que tinham ao menos um barraco para chamar de seu. Eles não comiam carne se não fosse em ocasiões muito especiais, tendo uma alimentação regada a pão, ovos e queijos.
O decreto de 1563 instaurado pela rainha, determinando que todos deveriam comer peixe às quartas, sextas e sábados, não só piorou a vida alimentar dos pobres, quanto aumentou vertiginosamente a criminalidade, visto que as pessoas roubavam para isso. Alguns, desesperados de fome, encontraram na prisão uma maneira de conseguir refeições regulares, chegando a passar até 3 meses confinados para poderem se alimentar.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Da classe mais alta até a mais baixa do período, os elisabetanos eram pessoas muito desidratadas, boa parte por falta de opção, graças às impurezas presentes nos suprimentos de distribuição de água local, que poderiam infectar a pessoa com várias doenças ou provocar longas noites no banheiro.
Sendo assim, as pessoas optavam por beber álcool para matar a sede. Os ricos recorriam ao vinho e conhaque, enquanto os pobres apostavam na cerveja para ajudá-los. O hábito regular criou uma resistência muito forte do organismo à embriaguez, considerando também que as bebidas alcoólicas não eram tão fortes quanto atualmente.
Por outro lado, eles sofreram com o comprometimento do fígado pelo excesso de bebida, bem como o comprometimento dos rins, intestino e coração com a falta de água no corpo. O leve torpor causado pela bebida, ainda que em um corpo acostumado, talvez tenha contribuído para que as pessoas sentissem poucas dores de cabeça e tontura, provenientes do esforço dos vasos do cérebro, um dos órgãos que mais demanda água.
(Fonte: Wellcome Collection)
Se ainda no Velho Oeste americano do século XVIII era comum ter dentes apodrecidos, não é de se espantar que na era Elisabetana fosse pior. A saúde bucal dos ricos conseguiu ser pior que a dos pobres, visto que tinham mais acesso a comidas recheadas de açúcar, um produto valioso exportado das Índias Ocidentais e Orientais pelos Tudors.
A obsessão por doce era tão grande que o açúcar foi colocado em molhos para saladas, carnes, conservas e até remédios. O resultado foram dentes corroídos por cáries e um mau hálito que poderia matar qualquer um. Isso disparou uma tendência entre os pobres, que faziam o possível para que seus dentes ficassem destruídos, com o objetivo de parecer, pelo menos um pouco, que desfrutavam da febre que era o produto.