Ciência
07/01/2023 às 12:00•2 min de leitura
A Amazônia é o berço da diversidade ecológica não só do Brasil, mas do mundo todo. Veja só o exemplo dos rios de água turva, que ao mesmo tempo podem causar medo e admiração. Afinal, é nesse habitat que moram animais formidáveis como o boto-cor-de-rosa, algumas das maiores cobras do mundo e também uma criatura completamente assustadora: o candiru.
Esse minúsculo peixe pode parecer completamente inofensivo para quem o vê de fora, mas as aparências enganam. Esperando que algum banhista urine ou defeque na água, essa criatura possui o costume de entrar na uretra ou no reto dos seres humanos e causar um estrago. Ficou curioso para saber mais? Então, veja só cinco fatos que separamos sobre o candiru!
(Fonte: Wikimedia Commons)
O candiru faz parte da família Trichomycteridae, a qual também abriga outras 280 espécies. Eles são categorizados como peixes-parasitas que medem de 5 a 12 centímetros. A maior diversidade dessas criaturas pode ser encontrada dentro da Bacia Amazônica.
Em termos gerais, esses peixes são hematófagas, o que quer dizer que se alimentam de sangue para sobreviver — os mais populares nessa região do mundo. No entanto, também existem alguns candirus que são carnívoros, alimentando-se de microcrustáceos e invertebrados aquáticos.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Um fato curioso sobre o candiru é que ele também pode ser conhecido como peixe-vampiro, uma vez que é rotineiramente encontrado nas brânquias dos grandes bagres. Sobretudo quando um desses peixes maiores está doente, o candiru se direciona para as brânquias, pois ali é onde o sangue circula para a respiração.
Além do sangue, outra coisa que atrai muito esses pequenos animais é a urina. O motivo? Esse líquido deixa um rastro grande na água de odor e gosto, o que facilita para que os candirus consigam rastreá-lo em longas distâncias.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Em um levantamento feito entre 1990 e 2010, pesquisadores registraram apenas dois casos graves com atendimento médico cirúrgico em relação aos ataques dos candirus contra seres humanos — ambos os casos ocorreram na década de 1990. O primeiro caso foi de um rapaz do interior que chegou ao hospital de Manaus com um desses peixes dentro de sua uretra.
O mais delicado, no entanto, foi de uma moça que encontrou o candiru alojado já em seu útero. Para a retirada do animal, foi necessário realizar a "raspagem" do órgão, o que fez com que ela ficasse estéril. Vale ressaltar, contudo, que esse tipo de ataque é bastante raro e o mito sobre esses peixes é muito maior do que a realidade.
(Fonte: Shutterstock)
A técnica de retirada do candiru da uretra foi criada por Anoar Samar, um médico formado pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Em 1997, Samar precisou atender um paciente que estava com um candiru de 12 centímetros de comprimento e 1,5 centímetro de largura entalado em sua uretra.
O sangramento na região era grande e o rapaz não conseguia mais urinar. Então, foi necessário realizar várias lavagens no canal e depois contar com a ajuda de pequenos equipamentos para tirar o animal cirurgicamente. Ao todo, a cirurgia demorou duas horas.
(Fonte: Shutterstock)
Para evitar com que acidentes aconteçam envolvendo candirus na Bacia Amazônica, especialistas costumam recomendar uma série de medidas preventivas para os banhistas. Em primeiro lugar, o essencial é não entrar nu na água e realizar suas necessidades naquele local — seja urinar ou defecar.
Para as mulheres, o ideal é evitar entrar nos rios se estiverem menstruadas, uma vez que o sangue é um atrativo para esses peixes. Um candiru hematófoga não tentará furar sua roupa para entrar no seu corpo, mas pode deixar algumas marcas de mordida na região da perna nem um pouco agradáveis.