Ciência
09/04/2023 às 06:00•2 min de leitura
O nome da alemã Justine Siegemund ficou guardado na história por conta de seus feitos que beneficiaram muitas mulheres. No século XVII, esta visionária lançou o primeiro livro sobre parto escrito por uma mulher. "The Court Midwife" falava sobre a obstetrícia (a especialidade da medicina que cuida da gravidez e do parto) pelo ponto de vista feminino.
A obra criada por Justine Siegemund em 1690 baseava-se na sua experiência enquanto parteira, mas também de sua própria vida. O livro revolucionou a visão sobre o parto e ajudou milhares de mulheres e bebês.
(Fonte: Hulton Archive/Getty Images)
Justine nasceu em Rohnstock, na região da Baixa Silésia. Ela enfrentava um problema de saúde: tinha o chamado útero prolapso, situação em que o útero sai da sua posição normal e tem seus músculos e nervos enfraquecidos. Por conta disso, ela tinha uma sensação muito forte de peso na parte inferior do abdômen. Ao ser avaliada por parteiras, muitas vezes recebeu a indicação errônea de que estava grávida.
Insatisfeita com os tratamentos que recebia, ela resolveu aprender mais sobre obstetrícia. Justine começou a estudar sozinha sobre a questão do parto e começou a ter filhos a partir do ano de 1659.
Aos poucos, ela começou a ficar conhecida por ajudar em partos de mulheres pobres e, com o sucesso, passou a ser chamada também pelas famílias nobres. Em 1701, Justine foi convocada para ser a parteira oficial da corte em Berlim.
(Fonte: Google Doodles/Reprodução)
Após se tornar parteira da corte, sua fama começou a aumentar rapidamente. Ela ajudou a dar à luz a vários bebês da família real e auxiliou no tratamento de tumores de mulheres nobres. Por conta disso, a rainha Maria II da Inglaterra solicitou que Justine Siegemund escrevesse um livro instruindo as demais parteiras.
Até então, havia poucos textos sobre parto – e todos eles eram escritos por homens. Justine atendeu o pedido da rainha e escreveu, em 1690, o The Court Midwife, em que contava os modos pelos quais auxiliava as gestantes.
Algumas das ideias revolucionárias propagadas pelo livro eram a de que era possível dar à luz a bebês saudáveis com 37 semanas de gestação (havia então a ideia de que os bebês precisavam sempre nascer de 40) e de que era importante perfurar o saco amniótico para evitar a hemorragia prévia na placenta.
A obra de Justine também trazia relatos de partos difíceis feitos por ela, como os que ocorriam quando os bebês estavam posicionados no útero de maneira invertida. Ao compartilhar suas experiências, o livro também quebrava o mito vigente na época que os homens eram mais indicados para fazer os partos.
Mesmo assim, The Court Midwife sofreu ataques. Houve quem dissesse que a obra estava espalhando práticas inseguras às gestantes, mas isso não impediu que o livro fosse amplamente consumido e traduzido para outras línguas além do alemão.
Quando Justine Siegemund morreu em 1705, aos 68 anos, um religioso presente em seu funeral fez a afirmação que, durante sua vida, a parteira tinha trazido ao mundo quase 6.200 bebês.