Ciência
23/07/2023 às 06:00•2 min de leitura
Antes restritas aos supermercados, as sacolas plásticas são hoje um dos itens mais comuns encontrados no fundo dos oceanos do planeta. O que faz com que esses itens poluentes permaneçam na natureza é o seu lento processo de decomposição, mesmo em aterros sanitários.
Isso ocorre porque essas embalagens são feitas de polietileno, um tipo de plástico não biodegradável. Dessa forma, elas não podem ser decompostas por micróbios, como os que consomem a matéria orgânica. Até agora, a estimativa para a eliminação desse material era de cerca de mil anos, ou dez séculos, segundo o Centro para a Diversidade Biológica dos EUA.
Só que esse cálculo é apenas uma hipótese. Como a maioria ou a totalidade dos microrganismos não dá conta de comer plástico, esse material acaba sendo fotodegradado pela radiação ultravioleta. No entanto, mesmo depois de aparentemente desintegradas, essas nefastas sacolas deixam para trás uma grande quantidade de microplásticos, que continuam impactando o meio ambiente.
Leia também: Existem microplásticos em nosso cérebro — e agora?
(Fonte: Getty Images)
Como as sacolas plásticas só começaram a ser utilizadas como embalagens a partir da década de 1950, precisaríamos esperar mil anos para observar uma decomposição em tempo real do material não biodegradável. Naturalmente, os cientistas conseguem investigar essa hipótese utilizando testes de respirometria.
Nessa técnica, os materiais são colocados em um solo aerado cheio de micróbios, e a taxa de produção de dióxido de carbono é medida assim que os micróbios decompõem o material. Quando se trata de uma substância orgânica, como restos de comida, os níveis de CO2 aumentam, mas, no caso das sacolas plásticas, essa taxa é zero, pois como os microrganismos não comem, elas ficam intactas.
Dessa forma, a última esperança é que as sacolas sejam consumidas pela exposição milenar à radiação ultravioleta, mas nem isso acontece, pois atualmente elas estão enterradas, ou seja, "protegidas" em aterros sanitários.
(Fonte: Getty Images)
Embora a discussão do impacto ambiental das sacolas plásticas seja normalmente focada apenas em seu descarte, é importante destacar que a sua fabricação demanda cerca de 12 milhões de barris de petróleo por ano, segundo estimativas.
Mesmo quando não são recicladas, sendo reaproveitadas pelos consumidores, esses artefatos plásticos acabam na cadeia alimentar da vida selvagem, indo parar normalmente nos sistemas digestivos de pássaros e peixes.
Nesse cenário cabuloso, limitar o uso das sacolas plásticos é com certeza uma boa ideia. Mas está equivocado quem pensa que isso pode ser feito substituindo-as por sacolas de pano, pois essas ainda têm uma pegada de carbonos significativa. Assim, a saída por enquanto é reutilizar as sacolas que você já tem em casa, de plástico ou de pano, nas tarefas pesadas e inevitáveis.