Artes/cultura
05/08/2023 às 08:00•2 min de leitura
Você já deve ter visto por aí alguns tipos de frutas sem semente. Melancias, uvas, bananas, laranjas, e tantas outras, são criadas para deixar a nossa vida ainda mais prática e saborosa. Mas, se as sementes são necessárias para originar uma nova planta, como elas conseguem se reproduzir quando elas não estão presentes?
Plantas com fruto possuem um sistema bastante complexo de reprodução. A versão resumida desse processo é que o pólen de uma planta masculina fertiliza o óvulo de uma planta feminina. Após a fecundação, o óvulo dará origem à semente, enquanto o ovário se tornará o fruto.
(Fonte: Getty Images)
Porém, existem algumas maneiras de “impedir” a transformação do óvulo em semente. No geral, isso é bastante raro de acontecer na natureza — normalmente tendo origem em alguma mutação genética —, mas pode ser feito de maneira artificial também. Neste caso, a mutação pode acontecer naturalmente, mas também pode ser "criada" em laboratório. Esse tipo de reprodução é chamado na botânica de partenocarpia.
Um exemplo bastante conhecido é o da laranja de umbigo – a famosa laranja Bahia. A ausência da semente nessa fruta surgiu com uma mutação genética aleatória — existem indícios que sugerem que isso aconteceu em um mosteiro brasileiro no início do século XIX. Vendo o potencial de se utilizar essa fruta sem a semente, ramos da planta foram enxertados em outras árvores, permitindo que novas frutas pudessem ser criadas a partir do material genético mutado da planta original. Isso também faz com que todas as laranjas de umbigo sejam clones daquela primeira planta que sofreu a mutação originalmente.
(Fonte: Getty Images)
Mas na natureza as coisas não costumam ser tão simples e para cada regra existem dezenas — às vezes centenas — de exceções. É o caso das melancias e bananas que, por possuírem mais de duas cópias de cada cromossomo, dependem de um processo um pouco mais complexo para gerarem frutas sem sementes.
Os produtores dessas plantas precisam criar variedades com um número ímpar de cópias de cromossomos. No caso das melancias, por exemplo, são cruzadas plantas com duas cópias de cromossomos, com plantas com quatro cópias. Esse cruzamento vai gerar plantas com um número ímpar — criando sementes imaturas (abortadas) — que serão comercializadas, enquanto as demais são usadas para novos cruzamentos.
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Com as bananas o processo é o mesmo, com a diferença que todas as frutas comercializadas possuem três cópias de cada cromossomo. Isso faz com que todas as plantas comerciais se reproduzam assexuadamente. Porém, na natureza ainda é possível encontrar algumas variações com sementes.
Finalmente, uma terceira opção é forçar esse processo nas plantas através do uso de hormônios. Isso acontece com abacaxis, que mesmo possuindo duas cópias de cada cromossomo, podem produzir frutos sem fertilização quando tratados com hormônio.