Artes/cultura
02/12/2023 às 13:00•2 min de leitura
A Austrália é conhecida por abrigar uma impressionante variedade de criaturas venenosas, desde aranhas às cobras, águas-vivas, polvos e formigas. Mas por que esta nação insular possui uma concentração tão notável de animais que mais parecem verdadeiras armas biológicas?
A resposta está em uma jornada fascinante que remonta à formação do supercontinente Gondwana e à subsequente deriva continental.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Há centenas de milhões de anos, a Terra testemunhou a formação do supercontinente Pangeia, uma vasta massa de terra que reunia a maioria dos continentes conhecidos. Pangeia, eventualmente, se fragmentou, dando origem a Laurásia e a Gondwana. O continente Gondwana incluía o que hoje conhecemos como Austrália, América do Sul, África, Antártida, subcontinente indiano e península Arábica.
Há aproximadamente 100 milhões de anos, a Austrália se separou de Gondwana, iniciando um período de isolamento geográfico que moldaria sua fauna de maneira única. Com o isolamento geográfico, as pressões seletivas únicas desse continente favoreceram o desenvolvimento de mecanismos de defesa mais aprimorados.
As criaturas locais evoluíram para sobreviver em um ambiente isolado, resultando em uma concentração notável de características venenosas. Cobras, aranhas e outros animais desenvolveram venenos potentes como resposta à competição por recursos e à necessidade de proteção contra predadores.
Oxyuranus microlepidotus. (Fonte: Getty Images)
Segundo o Guinness World Records, a Austrália não apenas abriga mais espécies de serpentes venenosas do que qualquer outro país na Terra, mas também é casa de nove das dez espécies de cobras mais venenosas do mundo. Isso inclui serpentes famosas, como a taipan-do-interior (Oxyuranus microlepidotus), a cobra marrom oriental (Pseudonaja textilis), a taipan-costeira (Oxyuranus scutellatus), a cobra-tigre (Notechis scutatus) e a cobra-da-morte (Acanthophis antarcticus).
A taipan-do-interior, em particular, detém o primeiro lugar no ranking do Guinness World Records, destacando a notável concentração de periculosidade presente na fauna australiana.
Aranha-teia-de-funil. (Fonte: Getty Images)
A Austrália apresenta uma paisagem diversificada, que vai desde desertos até florestas tropicais, proporcionando uma ampla gama de habitats ecológicos. Esse mosaico de ambientes permitiu que diversas espécies se adaptassem e prosperassem, cada uma desenvolvendo suas próprias estratégias de sobrevivência, incluindo a utilização de venenos.
Entre os exemplos mais marcantes estão: as aranhas-teia-de-funil (Atrax robustus), exclusivas da Austrália e cujas mordidas venenosas podem ser letais para humanos; as formigas bulldog (Myrmecia pyriformis), conhecidas por suas picadas dolorosas que podem causar reações alérgicas; e a vespa-do-mar (Chironex fleckeri), cujo veneno pode ser fatal.
Ao explorar a trajetória desde a Pangeia até a Austrália contemporânea, torna-se claro como o isolamento geográfico desempenhou um papel fundamental na evolução da periculosidade dos animais no continente australiano. Este é um testemunho fascinante da dinâmica constante da Terra, onde o tempo e o isolamento esculpem uma fauna única e notavelmente adaptada.