Artes/cultura
17/03/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 17/03/2024 às 12:00
O assassinato de Grigori Rasputin, o infame "monge louco" da Rússia, serve como pano de fundo para uma história que mistura fatos e lendas. Conhecido por ser um "homem santo e curandeiro", Rasputin era tido como uma pessoa de grande influência na Rússia Imperial.
Por esse motivo, um grupo de nobres russos conspirou para matá-lo em 30 de dezembro de 1916, no porão do Palácio Moika, a residência em São Petersburgo do príncipe Felix Yusupov — um dos homens mais ricos do país na época e marido da única sobrinha biológica de Nicolau II, Irina. O corpo espancado de Rasputin foi descoberto no rio Neva alguns dias depois, mas a intensão de sua morte acabou fracassando.
Na década anterior, Rasputin tinha ascendido rapidamente na sociedade russa, transformando-se de um camponês siberiano para uma das figuras mais proeminentes do círculo íntimo do czar. Ele nasceu em 1869 na aldeia de Pokrovskoye, às margens do rio Tura, onde a Europa encontra a Ásia na Sibéria. Ele parecia destinado a uma vida normal, mas tudo mudou em 1892.
Neste ano, ele abandonou sua família para passar alguns meses em um mosteiro, o que o fez se tornar uma figura famosa internacionalmente. Apesar de seu apelido de "monge louco", Rasputin era um ser de muito carisma que chamou a atenção do clero ortodoxo russo e de membros seniores da família imperial, que o apresentaram a Nicolau II e à sua esposa, Alexandra.
O casal já havia consultado conselheiros espirituais não convencionais no passado, mas Rasputin foi o único que realmente lhes agradou. Ele encorajou Nicolau a ter mais confiança no seu papel como czar, e Alexandra descobriu que seus conselhos acalmavam suas ansiedades. No início da Primeira Guerra Mundial em 1914, Rasputin fornecia conselhos políticos e fazia recomendações para nomeações ministeriais — algo que incomodou muito a elite russa.
Antes de assassinar Rasputin, Yusupov, um aristocrata rico que se casou com alguém da família Romanov, viveu uma vida de privilégios. Inclusive, recebia críticas internas por parte da família imperial por "não fazer praticamente nada". Então, planejar o assassinato de Rasputin deu a Yusupov a oportunidade de se reinventar como patriota e homem de ação, numa tentativa de proteger o trono de uma influência maligna.
Ele e seus colegas conspiradores — aristocratas, em sua maioria — acreditavam que a remoção de Rasputin daria a Nicolau II uma última chance de restaurar sua reputação e o prestígio da monarquia. Dessa forma, após capturado, o Monge Louco foi envenenado, baleado, espancado e afogado em um assassinato completamente brutal.
Para a consternação dos conspiradores, no entanto, a morte de Rasputin não levou a uma mudança radical na abordagem do governo de Nicolau e Alexandra. Inclusive, alguns historiadores afirmam que tal acontecimento apenas acelerou a Revolução Russa, que decretaria mais tarde fim a 300 anos de governo Romanov e levando à morte brutal da família às mãos dos Bolcheviques em 1918.