Ciência
05/06/2021 às 11:00•2 min de leitura
Para grande parte do público, a cultura do cancelamento é um conceito que surgiu recentemente nas redes sociais, e esse ato minimamente questionável foi oficializado como uma forma de crítica a celebridades, influenciadores e outras personalidades de destaque na internet. Porém, a rejeição e os ataques públicos datam de períodos muito mais antigos e trouxeram todo tipo de consequências para pessoas que se posicionavam contra a opressão, ideologias preconceituosas e outras problemáticas.
Confira alguns casos antigos de cultura do cancelamento e conheça um pouco mais sobre como essa iniciativa era aplicada na prática.
O caso mais clássico de cancelamento social é o ostracismo grego, evento que reunia cidadãos de Atenas para votar publicamente em quem eles queriam mandar embora da cidade. Cada eleitor escrevia o nome de alguém em um fragmento de cerâmica, depositava na urna e esperava a contagem atingir 6 mil votos, encerrando um processo que expulsaria um cidadão por 10 anos por qualquer motivo considerado "justo".
O crítico da Igreja sofreu uma enxurrada de discursos de ódio no século XVI, logo após publicar suas próprias teorias sobre a Santíssima Trindade e astrologia e revoltar grupos de todas as religiões existentes. Forçado a fugir da França, Servetus teve um destino trágico e foi capturado e posteriormente queimado vivo em Genebra, sob acusações de heresia.
Entre os anos 1940 e 1950, trabalhadores com visões políticas de extrema-esquerda foram acusados de se infiltrar na mídia norte-americana para impulsionar o socialismo global. Por anos, profissionais foram perseguidos, presos e colocados em uma lista negra, configurando uma caça às bruxas sem precedentes na história moderna de Hollywood.
Percy Julian, o primeiro afro-americano a obter um mestrado em química pela Universidade de Harvard, sofreu para seguir carreira na área por conta da cor de sua pele e foi desprezado em boa parte de sua trajetória, suportando preconceito de ex-colegas, professores e vizinhos, e tendo sua casa constantemente atacada por incêndios e bombas.
Um dos pais da computação moderna e principal decodificador de mensagens nazistas secretas com as máquinas Enigma, Alan Turing sofreu com a opressão da Grã-Bretanha após declarar-se homossexual, vivendo em uma época em que isso era proibido. Condenado a um ano de injeções de estrogênio, o teórico teve seu trabalho contestado e morreu por envenenamento em 1954, com as substâncias sendo administradas por ele próprio.