Ciência
21/02/2022 às 02:00•2 min de leitura
Imagine o seguinte: você está andando pela rua e encontra um cachorro abandonado; então, decide levá-lo para a sua casa. Dá água, comida e uma cama para o cão e, mesmo assim, quando você tenta fazer um carinho nele, ele morde.
Você sente dor. Vê sangue na sua mão. Nesse cenário, existem infinitas possibilidades de reações. Uma delas é revidar a agressão, talvez, batendo no cachorro. Outra é você se deixar levar por uma profunda mágoa, pois o animal demonstrou ingratidão contigo, quando você só deu amor a ele. Contudo, uma das possibilidades é buscar ser racional. Entendendo que há uma gigantesca distância entre a capacidade cognitiva de um cão e de um homem — e que aquele animal só agiu por instinto e por medo.
É provável que a terceira reação seja a de um estoico. Alguém que entendeu que ter uma postura mais racional sobre a vida pode retirar o fardo de existir.
Na Grécia Antiga, um grupo de filósofos definiu que uma pessoa feliz era aquela que não se abalava diante dos revezes da vida. Segundo eles, existe um fluxo natural dos acontecimentos cotidianos, sejam bons, sejam ruins. Diante deles, nos resta ter uma atitude prática e racional. Se conseguirmos isso, teremos uma vida boa.
É claro que não se trata de algo fácil. Nossas emoções são parte do que somos, e cientistas de diversas áreas buscam entendê-las.
Mesmo assim, voltando ao exemplo inicial do texto, qual seria a atitude prática para lidar com a mordida do cão adotado? Provavelmente, lavar o ferimento e ir tomar uma vacina antirrábica. Chutar o cão não resolveria o problema, certo?
(Fonte: Pexels)
Se você achou esse comportamento semelhante aos conselhos dados por Cristo e seus discípulos, saiba que há uma razão para isso. O estoicismo pode ter influenciado o cristianismo, pois os primeiros cristãos surgiram no período greco-romano, sugestionados pela cultura da época.
Aliás, outras religiões, como o budismo, também têm semelhanças com os ensinamentos estoicos.
(Fonte: Pexels)
Buscar uma saída racional diante das adversidades e aceitar que algumas coisas são imutáveis não quer dizer ser passivo diante delas, o que o estoicismo prega é que se retire o emocional da equação e se busque compreender os fenômenos cotidianos.
Por exemplo: diante da pandemia de covid-19, um comportamento passivo seria não se cuidar, já que “todo mundo vai pegar o vírus”. Um comportamento estoico seria aceitar que a pandemia existe e, diante disso, buscar viver de forma coerente com o momento, usando máscaras e se vacinando, pois há argumentos lógicos que defendem essas ações.
O filósofo romano Sêneca é um dos nomes mais famosos do estoicismo. Em seu livro Sobre a Brevidade da Vida, o romano filosofa sobre a existência humana. Você pode procurar o livro na internet e ler os conselhos desse pensador, que viveu em um mundo tão diferente do nosso, mas ainda assim cheio de situações confusas. Você também pode ver o vídeo animado abaixo produzido pelo TED legendado em português.