Artes/cultura
11/08/2022 às 12:00•3 min de leitura
A história moderna da caça às baleias se baseia em dois pontos que a humanidade conhece bem: ganância e excesso. Quando a espécie mais lucrativa foi caçada a tal ponto de se tornar escassa, a próxima entrava na lista, depois a outra e assim por diante. Foi dessa forma que caçamos baleias-azuis, baleias-fin, baleias-sei e baleias-de-minke até não podermos mais.
Como por muitas décadas nada foi feito para proteger esses animais, especialistas ambientais costumam dizer que a pesca baleeira seria mais como mineração sem fiscalização do que uma pesca sustentável.
Baleia-jubarte no mar de Cortez, México. (Fonte: Gettyimages)
O homem primitivo começou a caçar baleias unicamente por necessidade, especialmente nas zonas mais geladas do planeta: a carne e a gordura desses animais conseguiam atender às questões básicas de sobrevivência. Foi assim que a carne de baleia passou a estar presente nas principais refeições de indígenas da Groenlândia, por exemplo.
Esses grupos usavam praticamente tudo de uma baleia: a gordura garantia energia e vitaminas ao corpo, bem como combustível para iluminação. A carne é rica em proteína, ferro e niacina. Os ossos podiam ser usados para construção de ferramentas e trenós.
As baleias integram o grupo de cetáceos com mais de 90 espécies conhecidas. Nem todas estão ameaçadas de extinção, mas, no contexto geral, os cetáceos enfrentam duras ameaças às suas espécies, levando algumas delas à beira do desaparecimento total.
Até a virada do século, as baleias foram caçadas por tudo o que podiam oferecer de forma exaustiva. Somente na década atual é que parte das populações ameaçadas começaram a se recuperar. No entanto, isso não é o bastante.
(Fonte: Gettyimages)
Como era de se esperar, chegou o tempo em que as coisas saíram do “modo sobrevivência” e chegaram às práticas comerciais: quanto mais as pessoas precisassem da gordura e da carne das baleias, mais dinheiro os caçadores ganhavam. E quanto mais dinheiro os baleeiros embolsavam, mais caçavam. Não demorou muito para que isso se tornasse um negócio lucrativo para muitos países.
Aqui, cabe destacar o povo basco. Esse grupo étnico, com raízes na região sudoeste da França e noroeste da Espanha, deu início à primeira operação comercial oficial de caça às baleias. Isso aconteceu por volta do ano 1000. Os principais alvos eram as baleias-franca.
Outros países viram que a prática era lucrativa e desenvolveram seus próprios modelos de caça de baleia. Os ingleses começaram a perseguir as baleias-da-groenlândia em 1611, nos arredores das colônias norte-americanas. O Japão iniciou seu projeto de caça comercial em 1675. Já os estadunidenses começaram a investir pesado na prática em 1712.
Boa parte dos baleeiros comerciais preferiam caçar cachalotes, já que eram mais fáceis de pegar e carregavam muito óleo. Outras espécies, como as baleias-sei, as baleias-fin e as baleias-azuis eram um problema, pois além de grandes, nadavam mais rápido que os navios.
Então, em 1863, o baleeiro norueguês, Svend Foyn, apresentou ao mundo o Spes et Fides, o primeiro navio baleeiro a vapor.
(Fonte: Gettyimages)
Obviamente, com a nova tecnologia as coisas apenas piorariam para as baleias. Além do navio exclusivo, Foyn ainda criou o canhão de arpão: um equipamento que disparava um arpão com explosivos que detonavam dentro da baleia.
Além de empregar dezenas de milhares de pessoas ao redor do mundo, o óleo de baleia estava presente em diversos itens do dia a dia das pessoas, tais como sabão, detergentes, lubrificantes, combustível para luminárias, margarina e até cosméticos. Sem contar a carne.
(Fonte: Gettyimages)
Devido à pressão de ONGs, da sociedade e de entidades ambientais, a maioria dos países proibiu a caça às baleias. Afinal, os riscos de fazer com que esses animais sumissem dos mares não eram poucos e muito menos pequenos.
Contudo, algumas nações, especialmente a Noruega e o Japão, continuam a caçá-las. A explicação é que estão fazendo isso em nome da ciência. Ou seja, capturando baleias para estudá-las cientificamente. Contudo, uma olhada mais atenta permite notar que as “razões científicas” por trás da retomada da caça comercial de baleias, não tem nada de científico.
Normalmente, as baleias capturadas sob esse pretexto acabam em mesas de restaurantes, sendo que, não raro, cada animal pode ter um valor de mercado em torno dos US$ 1 milhão quando destinada para o consumo humano.