Ciência
04/12/2022 às 13:00•2 min de leitura
No início do século XX, a história do herbalista chinês Li Ching-Yuen ganhou as manchetes internacionais. Em uma espécie de "crise de identidade", o homem afirmou ter 256 anos e deu uma série de detalhes sobre sua vida, sugerindo a origem de mais de 180 descendentes em 11 gerações, a realização de mais de 20 casamentos e a aproximação de figuras históricas da China conhecidas por seus feitos extraordinários.
Pouco se sabe sobre a longa vida de Ching-Yuen, porém registros do governo descobertos na década de 1920 indicaram que ele nasceu em 1677 na província de Sichuan, contrariando antigas informações sobre um nascimento em 1736. Segundo ele, seus primeiros cem anos foram dedicados à coleta itinerante de plantas medicinais das florestas e montanhas do país. Posteriormente, problemas físicos o impediram de continuar suas viagens pelas regiões desafiadoras da China.
(Fonte: Wikimedia Commons)
O general chinês Yang Sen, que conheceu Li em 1927, descreveu o homem de longa vida como uma pessoa de “boa visão e passo rápido", bem como alguém com "mais de dois metros de altura, unhas muito compridas e pele avermelhada". Enquanto isso, o senhor da guerra chinês Wu Peifu, ao descobrir a história de seu conterrâneo, passou a acreditar que o segredo da longevidade estava nas montanhas de Sichuan.
Li explicou, de acordo com uma reportagem da Time, que seus hábitos consistiram em décadas se alimentando essencialmente de ervas e vinho de arroz. Além disso, sua tática para "tirar o máximo proveito de cada século” foi controlar sua "calma interior" e a "paz de espírito", acreditando que essas técnicas permitiriam que qualquer pessoa vivesse por ao menos 100 anos. “Mantenha o coração quieto, sente-se como uma tartaruga, ande alegremente como um pombo e durma como um cachorro”, recomendou o bicentenário.
(Fonte: WIkimedia Commons / Reprodução)
Da Liu, um suposto aluno de Li Ching-Yuen mencionado no livro Ancient Secret of the Fountain of Youth, também ofereceu mais detalhes sobre a extensão da vida. “Minha longevidade se deve ao fato de eu ter realizado exercícios todos os dias – regularmente, corretamente e com sinceridade – por 120 anos”, esclarece.
Li afirmou ter 256 anos na época de sua morte, mas não está claro quais e como essas provas conseguem corroborar o fato. Relatos compartilhados por vizinhos e por estudiosos indicam que o homem realmente nasceu em 1677 e apontam até mesmo homenagens feitas pelo governo local para celebrar seus aniversários de 150 anos e de 200 anos. “Os documentos que estabelecem a data de nascimento deste idoso cidadão chinês parecem estar bem autenticados”, comenta um artigo de 1929 publicado pelo Miami Herald.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Apesar disso, ainda há um certo ceticismo em relação à história. As mensagens publicadas em editoriais de jornais afirmam que "ele se parecia muito com qualquer chinês de 60 anos” e declaram que "sua aparência facial não difere das de pessoas dois séculos mais jovens”. Imprecisões também sugerem que Li tenha simplesmente assumido a identidade de um ancestral falecido — algo que explicaria os registros em banco de dados do governo.
Dessa forma, falando de forma autêntica, a francesa Jeanne Calment, que morreu aos 122 anos, segue como a pessoa mais velha e verificada a existir na Terra. Enquanto isso, muito se discute sobre a curiosa longevidade de Li Ching-Yuen, com pessoas acreditando nessa expectativa de vida e outras caracterizando como algo "improvável".