Ciência
16/06/2024 às 14:00•3 min de leituraAtualizado em 20/06/2024 às 12:05
Escolher um destino para viajar nem sempre é uma tarefa fácil. Você precisa pensar no valor da passagem, no custo de alimentação e hospedagem no local escolhido, os pré-requisitos necessários para entrar no país, entre outros detalhes. Porém, em alguns lugares, mulheres precisam levar em consideração até se sua entrada é permitida.
Soa absurdo pensar que, em pleno século XXI, seu gênero pode definir onde você é autorizada ou não a entrar, mas há espaços em que isso é considerado normal, seja por aspectos relacionados à cultura ou à religiosidade.
O que talvez torne a situação mais esquisita é que grande parte dos destinos proibidos são Patrimônios Mundiais da UNESCO.
Patrimônio Mundial da UNESCO desde 1988, o Monte Athos é composto de uma comunidade de cerca de 20 monastérios ortodoxos orientais. Por mais de um milênio, peregrinos e monges cristãos ortodoxos se reúnem nestes monastérios e em seus arredores, localizados na península norte da Grécia. Conhecida como "Montanha Sagrada", o espaço é fechado à entrada de mulheres e a qualquer animal fêmea, com exceção de gatas, desde o ano de 1046.
De acordo com as tradições locais, mulheres dificultariam que os monges mantivessem seus votos de celibato. Sob a perspectiva religiosa, a tradição ortodoxa prega que o Monte Athos pertence à Virgem Maria e, por isso, seu solo sagrado não deve ser visitado por nenhuma outra mulher.
Proibidas de entrar no Monte Omine há mais de mil anos, mulheres contestam o impedimento e solicitam junto ao governo local o fim do banimento. Esse afastamento possui ligação com a menstruação, ilegal em rituais, e com uma suposta distração que representariam aos peregrinos do sexo masculino.
Também considerado Patrimônio Mundial da UNESCO, desde 2004, o Monte Omine é repleto de templos e santuários xintoístas e budistas, que atraem visitantes ilustres, como a família imperial japonesa. Localizado na ilha de Honshu, oferece uma paisagem montanhosa lindíssima.
Herbertstrasse é nome de uma pequena rua na cidade alemã de Hamburgo em que mulheres não podem entrar – a não ser que elas sejam trabalhadoras do sexo. O local fica em uma região conhecida como distrito da luz vermelha, uma das mais famosas do mundo. A Herbertstrasse é uma pequena rua lateral, repleta de luzes de neon e janelas em que garotas de programa se exibem seminuas.
O acesso é feito passando por uma barreira metálica em que a entrada de mulheres é terminantemente proibida. Esse movimento começou em 1933, quando os nazistas chegaram ao poder, como uma estratégia para controlar o trabalho sexual e o vício em bebidas, isolando quem fosse contra a moral dos alemães comuns.
Pleiteando ser reconhecido pela UNESCO, o Parque Nacional Band-e-Amir, no Afeganistão, é como uma espécie de Grand Canyon no Oriente Médio. Localizado na província de Bamiyan, é o primeiro parque do gênero no país, formado por 320 quilômetros de lagos, penhascos e represas naturais. Mas toda essa beleza não pode ser vista por mulheres desde que os talibãs retornaram ao poder no Afeganistão em 2021.
O parque se tornou proibido para mulheres porque, segundo o novo governo, elas violaram leis sobre "modéstia". Infelizmente, o Parque Nacional de Band-e-Amir é um dos muitos lugares aos quais as mulheres afegãs deixaram de poder frequentar desde que o talibã tornou a governar o país.
Quem vê a Ilha de Okinoshima do alto nem imagina que aquele local, que guarda três santuários dedicados às deusas do mar, proíbe a entrada de mulheres. Parece um contrassenso, já que por mais de mil anos os peregrinos que iam à ilha levavam presentes, como espelhos, moedas e anéis de ouro para homenagear as deusas.
Patrimônio Mundial da UNESCO, a ilha é administrada por sacerdotes xintoístas, que só permitem a entrada de homens após eles se banharem na água do mar. Os responsáveis explicam que a proibição de acesso às mulheres é por questões de segurança, em virtude dos perigos que a ilha guarda.