Saúde/bem-estar
02/10/2024 às 15:00•2 min de leituraAtualizado em 02/10/2024 às 15:00
Chocolate, ginseng, ostra, álcool, pimenta, abacate, flores... a verdade é que, com um pouco de vontade, tudo pode ser considerado afrodisíaco. Esse é o nome dado para as substâncias que supostamente aumentam o desejo sexual, o comportamento e o prazer.
O termo vem do grego aphrodisiakon, que quer dizer "pertencente a Afrodite", a deusa do amor. Mas como será que eles surgiram? E será que realmente esses produtos têm toda essa potência?
Ao longo dos séculos, vários alimentos, medicamentos e outras substâncias foram apontados como tendo certo poder afrodisíaco. Na verdade, eles podem ser agregados em três grandes grupos: as substâncias com efeitos fisiológicos; as que causam efeitos psicológicos; e, por fim, aquelas cuja ação é baseada em "magia", rituais ou no bom e velho efeito placebo. As duas primeiras, claro, são as que podem ser estudadas pela ciência.
Os primeiros registros de rituais afrodisíacos vêm dos antigos egípcios, que viam o deus Osíris e sua esposa Ísis como fontes de vida e fertilidade. Havia, por exemplo, um costume de lamber o óleo da estátua de Osíris para curar a impotência. No Egito, também se acreditava nos poderes do lírio azul e de uma mosca chamada Cantárida. Hoje se sabe, por exemplo, que o lírio contém compostos semelhantes à sildenafila, que é usada na produção do Viagra.
Outros alimentos, como aspargos, bananas, pepinos, morangos, cenouras e especialmente ostras, levaram a crença de serem afrodisíacos por uma razão aparentemente boba: sua semelhança com a genitália masculina ou feminina. No século 18, por exemplo, o famoso libertino italiano Giacomo Casanova consumia até 40 ostras antes de uma sessão de sexo – e também as ofertava às suas amantes. Aliás, os frutos do mar, em geral, ganharam essa fama devido ao próprio mito grego de Afrodite, que teria nascido da espuma do mar.
De fato, os afrodisíacos foram variando ao longo dos séculos. Por vezes, eles surgiam por conta de suas conexões mitológicas. Mas substâncias raras e exóticas também poderiam ser consideradas estimulantes do desejo. Quando o comércio com o Oriente explodiu, perto do fim da Idade Média, os mercados europeus passaram a receber novas especiarias — como açafrão, gengibre, pimenta-do-reino, cominho, cravo, ginseng e baunilha — que logo começaram a fazer parte das receitas de tônicos sexuais.
Outro produto bastante cobiçado era o âmbar cinza, material formado pelas fezes de cachalotes e que costuma ser chamado de “ouro flutuante”. Com altas propriedades como fixador de perfumes, ele também era muito usado por Casanova. Em suas memórias, ele descreve uma receita de creme de chocolate com infusão de âmbar cinza e baunilha.
Vários afrodisíacos antigos vinham de extratos retirados de glândulas de animais. O Kama Sutra, por exemplo, apresenta uma receita que recomenda ferver testículos de cabra ou carneiro em leite doce. Os ovos e testículos de vários pássaros também foram muitas vezes prescritos para esse fim, assim como o seu cérebro (havia a crença até então que o esperma era gerado lá).
Por fim, é importante lembrar também dos anafrodisíacos, que têm efeito contrário: eles deprimem ou impedem o desejo sexual. Entre eles, estão algumas substâncias bem brasileiras, como o inocente coentro (que favoreceria o desempenho mental, mas também seria capaz de reduzir o apetite sexual), o lúpulo, a manjerona, a cânfora e a mirra. Mas se você gosta de qualquer um desses produtos, vale lembrar do princípio básico da farmacologia: a diferença entre veneno e remédio é apenas uma questão de dose.