Físicos criam modelo para tentar explicar as zebras do Brasileirão

12/11/2013 às 07:072 min de leitura

Quando o assunto é futebol, aqueles que acompanham o Campeonato Brasileiro sempre têm algum tipo de palpite sobre quem poderá levar o título no final da temporada. Muitos baseiam seus prognósticos na qualidade dos jogadores — e, consequentemente, dos times —, mas nem sempre os favoritos acabam chegando à final, e não é raro que o resultado seja uma enorme zebra.

De acordo com a Revista FAPESP, foi pensando nisso que físicos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul decidiram criar um modelo computacional para tentar explicar a enorme aleatoriedade dos campeonatos de pontos corridos, que é o formato adotado pelo Brasileirão. O estudo dos pesquisadores apontou que, embora as diferenças entre as habilidades das equipes sejam importantes, o que mais se destaca mesmo é o elemento-surpresa.

No sistema de pontos corridos, não há eliminatórias. As 20 equipes participantes disputam um total de 38 jogos, enfrentando os adversários em duas ocasiões — uma em casa e a outra na casa do oponente. Cada vitória rende três pontos, enquanto o empate vale apenas um, e não se ganha nada com as derrotas. A equipe que somar mais pontos ao final da temporada vence o campeonato.

Primeiro modelo

Fonte da imagem: shutterstock

Em um primeiro momento, os físicos avaliaram a pontuação de cinco Brasileirões e de campeonatos nacionais europeus ocorridos entre 2006 e 2011, e com base em um fenômeno aleatório da Física — a difusão de moléculas de um soluto em um solvente —, criaram um modelo que gera competições virtuais com as mesmas propriedades estatísticas dos campeonatos de pontos corridos.

Assim, nesse primeiro modelo cada molécula representava uma equipe, e o deslocamento das partículas representava o progresso dos times no decorrer da competição por meio de vitórias, empates e derrotas. Contudo, esse modelo não deu muito certo, e os físicos logo perceberam que a pontuação do Brasileirão refletia outro fenômeno físico aleatório — a superdifusão —, no qual a probabilidade de vencer ou não se altera ao longo da competição.

Ajustes

Fonte da imagem: pixabay

Os físicos então incorporaram o fato de que as condições mudam — ocorrem demissões, trocas de técnicos, de jogadores, lesões etc. —, e o modelo foi ajustado para levar em consideração o potencial de vitória das equipes, baseado nas habilidades de dois times disputando um jogo. Neste novo modelo, em caso de empate, o potencial das equipes permanecia constante, enquanto aumentava em caso de vitória e diminuía se ocorresse a derrota.

Desta vez, a simulação apresentou resultados mais parecidos aos da estatística acumulada dos últimos cinco campeonatos brasileiros, especialmente porque no caso do Brasileirão a maioria das equipes começa a competição com o mesmo potencial de vitória. Além disso, nenhum time se destaca dos demais por muito tempo, devido à constante venda de jogadores a times estrangeiros.

Brasileirão x campeonatos europeus

Fonte da imagem: Reprodução/Wikipédia

O mesmo resultado não foi observado no caso dos campeonatos italiano e espanhol, nos quais determinadas equipes — como o Barça e o Real Madrid ou o Milan e o Internazionale, por exemplo — sempre apresentam uma média de gols superior à dos demais times. É por isso que, segundo os físicos, normalmente são sempre as mesmas equipes que vencem os campeonatos por lá.

De qualquer forma, com seus devidos ajustes, o modelo reproduz de modo geral como a colocação das equipes evolui ao longo do campeonato, e os físicos pretendem aplicá-lo para simular o desempenho de times específicos e, então, descobrir quais seriam as chances de que acabem vitoriosos. Além disso, a simulação pode ajudar a explicar dúvidas dos torcedores e até mesmo solucionar questões relacionadas aos esportes com base na ciência.  

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