Ciência
08/07/2013 às 10:56•3 min de leitura
Datado do século 15, o manuscrito Voynich é um dos livros mais misteriosos que os cientistas já tentaram decifrar. No entanto, uma notícia do Discovery News aponta que os pesquisadores podem estar perto de descobrir o que está escondido nas mais de 240 páginas do manuscrito.
Depois de intrigar linguistas e especialistas em criptografia por um século, análises de computador revelaram que as páginas enigmáticas escondem uma mensagem genuína. O estudo analisou os traços indecifráveis e, a partir daí, foi possível extrair uma série de “palavras” que podem servir como ponto de partida para entender o restante do conteúdo do livro.
Marcelo Montemurro, físico teórico da Universidade de Manchester, na Inglaterra, utilizou um método de estatísticas computadorizadas para analisar grandes trechos do texto. Mantendo maior atenção nos padrões de organização das palavras, a análise resultou em agrupamentos de termos encriptados como “shedy”, “cthy”, “chor”, “quotedy” e “quokeey”.
Segundo o pesquisador, a identificação dessas palavras é fundamental para o restante da análise. Isso porque os pesquisadores acreditam que, em qualquer texto, o emprego de certos termos com uma frequência maior do que a média pode indicar o tipo de tópico que é discutido.
Fonte da imagem: Reprodução/The Voynich Manuscript
“Em termos estatísticos, isso significa que as palavras que definem os assuntos do texto acabam sendo usadas em padrões de agrupamento. Por outro lado, termos que não estão relacionados a nenhum tema específico – como as palavras funcionais ‘ou’, ‘e’, ‘a’ – têm um índice de uso mais uniforme”, explica o pesquisador.
O cientista acredita que, se essas palavras forem realmente códigos, esse método de pesquisa pode revelar dicas sobre as palavras-chave que estão diretamente relacionadas aos termos centrais do manuscrito. Também foi possível notar que a organização das palavras é complexa e segue uma lógica compatível com as línguas reais.
Considerado um dos mistérios mais intrigantes que jamais foi solucionado, o manuscrito recebeu esse nome por causa de Wilfrid Voynich, que encontrou o material próximo a Roma em 1912. Na época, acreditou-se que o livro teria pertencido a Rudolf II, o imperador de Habsburg, na Áustria, no século 16. Após a datação por radiocarbono ficou comprovado que o códice foi escrito no século 15.
Estima-se que o manuscrito tenha 250 mil caracteres organizados em grupos que se assemelham a palavras e sentenças, sendo que alguns lembram letras do alfabeto latino e outros se parecem com os números romanos. O restante não equivale aos caracteres de nenhuma língua conhecida.
Fonte da imagem: Reprodução/Wikipedia
Além dos textos, desenhos de plantas, símbolos astrológicos e elaborados esquemas fizeram com que os estudiosos separassem o material em cinco categorias: ervas, astrologia, biologia, farmacologia e receitas.
“Apesar do inegável aspecto de um códice medieval, a origem, o propósito e o conteúdo do manuscrito Voynich continuam a ser um grande mistério”, conta o pesquisador Marcelo Montemurro.
As especulações ainda sustentam que o documento seja obra de uma seita religiosa secreta, o único registro de uma língua esquecida, um código secreto indecifrável ou a receita para o elixir da vida.
Embora a ciência esteja mais perto de desvendar um dos maiores mistérios de todos os tempos, ainda existem pessoas que acreditam que o manuscrito Voynich não passa de uma farsa que teria sido criada por John Dee, um matemático e astrólogo inglês.
Fonte da imagem: Reprodução/History of Information
Ainda, em 2003 o cientista da computação Gordon Rugg teria demonstrado que as semelhanças presentes no texto poderiam ter sido geradas a partir da grelha de Cardano – um mecanismo de criptografia inventado por volta de 1550. No entanto, Montemurro segue defendendo que nenhum dos métodos falsos de produção de códigos existentes alcançaria o nível de complexidade estrutural do códice de Voynich.
“Os métodos de grelha e tabela propostos por Gordon Rugg que teriam sido usados para criar a farsa datam de cerca de 1550. No entanto, a datação por radiocarbono aponta que o manuscrito de Voynich foi escrito entre 1404 e 1438”, finaliza o pesquisador.