Ciência
17/10/2016 às 10:02•4 min de leitura
Você já deve ter ouvido falar a respeito do Manuscrito Voynich, retratado acima, certo? Nós já falamos sobre esse enigmático livro aqui no Mega Curioso — você pode conferir uma das matérias através deste link —, mas, basicamente, se trata de um livro do século 15 com 240 páginas repletas de figuras e textos redigidos em um idioma (ou código) que jamais foi decifrado. Mas esse não é o único manuscrito misterioso que intriga especialistas mundo afora! Confira mais cinco deles a seguir:
Redigido em etrusco, um idioma usado em uma região que hoje corresponde à península itálica, o Liber Linteus Zagrabiensis — ou “Livro de Linho de Zagreb” em latim — é o único livro escrito em linho de que se tem notícia, assim como o texto mais extenso em etrusco já descoberto no mundo. O manuscrito se encontra em exposição em um museu da cidade de Zagreb, na Croácia, daí o seu curioso nome.
Faixas de linho contendo texto em etrusco
O documento de tecido — escrito em tinta vermelha e preta — foi utilizado para envolver uma múmia de aproximadamente 2,2 mil anos encontrada no Egito em meados do século 19. O livro consiste em um texto com cerca de 13 mil palavras distribuídas em aproximadamente 230 linhas que, por sua vez, se repartem em uma dezena de colunas verticais redigidas sobre um pedaço de linho dividido em 20 requadros retangulares.
Contudo, como apenas umas 1,2 mil palavras continuam legíveis, os cientistas não conseguiram decifrar completamente o texto. Atualmente, o consenso é de que o Liber Linteus seja um calendário ritualístico, embora as menções aos meses só apareçam a partir da sexta coluna do manuscrito.
Essa é a múmia que se encontrava envolta no Liber Linteus
Com relação à explicação de como um documento etrusco foi parar no Egito, os especialistas explicaram que, na época em que o corpo da múmia foi preparado, o comércio já havia se espalhado por todo o Mediterrâneo, e era comum que diversos materiais fossem reutilizados para envolver cadáveres ou produzir máscaras funerárias. Assim, não era incomum que itens produzidos na Itália circulassem por outras paragens.
O Códice de Dresden é um antigo texto Maia com cerca de 800 anos que “apareceu” na Real Biblioteca de Dresden, na Alemanha, no século 18. O manuscrito consiste em 39 páginas ricamente ilustradas e redigidas na frente e no verso e, ao que tudo indica, ele traz registros das diferentes fases do planeta Vênus, presumivelmente para que os maias pudessem planejar diferentes cerimônias e rituais.
Parte do Códice de Dresden
Ninguém sabe como é que o códice foi parar na Alemanha, já que a maioria dos textos maias (infelizmente) foi destruída pelos colonizadores e missionários cristãos na tentativa de eliminar as crenças pagãs daqueles povos. De qualquer forma, pesquisas recentes apontaram que os maias celebravam um elaborado conjunto de eventos e rituais conectados com o comportamento de Vênus e provavelmente usavam o códice como uma espécie de calendário.
O Massekhet Kelim — ou “Tratado dos Vasos” em tradução livre — é um antigo texto hebraico que não só revelaria a localização de diversos tesouros do Templo do Rei Salomão, como traria informações sobre o que teria acontecido com a Arca da Aliança, uma espécie de baú descrito na Bíblia e que guardaria, entre outras coisas, as tábuas que contêm os Dez Mandamentos.
Ilustração mostrando a Arca da Aliança
Até onde se sabe, a cópia mais antiga do Massekhet Kelim data de meados do século 17 e, segundo James Davila, um professor da Universidade de St. Andrews, na Escócia, que traduziu e estudou o texto, ele traz uma série de considerações — e deduções — do autor a respeito da possível localização dos tesouros.
De acordo com Davila, tudo indica que o autor do texto se baseou na interpretação das sagradas escrituras e em lendas para determinar onde os objetos podem ter sido escondidos. Além disso, o professor acredita que a pessoa que redigiu o tratado possivelmente abordou o tema mais como uma obra de ficção e, portanto, mais do que servir como um guia para aspirantes a Indiana Jones, o Massekhet Kelim não passa de entretenimento.
Encontrado em uma caverna em Khirbet Qumran, no Deserto da Judeia, o Manuscrito de Cobre é um dos famosos Manuscritos do Mar Morto descobertos em 1952. O artefato foi produzido por volta do ano 70, ou seja, na época em que os romanos lideraram um cerco à cidade de Jerusalém e o Segundo Templo foi destruído.
Produzido em cobre, ele é um dos Manuscritos do Mar Morto
Os textos presentes nesse curioso artefato revelam detalhes de uma longa lista de tesouros — incluindo moedas e inúmeros objetos de ouro e prata — que teriam sido removidos do templo antes de sua destruição e escondidos pelos hebreus. No entanto, como jamais qualquer dos itens descritos no manuscrito foi encontrado, existe um forte debate entre os pesquisadores sobre a real existência deles ou se tudo não passa de mito.
O manuscrito que você pode ver na imagem a seguir conta com 20 páginas redigidas em copta, um antigo idioma que floresceu no Egito por volta do século 3. Conhecido como Manual de Feitiços, o documento foi produzido há cerca de 1,3 mil anos e traz uma série de encantamentos e fórmulas mágicas — incluindo invocações para curar para diversas doenças e “mandingas” para atrair o amor — e até instruções de como realizar um exorcismo. Confira:
Sua origem ainda é desconhecida
Segundo os pesquisadores que traduziram o manual, ele faz referência a uma figura misteriosa chamada “Baktiotha” — cuja identidade ainda é desconhecida — e possivelmente foi escrito por um grupo de antigos cristãos seguidores do Setianismo, uma seita agnóstica que guardava forte respeito por Seth, o terceiro filho de Adão e Eva.
Apesar de o manuscrito ter sido traduzido, sua origem permanece desconhecida. O Manual de Feitiços foi adquirido no início dos anos 80 pela Universidade Macquarie, na Austrália, de um negociante de antiguidades de Viena, na Áustria, e atualmente se encontra em exposição no Museu de Culturas Antigas em Sydney.