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10/03/2018 às 09:00•5 min de leitura
Antro de criminosos? Camadas baixas? Local cheio de vírus? Essas e outras essas e outras descrições tornaram a Deep Webum assunto extremamente complexo e popular entre várias pessoas ao redor de todo o mundo. Mas, uma coisa é certa: o Google não sabe de tudo.
Primeiramente, para que não haja dúvidas futuras quanto a termos, hoje vamos separar a internet em partes: Surface, Deep e Dark. Pode ser que existam mais, mas entender o conceito dessas três já é suficiente para que a confusão na utilização dos nomes seja minimizada.
Todo mundo já ouviu a metáfora do iceberg: uma pequena parte pode ser vista por todos, enquanto mais da metade está escondida embaixo d’água. Com a internet, é praticamente a mesma coisa.
A Surface Web – superfície, em português – é toda a parte da internet indexada, possibilitando que os canais de busca (Google, Bing, entre outros) encontrem o domínio, e todo o público tenha acesso livre às informações lá postadas – a menos que seja preciso um login ou senha, é claro.
Os mais estudiosos sobre o tema afirmam que a Surface Web corresponde a apenas 4% de toda a informação existente na internet. Portanto, você que acessou essa matéria está navegando nela. Sem grandes riscos, não precisa se preocupar!
A partir de agora, começamos a abordar o que está por baixo do que podemos ver. Muitas pessoas acham que na Deep Web só encontramos informações perturbadoras e criminosas, sendo um antro de criminosos na internet. Existe? Sim. Mas não é totalmente assim.
Diferente da Surface Web, a Deep é composta por sites não indexados, portanto não é possível encontrá-los nos canais de busca, como o Google. O que isso significa? Que as informações presentes lá só podem ser acessadas se você realmente desejar. Logo, vale a famosa máxima: quem procura acha!
É possível dizer que a Deep Web tem uma parte que está embaixo dos nossos narizes e a gente só não sabe porque não usa lentes especiais para vê-los (ou seja, não conhecemos seus endereços). Mas há também aqueles que estão um pouco mais profundos.
Quem acessa essa parte da Deep Web, na maioria dos casos, utiliza redes criptografadas, que ocultam a sua identidade, como o Tor, o i2p e o FreeNet. Esses softwares funcionam como os mais famosos navegadores (Chrome, Firefox, Edge, entre outros), mas com a diferença de que as informações de IP e dados do usuário são escondidas por eles. Mas calma, vamos explicar depois como eles funcionam.
É bem importante mencionar: os sites registrados por aqui usam servidores um pouco diferentes do que estamos acostumados a ver. Para começar, os domínios “.tor” são completamente independentes do ICANN – que é o órgão responsável por apontar para o mundo inteiro qual DNS fica cada domínio de topo.
A maioria das pessoas que acessam a Deep Web não procuram se envolver em situações ilegais, apenas não desejam ser encontradas. Lá, existem todos os tipos de informações, boas – muito boas – e ruins – péssimas, mesmo. Aí vai de o usuário saber o que quer e onde está clicando.
Agora, chegamos à parte responsável pela maioria dos mitos sobre a Deep Web. A Dark Web é aquela área na qual podemos encontrar as informações e situações com que o cidadão de bem prefere não se envolver.
Na zona escura da internet, a criptografia é extremamente complexa, permitindo que apenas usuários avançados – ou curiosos “sortudos” – consigam chegar até ela. A maioria dos seus domínios não fazem o menor sentido, sendo cheios de letras e números aleatórios.
Aí voltamos às redes ocultas: Tor; i2p e FreeNet. De acordo com algumas pesquisas, a maior delas é a Tor.
Sem nomenclaturas que apenas dificultam ainda mais a compreensão do assunto, vamos a um rápido resumo:
• Primeiro nível: internet comum, que pode ser acessada por qualquer pessoa e que é indexada pelos motores de busca;
• Segundo nível: internet comum, que pode ser acessada por qualquer pessoa, mas não é indexada pelos motores de busca;
• Terceiro nível: internet restrita, que necessita a alteração de proxy para ser acessada;
• Quarto nível: internet mais restrita, que demanda a utilização de navegadores com distribuição de acesso (.Tor);
• Quinto nível: internet “secreta” (não confirmada), que exige a alteração do hardware para que as comunicações ocorram.
Tor – The Onion Router, ou roteador cebola, em português – é um software livre que cria uma cadeia de redes abertas, que permitem ao usuário navegar de forma oculta – criptograda – na internet. A origem do programa é um projeto financiado pelos Estados Unidos, que pretendia utilizá-lo para transmitir informações sigilosas.
A rede pública de Tor é caracterizada por ser “.onion”, diferente da Surface, que utiliza o “.com”, na maioria das vezes. Ela funciona da seguinte maneira: quando o usuário entra em um domínio – de qualquer tipo –, o pedido passa por vários servidores, criando uma grande teia, o que torna rastreamento praticamente impossível.
As outras duas redes mais famosas funcionam de maneira parecida com a da Tor. No caso do i2p, o protocolo usado para criptografar as informações do usuário são em UDP (User Datagram Protocol) e NTCP (NEESgrid Teleoperation Control Protocol), diferente do mais famoso, que se utiliza de TCP (Transmission Control Protocol) e UDP.
A rede i2p é mais rápida que a Tor e considerada, por muitos, mais segura.
Já a FreeNet é bem diferente das outras, visto que não utiliza proxy algum, mas sim uma rede de compartilhamento de informações, o que faz com que os dados sejam criptografados automaticamente. Essa rede é famosa por ser considerada “limpa”, pois permite que o usuário a libere dados com segurança.
Finalmente, chegamos à conclusão da grande questão. A diferença entre Dark e Deep Web é que uma faz parte da outra. A Deep Web é composta por todo domínio não indexado – que não é encontrado nos buscadores comuns. Já a Dark Web é uma pequena parte da Deep Web, na qual podem ocorrer crimes e compartilhamento situações e informações ilegais, como comercialização de drogas, negociações com hackers e assassinos, pornografia infantil e demais delitos.
Aí entramos em outra polêmica: como é realizado o pagamento dessas coisas? A resposta é complicada, porém gira em torno dos Bitcoins – e, atualmente, outras moedas de difícil rastreio. Mas isso já é assunto para outra conversa.
Vale lembrar que esta matéria não tem como objetivo ensinar, promover ou convencer qualquer leitor a tentar entrar na Deep ou na Dark Web, mas sim elucidar as diferenças e tentar desmistificar algumas histórias sobre elas. Mas uma coisa é senso comum: a internet é gigantesca e dificilmente a conheceremos por completo.