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Manuscrito Voynich: nem inteligência artificial consegue decifrá-lo

20/09/2019 às 03:003 min de leitura

Ao contrário do que muitos pensam, Wilfrid M. Voynich não é o autor do manuscrito de letras elegantes que leva o seu nome, e sim o livreiro que o comprou, em 1912. Não se sabe ainda se o Manuscrito Voynich é um livro de bruxarias, receitas culinárias ou um manual sobre ervas medicinais. Com desenhos bizarros de plantas, grávidas nuas banhando-se em líquidos verdes e signos astrológicos, jamais ninguém o decifrou – nem mesmo uma inteligência artificial.

Quando esta é aplicada ao texto, a pesquisa geralmente é rejeitada logo depois por não fazer nenhum sentido (ou a inteligência artificial não é tão inteligente como pensávamos que era em tradução).

Desenhos de raízes e plantas não identificadas enchem as páginas do manuscrito. (Fonte: Getty Imagens/Universal History Archive)

Uma das últimas tentativas aconteceu em 2016, quando o professor de ciência da computação Greg Kondrak e o estudante Bradley Hauer, da Universidade de Alberta (Canadá) computaram o texto, mas somente alguns aspectos, como a frequência com que as letras aparecem e quais combinações são as mais frequentes. Em tese, eles poderiam comparar o manuscrito aos idiomas existentes e, assim, encontrar uma correspondência.

Como base, eles usaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos, escrita em 380 idiomas. Não foram usadas redes neurais ou aprendizado profundo; os algoritmos se baseavam na análise estatística das línguas modernas, o que já se mostrou inusitado, já que o manuscrito foi escrito no século XV. 

O mistério permanece

Ao publicarem um artigo, a dupla divulgou ter descoberto que o idioma de origem do Manuscrito Voynich era hebraico, porteriormente codificado. Muita gente se perguntou como eles chegaram a essa conclusão, já que a IA não havia sido treinada para esse idioma em sua forma arcaica.

Mesmo que os algoritmos apontassem para um idioma, eles não puderam avaliar a probabilidade de cada correspondência. Isso significa que realmente não se sabe se o texto estava em hebraico. Kondrak e Hauer assumiram que o manuscrito era um anagrama, significando que as letras em cada palavra foram embaralhadas, o que permitiria maior liberdade na interpretação do texto – ou seja, ele pode ser um livro de bruxarias, receitas culinárias ou um manual sobre ervas medicinais.

Um operador de controle de qualidade da editora espanhola Siloe trabalha na reprodução do códice manuscrito em Burgos, Espanha. (Getty Images/Cesar Manso)

Usar inteligência artificial para desvendar o mistério do Manuscrito Voynich – e ela falhar miseravelmente – levanta outra questão: a inteligência artificial tem dificuldade em entender completamente as complexidades da linguagem humana. Para o cientista-chefe da empresa sul-coreana de inteligência artificial Mind Ai, John Doe, há uma grande diferença entre o processamento de linguagem natural, um subconjunto de inteligência artificial e o que ele chama de “linguagem natural do raciocínio."

Segundo ele escreveu no Medium, o processamento da linguagem natural se baseia em treinar o computador para manipular a linguagem humana, e isso depende de algoritmos de aprendizado de máquina e de redes neurais. Isso acontece, por exemplo, quando o usuário de celular conversa com a Alexa ou a Siri, ou quando ele aprende como terminar suas frases (como no Gmail).

O livreiro Wilfrid M. Voynich em sua loja no Soho, Nova York, por volta de 1899. (Fonte: Wikipedia Commons/Domínio público)

Mesmo sendo boa no que faz no dia a dia, para John Doe a IA “jamais alcançará o domínio da linguagem, porque os algoritmos não sabem o que estão fazendo". Ou seja, a IA precisaria ter inteligência humana genuína para entender o contexto, o tom e o significado do que é dito. E isso inclui desvendar o mistério oculto nas páginas do Manuscrito Voynich.

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