Timothy McVeigh: o jovem terrorista de Oklahoma

26/02/2021 às 15:004 min de leitura

Antes que ele pudesse ser chamado de Tim Tuttle, Daryl Bridges e Robert Kling pelo Departamento Federal de Investigação (FBI),  chamava-se Timothy James McVeigh, o seu nome verdadeiro. Nascido em 23 de abril de 1968, em Lockport, Nova York (EUA), ele foi criado pelo pai na cidade de Pendleton e sofreu bullying desde cedo.

A sua adolescência foi marcada por seu retraimento social, desaparecendo com qualquer rastro da criança extrovertida que um dia ele foi e surgindo um súbito interesse por computadores. Com seu Commodore 64, ele foi nomeado o “programador de computador mais promissor” da Starpoint Central High School, apesar de seu baixo desempenho.

Foi nesse mesmo período que McVeigh foi apresentado às armas de fogo pelo seu avô. O vasto conhecimento e a posse de algumas delas o motivaram a levá-las para o colégio algumas vezes, em mínimas tentativas de tentar impressionar os demais garotos de sua idade e se enturmar com eles. A partir disso, foi uma sequência de fatos.

As armas

(Fonte: Pinterest/Reprodução)
(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Quando concluiu o Ensino Médio em 1986, McVeigh já era defensor do direito de armar a população e se tornou obcecado por qualquer tipo de armamento. Ele até tentou carreira acadêmica, porém a necessidade de estar em uma posição de poder o fez largar o curso e se tornar segurança de carros blindados só por ter o prazer de carregar um revólver.

Finalmente, em maio de 1988, o jovem decidiu seguir carreira militar se alistando no Exército dos Estados Unidos. A essa altura, McVeigh compactuava com pensamentos de teor extremistas o suficiente para que o fizesse usar uma camiseta escrita “White Power”, em suposta oposição ao movimento “Black Power” que os militares negros usavam no batalhão. O seu racismo se manifestou depois que ele foi promovido a sargento e passou a caluniar os soldados negros, delegando trabalhos considerados humilhantes.

(Fonte: Oxygen/Reprodução)
(Fonte: Oxygen/Reprodução)

Enquanto isso, seu vasto conhecimento sobre armas de fogo, táticas de tiro e explosivos o levou a ser escalado para a Operação Tempestade no Deserto, mais conhecida como a Guerra do Golfo de 1990. Foi lá que McVeigh teve o prazer de poder matar sem piedade, voltando para a casa com diversas honrarias, incluindo uma medalha do Serviço de Defesa Nacional.

O maior sonho desse homem era ingressar nas Forças Especiais, porém ele foi reprovado na segunda etapa do exame de seleção e decidiu deixar o exército em 1991.

A reviravolta

(Fonte: Reddit/Reprodução)
(Fonte: Reddit/Reprodução)

Não tem como saber exatamente o que "virou o interruptor" na cabeça de McVeigh e alterou os seus pensamentos, principalmente contra o governo, porém os psicólogos levaram em consideração a frustração dele sobre ter falhado no exame das Forças Especiais.

McVeigh se afundou em literatura antigovernamental, passando a fazer críticas e contestações severas à política dos Estados Unidos. Ele usava como uma espécie de “bíblia” o romance antissemita e racista Turner Diaries, que relata uma revolução violenta nos EUA que leva à queda da Constituição, seguida por uma guerra nuclear e racial que extermina todos os que não são brancos. 

Sem residência fixa, trabalhando em um emprego ruim e sem nenhuma habilidade social, McVeigh se afundou em dívidas de jogo que não tinha como pagar. A revolta dele piorou quando ele recebeu uma carta do governo alegando que ele havia recebido US$ 1.058 a mais enquanto estava no exército e que precisava devolver a quantia aos cofres públicos.

Cerco de Waco. (Fonte: HSDL/Reprodução)
Cerco de Waco. (Fonte: HSDL/Reprodução)

“Vá em frente, pegue tudo o que eu possuo. Tome minha dignidade! Sinta-se à vontade enquanto você engorda e fica rico às minhas custas, sugando meus dólares de impostos e propriedade”, escreveu o homem em uma carta que enviou para o gabinete federal.

Em abril de 1993, McVeigh se mudou para uma fazenda em Michigan, onde morava seu antigo amigo Terry Nichols. Enquanto aprendia a fazer explosivos com materiais químicos de forma doméstica, ele ficou obcecado pela operação federal Cerco de Waco, que aconteceu no complexo da seita Ramo Davidiano de David Koresh, no Texas, e culminou na morte de 76 pessoas.

Com o desaparecimento de evidências e outras controvérsias do caso, McVeigh se convenceu de que o governo orquestrara uma chacina e, portanto, decidiu que se vingaria do sistema de uma vez por todas.

O atentado

(Fonte: Britannica/Reprodução)
(Fonte: Britannica/Reprodução)

McVeigh anunciou a seu amigo Michael Fortier, com quem passara um tempo no Arizona, que tinha planos de explodir o prédio federal da Agência de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF), responsável pelo Cerco de Waco. Ele chegou a escrever uma carta à organização advertindo que “os tiranos filhos da puta vão ter o que merecem um dia por suas ações traiçoeiras contra a Constituição dos EUA”.

Em 1994, o governo impôs novas restrições acerca do uso de armas de fogo por civis, o que fez McVeigh se sentir ultrajado e ameaçado porque trabalhava em festivais de vendas de armas, de onde tirava seu sustento.

Em 19 de abril de 1995, aos 27 anos, McVeigh estava pronto para tirar seu plano do papel e colocá-lo em prática. Com a ajuda de Nichols, ele construiu um dispositivo explosivo ANFO na traseira de um caminhão Ryder alugado, que consistia em 2,3 mil quilos de nitrato de amônia e nitrometano.

(Fonte: PennLive/Reprodução)
(Fonte: PennLive/Reprodução)

Bem cedo, naquele dia, ele dirigiu até o complexo do governo federal Alfred P. Murrah Federal Building, no centro de Oklahoma, e estacionou bem em frente à face norte do prédio de 9 andares. Às 9h02, McVeigh apertou o detonador, e a explosão avassaladora destruiu metade do edifício, matando 100 pessoas na hora, incluindo 19 crianças em uma creche que havia no 2º andar, aprisionando mais de 600 pessoas entre os escombros e afetando 300 prédios nas imediações.

Duas semanas depois, quando o resgate das vítimas terminou, o número de mortos foi atualizado para 168.

Invictus

(Fonte: NewsOk/Reprodução)
(Fonte: NewsOk/Reprodução)

Timothy McVeigh só foi pego em 21 de abril daquele ano por meio de uma testemunha que o viu na cena do crime instantes antes e ajudou a polícia na confecção do retrato falado. Terry Nichols, cúmplice do terrorista, entregou-se às autoridades logo em seguida.

Antes de ser julgado, em 10 de agosto de 1995, a declaração de McVeigh para a mídia sobre o atentado foi fria e causou horror: “Para essas pessoas em Oklahoma que perderam um ente querido, sinto muito, mas isso acontece todos os dias”, confessou ele. “Você não é a primeira mãe a perder um filho, nem o primeiro avô a perder um neto. Acontece todos os dias em algum lugar do mundo. Não vou entrar naquele tribunal, deitar em posição fetal e chorar só porque as vítimas querem que eu faça isso”, ele declarou.

O terrorista foi indiciado por 11 crimes, incluindo 8 acusações de homicídio. O laudo psiquiátrico concluiu que ele sofria de transtornos depressivos, narcisista e de personalidade esquizotípica. Ele foi condenado à morte por injeção letal.

(Fonte: News Break/Reprodução)
(Fonte: News Break/Reprodução)

“Eu lamento que essas pessoas tenham perdido a vida, mas essa é a natureza da besta”, disse o criminoso, pontuando que seu arrependimento era não ter destruído totalmente o prédio. No dia de sua execução, em 11 de junho de 2001, Timothy McVeigh disse que suas últimas palavras seriam do poema Invictus de William Ernest Henley, que fala sobre uma missão a cumprir.

No entanto, às 7h14, o responsável pelo maior atentado terrorista doméstico da história resolveu não dizer nada e apenas encarar com um olhar desafiador o teto enquanto o coquetel letal entrava em seu organismo. Mas, provavelmente, em sua mente ele repetia os versos do poema, reforçando que era “o senhor do seu destino”, o “capitão de sua alma” e agradecendo por sua “alma indomável” — convicto de que tinha tomado a atitude certa.

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