Ciência
18/04/2013 às 12:28•2 min de leitura
Na década de 30, o arqueólogo alemão Wilhelm Konig descobriu em um vilarejo próximo a Bagdá, no Iraque, um misterioso vaso de argila de 13 centímetros de altura, contendo um cilindro de cobre que encerrava uma barra de ferro. O artefato mostrava sinais de corrosão, e testes realizados na peça revelaram a presença de alguma substância ácida, possivelmente vinagre ou vinho. Em outras palavras, o arqueólogo havia encontrado uma antiga pilha.
Fonte da imagem: Reprodução/World Mysteries
No entanto, o mais curioso é que o objeto foi datado em aproximadamente 200 anos antes de Cristo e, afinal, para que as pessoas de 2 mil anos atrás precisariam de uma pilha?! No total foram encontradas cerca de 12 baterias, e mesmo depois de tantas décadas desde o seu descobrimento, elas continuam intrigando os pesquisadores e gerando muitas discussões.
Existem muitas controvérsias envolvendo as pilhas, começando pela própria descoberta dos artefatos. Há poucos registros sobre as escavações, que foram pobremente documentadas pelo arqueólogo alemão. Portanto, até hoje não existe um consenso se Konig coletou os objetos do tal sítio arqueológico ou se os encontrou nos porões do Museu de Bagdá, depois de ter se tornado diretor da instituição.
Fonte da imagem: Reprodução/BBC
A idade das baterias também é discutida, já que o estilo dos vasos pertenceria a um período posterior — entre 225 e 640 d.C. —, tornando os objetos muito mais “jovens” do que o apontado por Konig. No entanto, a maior discussão mesmo fica por conta da utilidade dos misteriosos objetos, pois simplesmente não existe qualquer registro histórico que se refira a eles. Teriam os persas antigos algum conhecimento sobre os princípios da eletricidade?
Fonte da imagem: Reprodução/World Mysteries
Independente das discussões sobre onde foram encontradas e se os antigos tinham conhecimento suficiente para fabricá-las, o fato é que as baterias eram capazes de conduzir uma corrente elétrica, fato comprovado por diversas réplicas criadas por pesquisadores em todo o mundo.
Embora ninguém saiba dizer ao para que eram empregadas, as réplicas indicam que as baterias eram capazes de produzir voltagens entre 0,8 e quase 2 volts. E mais: se fossem conectadas — apesar de nunca terem sido descobertos fios condutores entre os artefatos, infelizmente —, as baterias poderiam produzir voltagens bem mais altas.
Fonte da imagem: Reprodução/Museum of Ancient Inventions
Há quem acredite que as baterias fossem utilizadas pelos antigos médicos persas para tratar a dor através de pequenos choques. Outras teorias apontam que os objetos poderiam ter sido empregados na galvanização de superfícies metálicas, para embelezar joias, produzir moedas ou outros itens. Existe também a hipótese de que os artefatos ficassem escondidos em estátuas ou ídolos religiosos de metal, dando pequenos choques em quem os tocassem.
Contudo, nenhuma divindade de metal que pudesse conter as baterias jamais foi encontrada, e não existem registros confiáveis sobre a réplica do suposto processo de galvanização em laboratório. Portanto, a não ser que alguém invente uma máquina do tempo que nos permita voltar e conferir para qual finalidade as baterias de Bagdá eram utilizadas, elas continuarão sendo um dos maiores mistérios arqueológicos do mundo.