Estilo de vida
11/07/2014 às 03:58•5 min de leitura
No início do século passado, Cuba chegou a ser conhecida como “Ilha Paradisíaca”. Sim, isso certamente se devia também às belas praias, à arquitetura colonial, ao clima predominantemente agradável e à incrível riqueza cultural do país. Não obstante, o título também revela parte do que construiu uma história a ferro, fogo, balas e rebeldes tornados ícones nacionais, dando à República Cubana a sua atual forma.
À primeira vista, esta que é a maior ilha do Mar do Caribe pode parecer um lugar paradoxal, quase um “absurdo histórico”. Afinal, a terra comandada há mais de 50 anos pela longeva família Castro tem, certamente, um dos melhores sistemas de saúde e ensino do mundo. Entretanto, para se deslocar à escola ou ao hospital mais próximo, é provável que você precise utilizar um carro tão velho que parece se movimentar por intervenção divina.
Além disso, as paisagens durante o percurso podem revelar alternâncias de mansões e prédios antigos em ruínas — formando um cenário pitoresco, dentro do qual algumas famílias esperam há vários anos para cair nas boas graças das reformas conduzidas pelo estado.
Todavia, pegue o rumo da casa de espetáculos mais próxima, e é provável que você encontre o grosso da população se deleitando com verdadeiros festins culturais: balé, música clássica, peças de teatro. Tudo a preços praticamente simbólicos. E não apenas isso: os próprios artistas no palco possivelmente tiveram todo o incentivo de que precisaram para desenvolver sua arte à excelência. E também é possível fumar ali o que é considerado como o melhor charuto do mundo.
Como se vê, uma terra de paradoxos — os quais se esvaem, mesmo que em parte, quando se observa mais de perto a tecitura da História.
Talvez seja impossível compreender o cenário pitoresco de Cuba sem remontar aos primeiros movimentos históricos que deram forma ao país tal como é hoje. (Não se preocupe, isso vai ser rápido, promessa).
Após sua “descoberta” pelo navegador Cristóvão Colombo, ao final do século XV, Cuba permaneceu como uma colônia da Espanha por vários séculos. Isso até que, no início do século XX, um vizinho — com um belo senso de oportunidade — lhe estendeu a mão, oferecendo ajuda contra o jugo espanhol.
Após o apoio dos Estados Unidos da América, entretanto, Cuba acabou por ver novamente o seu sonho de soberania ser adiado. Isso porque os Estados Unidos acabaram por acrescentar uma controversa “nota de rodapé” na constituição do país à época.
Por meio da famigerada Emenda Platt, Cuba foi obrigada a se dobrar às vontades do vizinho poderoso. Como consequência, o país acabou se tornando um verdadeiro paraíso... Para quem vinha de fora. Milionário, políticos, mafiosos (“O Poderoso Chefão 2”, alguém?) e naipes afins experimentavam uma terra de prazeres e luxos, enquanto que os habitantes legítimos do país se encontravam à deriva com o desemprego e o analfabetismo. Então, a página foi novamente virada.
Entre os anos de 1953 e 1959, a chamada Revolução Cubana se fortaleceu sob o lema de devolver o Cuba aos cubanos. Como resultado, em 1° de janeiro de 1959 o governo do ditador Fulgencio Batista era derrubado, dando lugar ao regime socialista que prevalece até os dias de hoje. Como consequência, ocorreram reformulações radicais nos sistema de educação e de saúde — ao mesmo ritmo em que os latifundiários viam suas terras tomadas e divididas entre o povo em pequenas propriedades.
“Por que há tantos médicos em Cuba?” A resposta salta à vista: o ensino no país é, até hoje, inteiramente gratuito para a população, desde a pré-escola até a faculdade. De acordo com dados do governo cubano, o analfabetismo, antes um problema de maior monta, foi praticamente erradicado do país. Mas haveria um contragolpe.
Após tirar Fulgencio Batista do governo, a administração pós-revolução acabou por conseguir uma preciosa ajuda de um dos gigantes à época: a União Soviética. Naturalmente, isso apenas fez piorar a imagem de Cuba nos EUA.
Como consequência, os Estados Unidos impuseram o embargo comercial, até hoje em vigência, o que dificultou enormemente as negociações de Cuba com o restante do globo. De fato, a coisa apenas piorou com a dissolução da USSR.
Portanto, a grande maioria dos “bólidos” que se vê circulando ainda hoje pelas ruas da capital Havana datam do período pré-revolução — tais como o clássico modelo Chevrolet Bel Air 1958, talvez um exemplar abandonado por um estrangeiro que deixava o país às pressas após o estopim revolucionário. E isso não se restringe aos carros: boa parte do maquinário industrial do país vem sendo consertado e reconsertado há décadas.
A fama dos charutos cubanos é bem mais antiga do que se poderia imaginar. De fato, produto foi grandemente responsável por um dos primeiros movimentos em favor da independência do país.
Durante o século XVIII, a Espanha passou a exigir o monopólio na comercialização do tabaco cubano — já que este era cada vez mais valorizado no mercado internacional. Isso deixou terrivelmente descontentes os produtores de tabaco, os chamados vergueiros, dando origem à chamada Insurreição dos Vergueiros.
Mas, é claro, não é preciso saber desses detalhes para se deleitar com um Montecristo ou um Cohiba. De acordo com especialistas, a qualidade dos charutos cubanos se deve tanto à tradição do país quanto a características do solo e do clima. As marcas cubanas são divididas entre Marcas Globais, Marcas Multilocais, Marcas de Nicho e Marcas Locais.
Um dos locais mais pitorescos e historicamente relevantes de Cuba se situa na província de Ciudad de La Habana. A Cidade antiga de Havana e suas fortificações foram declaradas Patrimônio Mundial em 1982.
A fortaleza Castillo de los Tres Reyes Magos del Morro (ou simplesmente Castillo del Morro) é um dos pontos mais pitorescos de Cuba, e certamente vale a pena dar uma passada. O local foi construído em 1589 pelo Império Espanhol, a fim de proteger a região de Havana.
O mausoléu de Che Guevara guarda os restos mortais do revolucionário e de 29 de seus companheiros combatentes na cidade de Santa Clara — onde há também um monumento ao revolucionário, uma estátua com aproximadamente 7 metros de altura.
Com desenho nitidamente inspirado no Capitólio dos Estados Unidos, o Edifício do Capitólio Nacional, em Havana, serviu como sede do governo de Cuba após a tomada do poder pelos revolucionários em 1959. Atualmente, o local é sede da Academia Cubana de Ciências.
Embora seja oficialmente um estado laico, a maioria da população de Havana é católica. A construção da imagem acima é da chamada Catedral de la Virgen María de la Concepción Inmaculada de La Habana... Mas pode chamar de Catedral de Havana mesmo. A construção é sede da arquidiocese da cidade.
Esta região serrana de Cuba foi um centro ativo de operações e acampamentos dos rebeldes e três guerras de independência contra a Espanha (século XIX) e também da célebre guerra revolucionária que derrubou o ditador Fulgencio Batista. Trata-se da mais elevada cadeia de montanhas do país — sendo o Pico Turquino o ponto mais alto.