Ciência
20/09/2021 às 12:00•2 min de leitura
Ao optar pela realização de um parto normal, a mulher pode experimentar profundas alterações em seu organismo após a saída do bebê, com muitos desses impactos estando relacionados à operação da episiotomia, que consiste em um pequeno corte no períneo (entre a vagina e o ânus) para facilitar a saída da criança e evitar danos maiores à região. Porém, uma prática polêmica e considerada antiética pode trazer ainda mais problemas para as pacientes: o chamado "ponto do marido".
Sem o consentimento da mulher, médicos especialistas realizam um procedimento final após o parto, dando um ponto além do necessário para deixar a abertura vaginal mais fechada, a fim de aumentar a satisfação sexual do marido. Essa ação, que configura como uma prática de violência obstétrica e indicador do caráter essencialmente paternalista da medicina moderna, é fortemente negada por profissionais humanizados, que afirmam não trazer benefício algum para as mulheres.
“Lembro-me de ter ouvido comentários na sala de parto, tanto na Alemanha como na Espanha, de que ‘por via das dúvidas, é bom suturar um pouquinho mais’, com indiretas que deixavam claro que isso era feito em prol do prazer do homem nas futuras penetrações. Lembro do calafrio, das risadas absurdas ou incômodas entre a curiosidade e a vergonha. Como quando acontece algo que é comumente aceito, mas no fundo você sabe que está errado”, explicou a parteira Claudia Kaiser.
(Fonte: Healthline / Reprodução)
Segundo reportagem do The Intercept, os resultados desse método incluem dor e ardência durante os atos sexuais, chegando a comprometer não somente a sensação de prazer, mas a própria região feminina. Assim, além de causar lesão em nervos, incontinência urinária ou fecal e perda da elasticidade normal da vagina, o "ponto do marido" pode indicar a intensificação de males emocionais e psicológicos oriundos do parto.
Segundo o Código de Ética Médica, a realização de procedimentos cirúrgicos sem autorização do paciente configura como crime de lesão corporal e de constrangimento ilegal, violando o artigo 146 do Código Penal. Além disso, a legislação resguarda as mulheres de alterações e omissões de informações sobre metodologias aplicadas que possam trazer traumas e maiores problemas à gestante.
Em relação à episiotomia, técnica que praticamente é protocolo no Brasil, muitas mulheres julgam como um corte com grandes possibilidades de trazer danos irreversíveis, devendo apenas ser utilizado em casos extremos ou urgências clínicas.