Artes/cultura
17/02/2022 às 02:00•2 min de leitura
É nítido que a pandemia de covid-19 introduziu diversos assuntos nas conversas cotidianas. Um desses assuntos é a necessidade de “fortalecer o sistema imunológico”.
Houve até quem defendesse que o ideal era ficar doente logo, pois, assim, o corpo produziria anticorpos e a pessoa poderia voltar a ter uma vida normal.
Estamos caminhando para o terceiro ano de pandemia e já entendemos que essa estratégia é muito ruim. Contudo, quais serão os outros mitos que precisam ser derrubados quando o assunto é o nosso sistema imunológico?
O sistema imunológico não é um exército que precisa ser fortificado com o que há de mais letal no combate de doenças. Ele é um poderoso sistema de inteligência e processamento de dados.
Imagine o seguinte: o sistema imunológico de uma pessoa foi “fortalecido”. Agora, ele atacará com violência qualquer agente causador de doenças que ousar entrar no seu organismo. Contudo, sem a devida instrução, esse exército, cheio de boas intenções, pode declarar uma guerra pesada a qualquer coisa que ele não entender como saudável.
Isso geraria uma série de incômodos. Imagine ter febre sempre que tomar um iogurte, pois o sistema imunológico encontrou bactérias na bebida? Com um sistema imunológico “mais forte”, você correria o risco de lidar com sintomas desagradáveis diariamente — simplesmente por estar vivo.
Aliás, quando o sistema imunológico não consegue identificar um agente causador de doença de forma eficiente, nós temos um cenário propício para as doenças autoimunes.
As doenças autoimunes são um grupo de doenças que têm em comum o fato de serem causadas pelo próprio sistema imunológico do paciente. Elas são divididas em dois tipos: as sistêmicas e as síndromes locais.
As doenças autoimunes sistêmicas atacam vários órgãos da pessoa, causando falhas em sistemas inteiros. Um exemplo desse tipo é a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) que causa danos ao sistema nervoso. Já um modelo de síndrome autoimune local é a colite ulcerosa, doença inflamatória que acomete o intestino.
(Fonte: Gustavo Fring/ Pexels/ Reprodução)
As vacinas fornecem ao sistema imunológico informações sobre o agente causador da doença. Assim, quando a pessoa tiver contato com, por exemplo, um determinado vírus, o seu organismo reagirá de forma mais adequada, minimizando os riscos de a pessoa vir a óbito ou ter sequelas graves.
É claro que o efeito da vacinação é mais complexo do que isso, mas o que queremos que você entenda é que a forma mais eficiente de ajudar o seu sistema imunológico é dando a ele informações sobre uma doença e não “fortalecendo-o”.
É verdade que contrair algumas doenças fornece essas informações, como é o caso da catapora. Contudo, isso pode ser perigoso com doenças cujos efeitos a longo prazo desconhecemos, como a covid-19.
A busca pelo fortalecimento do sistema imunológico pode estar por trás do crescimento da procura por polivitamínicos. Em 2020, o faturamento desse setor teve alta de 66% na comparação com 2019. O destaque foi a procura por vitamina C. Empresas que comercializam esse produto viram as receitas crescerem 137% em 2020.
(Fonte: Reprodução Mega Curioso)
Mas ingerir vitaminas sem receita médica pode ser como jogar dinheiro fora. O nosso corpo não faz estoques de vitaminas — ele elimina aquilo que não precisa pela urina. Quer ajudar o seu sistema imunológico a ser mais saudável? Tenha uma alimentação normal rica em nutrientes e pratique exercícios físicos.