MMS: a falsa promessa de cura do autismo

Anunciada como "Solução Mineral Milagrosa", ou MMS no acrônimo em inglês, uma substância que andava sumida das redes sociais voltou a ser divulgada como uma cura "milagrosa" para o autismo, câncer e outras condições. De acordo com a plataforma Canal Autismo, os vídeos têm circulado em comunidades de pais através do Instagram, reacendendo falsas esperanças. 

Na semana passada (12), o jornal O Estado de S. Paulo divulgou uma nota em sua seção "O Estadão Verifica" na qual afirma que é falsa a afirmação contida no vídeo que afirma que o MMS teria a capacidade de “curar autismo e qualquer tipo de câncer”. A substância é uma “solução de dióxido de cloro imprópria para consumo, classificado pela Anvisa como um produto corrosivo”, alerta a publicação.

Em um vídeo no YouTube divulgado há quatro anos (veja abaixo), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já alertava que o MMS é "uma solução de dióxido de cloro, não tem aprovação como medicamento em nenhum lugar do mundo; sua ingestão traz riscos imediatos e a longo prazo".

O que é o MMS?

De acordo com o site do dr. Draúzio Varella, embora seja vendido como medicamento, o produto está mais para uma água sanitária. Isso porque sua composição química — clorito de sódio 28% e ácido clorídrico 4% — resulta em dióxido de cloro (ClO2), usado como agente oxidante, desinfetante e alvejante em algumas aplicações, como descolorir a polpa da celulose para fazer papel, por exemplo.

O produto foi criado pelo americano Jim Humble, ex-membro da Cientologia e que se autoproclama como "um deus de um bilhão de anos da galáxia de Andrômeda". Hoje, ele é arcebispo da chamada Church of Bleach, algo como Igreja do Alvejante, ou da Água Sanitária.

Desde 1990, o "religioso" alega ter curado diversos amigos garimpeiros que contraíram malária com o MMS. A partir daí, resolveu utilizar a solução para tratar também vários tipos de câncer, aids, hepatite, trombose e autismo, entre outras doenças.

Jim Humble, criador do MMS e da Igreja da Água Sanitária (Church of Bleach).

Autismo não tem cura

Segundo a mais recente revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento, ou seja, uma condição permanente que não tem cura. Dessa forma, os autistas são atualmente reconhecidos juridicamente como "pessoas com deficiência" pela lei brasileira n.º 12.764, de 27 de dezembro de 2012.

Para o Ministério da Saúde do Brasil, o TEA é “um distúrbio caracterizado pela alteração das funções do neurodesenvolvimento do indivíduo, interferindo na capacidade de comunicação, linguagem, interação social e comportamento”.

Embora, ao longo da vida, as manifestações se intensifiquem ou se tornem mais leves, isso não significa que a pessoa esteja curada.  Conforme especialistas, as variações de intensidade dependem dos estímulos que a pessoa recebe e de características individuais.

Autismo não é doença.