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28/07/2023 às 09:00•2 min de leitura
Um adolescente com deficiência visual causada por condição genética rara voltou a enxergar após ser submetido a um tratamento experimental com colírio desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Miami, nos Estados Unidos. O caso foi revelado na segunda-feira (24) pela Associated Press.
O cubano Antonio Vento Carvajal tem epidermólise bolhosa distrófica, uma doença genética que impede as células de produzirem um tipo específico de colágeno. Com a falta desta estrutura essencial, a pele se torna extremamente sensível ao toque, facilitando a formação de bolhas e feridas em todo o corpo.
Como o colágeno também é um componente importante da córnea, a sua ausência propicia o surgimento de bolhas nos olhos. Em alguns casos, como aconteceu com o garoto de 14 anos, as cicatrizes cobrem os globos oculares, podendo levar à cegueira.
(Fonte: Universidade de Miami/Divulgação)
Denominada Vyjuvek, a terapia genética para epidermólise bolhosa distrófica é um gel tópico com capacidade de prevenir a formação de bolhas à medida que a pele cicatriza. Para o tratamento do adolescente, foi desenvolvida uma versão em colírio, aplicado diretamente nos olhos.
Aprovado em maio pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, o Vyjuvek traz, em sua fórmula, o vírus da herpes inativado, que é responsável por fornecer cópias funcionais do gene que auxilia na produção do colágeno 7. Essa proteína mantém unida a córnea e a pele.
Para tratar a cegueira causada pela “pele de borboleta”, como a epidermólise também é conhecida, o menino cubano passou primeiro por uma cirurgia que retirou tecido cicatricial do olho direito, no ano passado. Participando do ensaio clínico, ele começou a usar a versão em colírio após o procedimento, simultaneamente à aplicação do gel em sua pele.
(Fonte: Universidade de Miami/Divulgação)
Usando o colírio uma vez a cada 30 dias, Antonio tem apresentado melhorias constantes, de acordo com o professor de oftalmologia Alfonso Sabater, líder do estudo. As cicatrizes causadas pela doença não surgiram mais e ele voltou a enxergar do olho direito, apresentando uma acuidade visual considerada quase perfeita pelos profissionais.
No início de 2023, os mesmos procedimentos foram feitos no olho esquerdo do jovem, que tem apresentado resultados semelhantes. Mesmo ainda não tendo recuperado 100% da visão, o adolescente já se sente seguro para andar sozinho e jogar videogame com os amigos.
Os resultados apresentados pelo adolescente que voltou a enxergar após usar o colírio de terapia genética deixaram os pesquisadores bastante animados. Eles já planejam usar a fórmula para tratar outras doenças, fazendo a modificação do gene codificado pelo vírus inativado.
De acordo com Sabater, a troca do gene permitiria tratar, por exemplo, a distrofia de Fuchs, que atinge a córnea e pode levar à perda parcial da visão. Cerca de 18 milhões pessoas têm esse problema nos EUA e seriam beneficiadas com o novo tratamento.