Artes/cultura
28/02/2024 às 14:00•2 min de leitura
Os ensaios clínicos de segunda fase utilizando nanocristais de ouro administrados por via oral para tratar a esclerose múltipla e a doença de Parkinson produziram resultados promissores, indicou um novo estudo feito por pesquisadores do Instituto do Cérebro Peter O'Donnell Jr. Segundo o relatório, o tratamento restaurou metabólitos ligados à atividade energética crucial no cérebro que estão esgotados nestas condições neurodegenerativas.
O cérebro depende de um fornecimento contínuo de energia na forma de trifosfato de adenosina (ATP) para alimentar suas funções de repouso e de estado ativo. Ao corrigir esse desequilíbrio energético, isso poderia ajudar a retardar o declínio neurológico e talvez até desencadear uma recuperação parcial para estes pacientes.
(Fonte: GettyImages)
Em comunicado oficial, o autor do estudo Dr. Peter Sguigna demonstrou satisfação com os resultados apresentados até aqui e pregou calma. “Estamos cautelosamente otimistas de que seremos capazes de prevenir ou mesmo reverter algumas deficiências neurológicas com esta estratégia”, disse.
Se esta visão se concretizasse, o estudo teria o potencial de ser um fator de mudança para milhares de pessoas afetadas pela neurodegeneração. Por exemplo, a Fundação Parkinson estima que quase um milhão de pessoas nos EUA vivem com essa doença e poderiam ser ajudados com esse novo tipo de tratamento.
Uma das características do Parkinson e da esclerose múltipla é um declínio rápido e grave no metabolismo energético do cérebro. Um cérebro saudável requer um fornecimento contínuo da molécula de energia do corpo ATP. À medida que envelhecemos, as atividades celulares ficam mais lentas e há menos ATP disponível para o cérebro utilizar. No caso das doenças neurodegenerativas, isso acontece ainda mais rapidamente.
(Fonte: GettyImages)
Sguigna e seus colegas fizeram parcerias com a biofarmacêutica Clene Nanomedicine, que estava desenvolvendo um tratamento com nanopartículas de ouro que poderia ser administrado por via oral. O tratamento experimental que passou a ser utilizado nos ensaios clínicos foi denominado CNM-Au8. Ao todo, 24 pacientes foram recrutados para o experimento: 11 com esclerose múltipla e 13 com Parkinson.
Após exames de base para avaliar indicadores do metabolismo energético cerebral, eles tomaram uma dose diária de CNM Au-8 durante 12 semanas. Coletivamente, no final do ensaio, os pacientes observaram um aumento médio de 10,4% nos seus índices metabólicos, demonstrando que o tratamento estava surtindo o efeito pretendido. Os níveis de ATP também normalizaram durante os testes, com os pacientes de Parkinson relatando melhorias em alguns dos sintomas motores associados à doença.
É importante ressaltar que nenhum dos participantes relatou efeitos adversos graves. Sguigna descreveu os resultados como encorajadores, mas alertou que são necessários mais estudos sobre o tema. Como próxima etapa, os pesquisadores devem continuar recrutando participantes para verificar se as descobertas podem ser repetidas em pessoas com a forma progressiva da esclerose múltipla. Mas se os novos testes continuarem a produzir resultados promissores, há uma chance real de vermos esses tipos de tratamentos em uso clínico em um futuro não muito distante.