Estilo de vida
16/08/2024 às 16:00•2 min de leituraAtualizado em 09/09/2024 às 08:31
Quem nunca passou pela experiência de, no meio de uma discussão, ou mesmo de uma apresentação, esquecer a palavra-chave, aquele conceito que estava na “ponta da língua”, mas não conseguiu descer do cérebro à boca? Às vezes esse “branco” é tão sério que nos esquecemos até mesmo o nome do nosso interlocutor.
Esse fenômeno linguístico, no qual a palavra que precisamos usar está na memória, mas perdemos temporariamente a capacidade de lembrar dela, tem um nome, que na verdade é um neologismo: “letologia”. E, como se trata de uma palavra diferente, que não vem de nenhum livro médico ou de psicologia, é bem possível que ela própria tenha um efeito letológico na gente.
O termo tem origem grega e vem da palavra lethe (esquecimento) e logos (palavra). Quem conhece um pouco dos fundamentos da mitologia grega, vai logo ligar a palavra ao Letes, o rio do mundo dos mortos, onde os recém-falecidos bebiam em seu caminho para o submundo, e esqueciam as memórias da vida mortal.
Embora muitas vezes se atribua a origem da palavra ao fundador da psicologia analítica Carl Gustav Jung, não há referências à letologia em sua obra. Na verdade, a primeira citação conhecida do termo foi em uma edição de 1914 do tradicional Dorland's Illustrated Medical Dictionary, que a define como a "incapacidade de lembrar a palavra correta".
Em sua edição online, o Dicionário Michaelis, define "letologia" como "relativo ao esquecimento de palavras, sem que haja comprometimento dos órgãos fonadores ou da inteligência".
Embora esse conceito esteja muito próximo da definição de "anomia" dada pela Associação Americana de Psicologia, a letologia não é uma condição contínua, mas apenas um evento ocasional que se insere ao espectro das vivências humanas.
O que os psicólogos sabem, assim como todos nós, é que a letologia acontece quando algum problema não identificado nos impede de recuperar palavras do cérebro, mas eles não têm ideia de como funciona esse processo ou qual a sua causa.
Por isso, na falta de uma terminologia científica apropriada, pesquisadores que investigam o fenômeno criaram um apelido pouco acadêmico, porém muito adequado: síndrome da ponta da língua, ou TOT, nas iniciais em inglês. A síndrome acontece geralmente quando você está cansado, é idoso ou está bêbado, dizem os estudos.
No entanto, embora objeto de estudo em psicologia e neurociência, o fenômeno é uma experiência cognitiva normal e comum, que ocorre eventualmente com a maioria das pessoas. Entre as estratégias para lidar com a TOT estão: relaxamento (sem forçar a lembrança), pensar em palavras relacionadas, revisitar o contexto, usar técnicas de memorização e manter-se mentalmente ativo.
Se a TOT se tornar muito frequente ou interferir em sua vida diária, procure atendimento médico especializado.
Se você tem interesse em entender melhor sobre nossos sentimentos, motivação e até mesmo ações de cérebro, preparamos uma seleção com algumas obras de autores refinados, confira: