Estilo de vida
09/09/2024 às 03:00•2 min de leituraAtualizado em 09/09/2024 às 03:00
Embora estudos anteriores tenham associado o jejum intermitente a benefícios como perda de peso e redução do risco de demência, uma nova pesquisa feita em camundongos indicou um possível efeito colateral: o aumento do risco de câncer. A pesquisa mostra que a produção de células-tronco no intestino aumenta após o período de jejum, o que, embora favoreça a regeneração, pode também acelerar o surgimento de tumores cancerígenos.
Conduzida por uma equipe internacional, a investigação descobriu que o aumento da atividade das células-tronco durante a fase de realimentação após o jejum está diretamente relacionada à elevação do risco de mutações genéticas causadas por substâncias mutagênicas, como as aminas heterocíclicas presentes em carnes queimadas. Segundo o responsável pelo estudo e biólogo Omer Yilmaz, do MIT, ter mais atividade das células-tronco é bom para a regeneração. Porém, seu excesso pode ter consequências menos favoráveis.
O estudo também identificou uma via biológica chamada mTOR, que regula o crescimento e metabolismo celular e desempenha um papel essencial no processo de regeneração das células-tronco intestinais. Após o jejum, a mTOR estimula a produção de pequenas moléculas chamadas poliaminas, que promovem a proliferação celular.
Essas moléculas são fundamentais para ajudar o corpo a se recuperar após um período de restrição nutricional, mas também podem aumentar o risco de desenvolvimento de tumores. Shinya Imada, biólogo molecular do MIT, destacou que o jejum e a realimentação são dois estados distintos.
“No estado de jejum, as células utilizam lipídios e ácidos graxos como fonte de energia para sobreviver. Já no estado de realimentação, o corpo entra em um processo de intensa regeneração,” explicou em declaração oficial. O pesquisador também ressaltou que é justamente nessa fase que o risco de mutações prejudiciais pode aumentar.
Embora estudos anteriores tenham sugerido que o jejum intermitente poderia reduzir o risco de câncer, a nova investigação destaca a importância de considerar os efeitos da fase da realimentação nesse processo. Como enfatizou Yilmaz, esses resultados foram observados em camundongos e “em humanos, o estado é muito mais complexo.”
A pesquisa levanta questões importantes sobre os potenciais benefícios e riscos do jejum intermitente e reforça a necessidade de mais estudos em humanos para compreender as implicações completas para o futuro.
De todo modo, o artigo é um primeiro passo importante para entendermos como equilibrar os benefícios da regeneração celular com os riscos de crescimento tumoral, trazendo novas perspectivas sobre o impacto do jejum intermitente na saúde a longo prazo.