Estilo de vida
16/09/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 16/09/2024 às 18:00
Um ano após o primeiro transplante total de olho e parcial de face da história, os resultados parecem ser promissores. Aaron James, um veterano militar de 46 anos, passou pela cirurgia após sofrer um acidente grave em 2021 que lhe causou a perda do olho esquerdo e grande parte do rosto. Mesmo sem conseguir enxergar com o olho transplantado, ele obteve resposta da retina à luz — um avanço celebrado pela equipe médica.
James se machucou enquanto trabalhava como eletricista, recebendo uma descarga elétrica de alta voltagem que lhe causou queimaduras severas no rosto e a perda de estruturas como o olho, nariz e lábios. Embora tenha passado por diversas cirurgias reconstrutivas, ele continuava a enfrentar complicações devido às cicatrizes e problemas respiratórios. Foi quando decidiu recorrer à equipe de transplante da Universidade de Nova York, que o propôs a combinação inédita de um transplante facial e de olho.
A cirurgia de transplante de olho e face foi uma aposta alta, já que se tratava de um procedimento experimental e arriscado. A equipe deixou claro que havia poucas chances de James recuperar a visão. Além disso, ele teria que lidar com os riscos típicos de um transplante, como a necessidade de tomar imunossupressores por toda a vida para evitar a rejeição dos tecidos.
Mesmo ciente das incertezas, James decidiu seguir em frente. Em maio de 2023, a equipe médica encontrou um doador compatível e realizou o transplante pioneiro. Logo nos primeiros meses, os médicos já começaram a ver sinais positivos, como a boa irrigação sanguínea no olho e a resposta inicial da retina, o que abriu portas para novas possibilidades de recuperação.
"O progresso que vimos com o olho é excepcional, especialmente considerando que a córnea e a retina estão funcionando bem até aqui", destaca o cirurgião Bruce E. Gelb, responsável pelo caso. No entanto, naquele momento, ainda não era possível saber se as conexões nervosas poderiam ser restauradas ou se a visão seria recuperada em algum nível.
Agora, um ano após o procedimento, os resultados continuam animadores. Além de não ter apresentado sinais de rejeição, o transplante trouxe uma melhora significativa na aparência de James, o que aumentou sua autoestima e qualidade de vida. Embora a visão ainda não tenha sido recuperada, a resposta da retina à luz representa um avanço importante.
Para o Dr. Eduardo D. Rodriguez, líder do projeto, o fato de ter conseguido manter o olho sem rejeição já é uma grande conquista. "Muitos especialistas não acreditavam que chegaríamos até aqui, mas conseguimos transplantar e manter um olho viável sem rejeição", conta o médico. Ele também reforça que, apesar dos desafios, os resultados trazem esperança para avanços futuros.
O próximo grande passo, segundo Rodriguez, é descobrir como restaurar a visão. "Agora o desafio é entender como podemos recuperar a função visual. Continuaremos trabalhando com a comunidade científica para acelerar essas descobertas e, quem sabe, trazer novas soluções em breve", concluiu. Enquanto isso, a história de Aaron James segue inspirando pacientes e médicos a continuar explorando os limites da medicina.