Vivemos uma pandemia silenciosa de infecções fúngicas, avisam especialistas

20/10/2024 às 12:002 min de leituraAtualizado em 20/10/2024 às 12:00

Nos últimos anos, o mundo tem se deparado com uma crise alarmante de resistência a antibióticos, que resulta na morte de quase 5 milhões de pessoas a cada ano. No entanto, as bactérias não são as únicas vilãs nessa história.

As infecções causadas por fungos também estão se espalhando de forma preocupante, criando uma verdadeira “pandemia silenciosa”. Especialistas de todo o mundo estão levantando a voz para alertar sobre essa questão urgente.

A emergência das infecções fúngicas

Fungos do gênero Candida podem causar infecções fúngicas sistêmicas invasivas agudas. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Fungos do gênero Candida podem causar infecções sistêmicas invasivas agudas. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Atualmente, infecções fúngicas afetam cerca de 6,5 milhões de pessoas anualmente e causam aproximadamente 3,8 milhões de mortes. No entanto, o foco das discussões sobre resistência medicamentosa continua, em grande parte, centrado nas infecções bacterianas.

Um exemplo dessa falta de atenção é a recente reunião das Nações Unidas em Nova York, onde a resistência a diversos patógenos foi abordada, mas as infecções fúngicas receberam pouca ênfase. Infelizmente, essa negligência não é um caso isolado; complicações graves causadas por doenças fúngicas invasivas não estão recebendo a atenção necessária.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconheceu a urgência desse problema, tanto que, em 2022, lançou a Lista de Patógenos Prioritários Fúngicos, uma iniciativa fundamental para identificar os fungos que apresentam os maiores riscos à saúde humana.

Entre os patógenos mais críticos estão o Aspergillus fumigatus, causador de infecções respiratórias, e a Candida, que pode provocar infecções generalizadas e até fatais.

A luta contra a resistência a antifúngicos

O uso de medicamentos antifúngicos é essencial, mas a resistência crescente torna o desafio ainda mais complexo. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
O uso de medicamentos antifúngicos é essencial, mas a resistência crescente torna o desafio ainda mais complexo. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Tratar infecções fúngicas profundas é um desafio considerável. Os fungos são organismos complexos, mais parecidos com os seres humanos do que com as bactérias. Isso torna a tarefa de desenvolver medicamentos eficazes um verdadeiro dilema.

No momento, apenas quatro classes de antifúngicos sistêmicos estão disponíveis, e a resistência já está se tornando algo comum entre essas opções.

Além disso, a indústria agroquímica também contribui para a escalada dessa resistência. Novos antifúngicos estão sendo desenvolvidos, mas, em muitos casos, fungicidas com mecanismos de ação semelhantes são lançados antes, levando à resistência cruzada.

Essa situação levanta uma questão importante: assim como discutimos a proteção antibiótica em relação à segurança alimentar, como podemos equilibrar a segurança alimentar com a capacidade de tratar infecções fúngicas resistentes?

Sem dúvidas, as infecções causadas por fungos representam uma ameaça emergente que merece nossa atenção imediata e ação global. O foco excessivo nas bactérias em iniciativas de resistência a medicamentos precisa ser corrigido, e devemos intensificar nossas ações no combate à resistência a antifúngicos.

Apenas com um esforço conjunto seremos capazes de enfrentar essa pandemia silenciosa e proteger a saúde de todos nós.

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