Ciência
24/03/2017 às 05:54•4 min de leitura
Quantas vezes você já leu, assistiu a reportagens e ouviu falar a respeito de doenças como a dengue, chikungunya e zika? Muitas, certo? No entanto, apesar de haver tanta informação sobre elas, ainda existe muita confusão sobre a forma de contágio, os sintomas específicos de cada uma e como elas devem ser prevenidas. Pensando nisso, nós aqui do Mega Curioso decidimos esclarecer essas questões direitinho, para ajudar você a saber exatamente como combater esses males. Confira:
Embora a dengue seja uma velha conhecida dos brasileiros, a doença não afeta apenas as pessoas do nosso país, não! Transmitida pelo Aedes aegypti, aquele com o corpo e as patinhas rajadas de branco, ela foi identificada no Brasil pela primeira vez em 1986, e as estimativas apontam que cerca de 50 milhões de pessoas sejam infectadas todos os anos no mundo.
Estrutura do vírus da dengue
A dengue é uma doença viral, e a principal forma de contágio, como você já sabe, ocorre por meio da picada do mosquito. Contudo, vale mencionar que, apesar de menos comuns, a transmissão vertical — da gestante para o bebê — e aquelas através de transfusões de sangue também podem acontecer.
Nem sempre a pessoa infectada pelo vírus da dengue apresenta sinais de estar doente. Além disso, quando os tem, muitas vezes eles podem ser confundidos com os de um resfriado forte, já que os sintomas iniciais são febre alta, entre 39 °C e 40 °C, que surge de forma repentina, dores de cabeça, atrás dos olhos, nas articulações e pelo corpo.
Fraqueza, fadiga, coceira e surgimento de erupções cutâneas também são manifestações da dengue, assim como náuseas e vômitos — que podem levar à perda de peso. Existe ainda uma forma mais grave da dengue, que inclui ocorrências como forte dor abdominal, vômito persistente e sangramento de mucosas. Portanto, é muito importante que o doente procure ajuda médica assim que algum desses sintomas for identificado.
A chikungunya foi identificada pela primeira vez na Tanzânia, entre os anos de 1952 e 1953, e seu nome curioso significa “aqueles que se dobram” em swahili — idioma utilizado na região onde os primeiros surtos foram registrados —, em referência à aparência curvada dos doentes. A doença só chegou aqui no Brasil em 2014, e como você sabe, a picadinha do Aedes aegypti é o principal modo de transmissão.
Estrutura do vírus causador da febre chikungunya
Os sintomas mais comuns da chikungunya são febre alta e repentina, fortes dores nas articulações das mãos e dos pés — incluindo os tornozelos, pulsos e dedos —, e eles podem surgir entre dois e 12 dias após a infecção. Além disso, alguns indivíduos podem apresentar dores musculares, manchas vermelhas pelo corpo e dor de cabeça e, em cerca de 30% dos casos, não ocorre qualquer manifestação da doença.
Também transmitido pelo Aedes aegypti, o vírus da zika recebeu esse nome devido ao local onde ele foi identificado pela primeira vez, a floresta de Zika, em Uganda, isso em 1947. Aqui no Brasil, a doença só foi detectada em abril de 2015 e, desde então, entrou para a listinha negra de enfermidades que devem ser combatidas pelo povo brasileiro.
Estrutura do zika
Assim como acontece com a dengue, a principal forma de transmissão do vírus da zika é através da picada do Aedes aegypti. Com relação a outros modos de contágio, existem vários estudos científicos em andamento e, de momento, eles apontaram que a probabilidade de que a doença possa ser transmitida por meio da saliva, da urina e do aleitamento materno é bastante pequena.
Há evidências de que o vírus da zika possa ser transmitido sexualmente, e o pessoal da Organização Mundial da Saúde inclusive divulgou um guia focado na prevenção do contágio dessa forma. No entanto, ainda são necessários estudos mais aprofundados para afirmar sem sombra de dúvidas que a doença também pode ser propagada dessa maneira.
Apenas 20% das pessoas infectadas pelo vírus da zika apresentam sinais de estar doentes, mas os principais sintomas são dores de cabeça, vermelhidão nos olhos, febre baixa, surgimento de manchas vermelhas na pele, coceira e dores leves nas articulações. Outras manifestações também podem surgir, como tosse, dor de garganta, vômitos e inchaço pelo corpo, mas elas são menos comuns.
No geral, os sintomas costumam desaparecer depois de três a sete dias, com exceção das dores nas juntas, que podem persistir por até um mês. É bastante raro que a doença progrida para uma forma mais grave, e apenas uma única morte foi registrada até hoje em decorrência do zika.
Como você deve saber, infelizmente, a relação entre o vírus da zika e a microcefalia foi confirmada e, apesar de os estudos científicos sobre o tema continuarem em andamento, eles apontaram que o período mais crítico para a grávida e o feto são os primeiros três meses de gestação.
Infelizmente, a relação entre a zika e a microcefalia foi confirmada
Portanto, é de vital importância que a futura mamãe inicie o pré-natal assim que a gravidez for descoberta, que ela tome todas as vacinas indicadas para as gestantes, evite a automedicação e procure ajuda médica sempre que qualquer dos sintomas que descrevemos acima for identificado.
Na verdade, não existe uma vacina ou um tratamento específico para dengue, chikungunya e zika, então os doentes recebem prescrição de remédios que visam aliviar os sintomas. Mas os infectados devem ter em mente que a automedicação pode ser bastante perigosa e pôr suas vidas em risco! Sendo assim, além de procurar ajuda médica, vale a recomendação de guardar repouso e consumir bastante líquido.
De momento, a única forma efetiva de evitar a transmissão da dengue, da chikungunya e do zika é o combate ao maldito mosquitinho. E, para acabar com ele, é necessário eliminar possíveis criadouros — e é por isso que as campanhas focam tanto na questão de mantermos as nossas casas sempre limpinhas e em ordem, livres de locais que possam acumular água.
Não existe vacina ou tratamento específico para a dengue, chikungunya e zika
Ademais, vale ficar de olho na sua vizinhança também, já que não adianta nada a gente fazer tudo certinho, se os nossos vizinhos não fazem! Outra dica é lançar mão de inseticidas e repelentes, bem como usar roupas que minimizem a exposição da pele durante os períodos em que os mosquitos estão mais ativos.
Os mosquiteiros e as telas protetoras em portas e janelas também são boas opções, especialmente para proteger aqueles que dormem durante o dia — como os bebês e quem trabalha no turno da noite — e pessoas acamadas. Por último, no caso do vírus da zika, como existem evidências de que ele pode ser transmitido sexualmente, não se esqueça de usar camisinha. Essa precaução, aliás, serve para evitar a transmissão de uma série de infecções!