Imagem de Arqueólogos provam a prática do polo com burros na antiga China no megacurioso

A descoberta de esqueletos de burros no túmulo de uma mulher nobre da China do século IX pode ser a prova de que os animais eram utilizados em partidas de polo

Uma equipe de cientistas chineses e americanos divulgou um estudo na revista Antiquity provando que os burros, al&eacute;m de animais de carga, eram utilizados pela nobreza imperial na China do s&eacute;culo IX na pr&aacute;tica do polo, jogo muito popular e conhecido como "esporte dos reis".&nbsp;
As evid&ecirc;ncias da descoberta foram encontradas na tumba de uma mulher da nobreza chamada Cui Shi que morreu na cidade de Xi'an h&aacute; mais de dois mil anos. Ossos de burros foram encontrados junto aos da mulher, o que significa, segundo os pesquisadores, que os animais teriam sido colocados na sepultura para que a nobre pudesse continuar praticando o esporte na sua vida p&oacute;s-morte.
O t&uacute;mulo de Cui Shi havia sido pilhado antes da descoberta, mas os saqueadores retiraram apenas artefatos, deixando intactos apenas os ossos, da senhora e dos seu animais, entre eles os burros. A presen&ccedil;a dos equinos na tumba mortu&aacute;ria de uma mulher da elite social indica que eles eram mais do que simples animais de carga, e podem ter sido as montarias utilizadas por Cui Shi durante as partidas de polo, dizem os cientistas.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/04/02/02134149145117.jpg" alt="Fonte: National Geographic/Reprodu&ccedil;&atilde;o" />&nbsp;(Fonte: National Geographic/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A pr&aacute;tica ancestral do polo
Uma das participantes da pesquisa, Fiona B. Marshall, antrop&oacute;loga da Universidade de Saint Louis da cidade hom&ocirc;nima no estado norte-americano do Missouri, afirmou que existiam relatos datados da Dinastia Tang (618 a 907 d.C.) sugerindo que nobres chineses usavam jogos de polo para matar seus oponentes, trope&ccedil;ando de prop&oacute;sito na montaria e atropelando o cavaleiro depois da queda.
Segundo a pesquisadora, esse fato demonstra que a pr&aacute;tica do esporte em burros, al&eacute;m de fazer mais sentido, fazia da pr&aacute;tica um evento mais seguro.
Ap&oacute;s a morte de Cui Shi, no ano 878 d.C., seus burros foram sacrificados e colocados ao lado da cavaleira. Um epit&aacute;fio, esculpido na parede de pedra da pr&oacute;pria c&acirc;mara, descrevia as caracter&iacute;sticas da falecida. A an&aacute;lise dos ossos dos animais mostrou que eles eram pequenos burros que haviam sido alimentados com gr&atilde;os dom&eacute;sticos.
A maior descoberta do estudo, por&eacute;m, foi a de que, al&eacute;m de menores, aqueles burros tinham os ossos &uacute;meros mais grossos do que os de burros comuns, sugerindo um tipo diferente da marcha lenta caracter&iacute;stica de animais de carga, e mais compat&iacute;vel com o movimento de corridas, onde se destacam as paradas bruscas, retomadas e mudan&ccedil;as de dire&ccedil;&atilde;o, pr&oacute;prias das pr&aacute;ticas esportivas.&nbsp;

thumb-image-2024-02-29T14:04:35.391Z

Arqueólogos provam a prática do polo com burros na antiga China

Imagem de Arqueólogos revelam campo de concentração nazista em solo britânico no megacurioso

Pesquisa traz um estudo complexo e assustador sobre os horrores da Segunda Guerra Mundial

Arque&oacute;logos da Universidade de Staffordshire investigaram pela primeira vez, desde 1945, o &uacute;nico&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/112196-genocidio-de-ciganos-exposto-em-escavacoes-em-campo-de-concentracao.htm" target="_blank" title="Genoc&iacute;dio de ciganos exposto em escava&ccedil;&otilde;es em campo de concentra&ccedil;&atilde;o">campo de concentra&ccedil;&atilde;o</a> em terras brit&acirc;nicas. Utilizando equipamento moderno e n&atilde;o invasivo, a equipe usou pesquisas geof&iacute;sicas e LiDAR &ndash; uma tecnologia &oacute;tica de detec&ccedil;&atilde;o remota.
O arquip&eacute;lago chamado Ilhas Channel fica na costa norte da Fran&ccedil;a e foi o &uacute;nico territ&oacute;rio brit&acirc;nico ocupado pelos&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/113699-album-nazista-feito-de-pele-humana-e-encontrado-na-polonia.htm" target="_blank" title="&Aacute;lbum nazista feito de pele humana &eacute; encontrado na Pol&ocirc;nia">nazistas</a> durante a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/113614-a-segunda-guerra-mundial-e-a-revolucao-da-cirurgia-plastica.htm" target="_blank" title="A Segunda Guerra Mundial e a revolu&ccedil;&atilde;o da cirurgia pl&aacute;stica ">Segunda Guerra Mundial</a>. Nessa &aacute;rea remota e pacata, encontra-se a ilha de Alderney, que recebeu diversos campos de trabalho for&ccedil;ado e dois campos de concentra&ccedil;&atilde;o. Um deles, conhecido como Sylt ou Lager Sylt, foi o primeiro local de estudo dos pesquisadores.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/04/02/02100528722659.jpg" alt="Reconstru&ccedil;&atilde;o 3D de Sylt: A) 1942; B) 1943; C) 1944; D) 2017" />Reconstru&ccedil;&atilde;o 3D de Sylt: A) 1942; B) 1943; C) 1944; D) 2017.
Segundo documentos descobertos da&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/107618-castelo-de-wewelsburg-o-local-de-poder-mistico-da-ss-nazista.htm" target="_blank" title="J&aacute; ouviu falar do Castelo de Wewelsburg, o local m&iacute;stico da SS nazista?">Schutzstaffel</a> &ndash; uma organiza&ccedil;&atilde;o paramilitar nazista conhecida como "SS" &ndash;, 103 pessoas morreram em Alderney. Por&eacute;m, diversos registros n&atilde;o oficiais mostram que o n&uacute;mero &eacute; muito maior, alcan&ccedil;ando pelo menos 700 mortes.
Inicialmente, a ilha era utilizada pelos nazistas para abrigar trabalhadores e prisioneiros do leste europeu, mas, ap&oacute;s o controle da SS em 1943, o local recebeu 2 campos de concentra&ccedil;&atilde;o com condi&ccedil;&otilde;es ainda mais prec&aacute;rias. Mais de 200 pessoas foram v&iacute;timas de doen&ccedil;as infecciosas disseminadas por piolhos, pulgas e &aacute;caros.
A pesquisa foi endossada por um antigo prisioneiro do campo de concentra&ccedil;&atilde;o, Wilhelm Wernegau, que afirmou: "No meu quarto havia cerca de 150 homens ou mais. Havia mais ou menos isso em cada quarto... T&iacute;nhamos cobertores de palha e, durante todo o tempo em Alderney, sofremos terrivelmente com os piolhos".
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/04/02/02101756176664.jpg" alt="Fotogrametria do t&uacute;nel e da sala subterr&acirc;nea, que ligava a casa do comandante ao campo" />Fotogrametria do t&uacute;nel e da sala subterr&acirc;nea que ligava a casa do comandante ao campo.
O estudo tamb&eacute;m mostra a disparidade entre os tipos de constru&ccedil;&atilde;o existentes nos campos de concentra&ccedil;&atilde;o. Enquanto os abrigos dos prisioneiros eram sujos e de madeira, os est&aacute;bulos dos cavalos da SS eram constru&ccedil;&otilde;es robustas e bem feitas. Um local chamou a aten&ccedil;&atilde;o dos arque&oacute;logos por ser um t&uacute;nel que ligava o campo de concentra&ccedil;&atilde;o &agrave; casa do comandante. Apesar do motivo de sua exist&ecirc;ncia ainda ser inconclusivo, acredita-se que era usado para o tr&aacute;fico de mulheres.
A hist&oacute;ria de Alderney ainda &eacute; um assunto muito delicado para os moradores da regi&atilde;o. Enquanto alguns querem imortalizar a hist&oacute;ria do povo que sofreu na Grande Guerra, outros s&oacute; querem esquecer tudo que aconteceu no passado.&nbsp;
"As abordagens hist&oacute;ricas, forenses e arqueol&oacute;gicas finalmente ofereceram a possibilidade de descobrir novas evid&ecirc;ncias e dar voz &agrave;queles que sofreram e morreram em Alderney h&aacute; muitos anos", disse Caroline Sturdy Colls, professora da Universidade de Staffordshire.

thumb-image-2024-02-29T14:04:35.381Z

Arqueólogos revelam campo de concentração nazista em solo britânico

Imagem de Antiga área de culto a deus guerreiro é descoberta no Iraque no megacurioso

Arqueólogos descobriram área com cerca de 5 mil anos de idade onde eram realizadas rituais dedicados ao deus mesopotâmico Ningirsu

X&iacute;caras, tigelas, potes, vasos de cer&acirc;mica quebrados e in&uacute;meros ossos de animais. A escava&ccedil;&atilde;o realizada por arque&oacute;logos em uma &aacute;rea de Girsu, conhecida como Uruku, no Iraque, terminou com a descoberta de uma antiga &aacute;rea de culto ao deus guerreiro&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/42590-conheca-a-origem-da-expressao-olho-por-olho-dente-por-dente-.htm" target="_blank" title="Conhe&ccedil;a a origem da express&atilde;o 'olho por olho, dente por dente'">mesopot&acirc;mico</a> Ningirsu.
A &aacute;rea, afirmam os arque&oacute;logos, tem cerca de 5 mil anos de idade e era o local onde eram realizadas prociss&otilde;es, sacrif&iacute;cios de animais, festas de fogo e rituais dedicados a Ningirsu. Os itens encontrados estavam pr&oacute;ximo e dentro de uma favissa, um po&ccedil;o ritual de 2,5 metros de profundidade, explicaram Sebastien Rey, diretor do projeto Tello/Ancient Girsu, do Museu Brit&acirc;nico, e Tina Greenfield, zoarque&oacute;loga da Universidade de Saskatchewan, que trabalhou no projeto.
Al&eacute;m da &aacute;rea de culto e de objetos dedicados a Ningirsu, talvez uma das descobertas mais impressionantes foi de uma estatueta de bronze em forma de pato e com olhos feitos de concha. Segundo os arque&oacute;logos, ela pode ter sido dedicada a outra deusa, a Nanshe, que &eacute; associada &agrave; &aacute;gua, p&acirc;ntanos e aves aqu&aacute;ticas.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/31/31105223941063.jpg" alt="Arque&oacute;logos encontraram diversos objetos utilizados em rituais na chamada &quot;din&aacute;stica primitiva&quot;" />Arque&oacute;logos encontraram diversos objetos utilizados em rituais na chamada "din&aacute;stica primitiva"
Os arque&oacute;logos explicaram ainda que provavelmente as x&iacute;caras e c&aacute;lices encontrados foram utilizados em um banquete religioso antes de descartados no po&ccedil;o em um ritual. J&aacute; os ossos de animais podem indicar, al&eacute;m do consumo, o sacrif&iacute;cio em rituais dedicados ao deus.
A equipe de escava&ccedil;&atilde;o encontrou ainda oito estruturas ovais cheias de cinzas. As cinzas provavelmente foi o que sobrou de grandes inc&ecirc;ndios rituais. J&aacute; as estruturas encontradas debaixo delas podem ser restos de lanternas ou lumin&aacute;rias de ch&atilde;o, acreditam os arque&oacute;logos. Al&eacute;m disso, eles estimam que a &aacute;rea de culto foi utilizada entre 2950 e 2350 a.C., em um per&iacute;odo chamado de &ldquo;din&aacute;stica primitiva&rdquo;.
<h2>Festivais religiosos e banquetes em honra a Ningirsu</h2>
Em e-mail enviado &agrave; Live Science, Rey e Greenfield afirmam que o grande n&uacute;mero de cer&acirc;micas cerimoniais encontradas, assim como a estrutura de piso queimado e da favissa conectada &agrave; &aacute;rea cultica, indicam que a popula&ccedil;&atilde;o de Girsu se reunia no local para festivais religiosos de honra aos deuses.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/31/31105300972065.jpg" alt="Muitos objetos estavam debaixo de uma espessa camada de cinza, que indica a realiza&ccedil;&atilde;o de grandes inc&ecirc;ndios rituais" />Muitos objetos estavam debaixo de uma espessa camada de cinza, que indica a realiza&ccedil;&atilde;o de grandes inc&ecirc;ndios rituais
No final do s&eacute;culo XIX e in&iacute;cio de s&eacute;culo XX foram encontradas tabuletas cuneiformes em Girsu. Nelas h&aacute; a descri&ccedil;&atilde;o de banquetes e prociss&otilde;es religiosas realizadas na &aacute;rea de culto. Segundo as inscri&ccedil;&otilde;es, um banquete religioso em honra a Ningirsu era realizado duas vezes por ano, com dura&ccedil;&atilde;o de tr&ecirc;s ou quatro dias.
Os arque&oacute;logos, que continuam trabalhando em Girsu, apresentaram as descobertas na reuni&atilde;o anual da American Schools of Oriental Reserach, em novembro de 2019, em San Diego.

thumb-image-2024-02-29T14:04:35.103Z

Antiga área de culto a deus guerreiro é descoberta no Iraque

Imagem de Ilse Koch: a bruxa de Buchenwald no megacurioso

Sádica, além de outros horrores, a mulher montou um império de objetos e acessórios a partir da pele que esfolava das vítimas do campo de concentração

Aten&ccedil;&atilde;o! Se voc&ecirc; se incomoda com temas que envolvem sexo e viol&ecirc;ncia ou tem menos de 18 anos, &eacute; melhor parar por aqui. Caso contr&aacute;rio, prossiga em nosso artigo.
.....
O Holocausto nazista foi marcado pela subvers&atilde;o dos direitos humanos e da estrutura social por si s&oacute;, implementando n&atilde;o s&oacute; uma pol&iacute;tica governamental de terror como tamb&eacute;m genocida. Nela, quem n&atilde;o se posicionava acabava dentro da cova mais rasa e aquele que n&atilde;o se encaixava nos novos &ldquo;moldes&rdquo; lhe era reservado um destino ainda pior.
Revelando a natureza cruel do ser humano, infelizmente o per&iacute;odo teve mais nomes dos que contribu&iacute;ram para o genoc&iacute;dio de milhares de pessoas dos que ajudaram. Josef Mengele, Heinrich Himmler, Karl Brandt e Phillip Bouhler foram s&oacute; alguns dos que entraram para os livros did&aacute;ticos e de Hist&oacute;ria ao lado da figura de Adolf Hitler.
Tamb&eacute;m existiram aqueles cujos nomes n&atilde;o entraram para os livros exatamente, mas que foram respons&aacute;veis tanto quanto os outros por se aproveitarem da maneira mais s&aacute;dica o poss&iacute;vel da morte das v&iacute;timas. Um deles foi Ilse Koch.
<h2>Criando um monstro</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/28/28185358590003.jpg" alt="Ilse Koch" />Ilse Koch.
Em 22 de setembro de 1906 em Dresden (Alemanha), Margaret Ilse Kohler nasceu. Ela teve uma inf&acirc;ncia humilde quando crian&ccedil;a e, como sempre, ningu&eacute;m sequer poderia prever que ela seguiria os passos que seguiu.
A menina era adorada pelos professores na escola, sendo muito notada por ser feliz e educada. Conhecida por viver com muitos amigos ao seu redor, os seus vizinhos tamb&eacute;m n&atilde;o tinham o que reclamar da pequena Ilse, a qual sempre estava disposta a ajud&aacute;-los e tinha um senso de comunidade grande (este dizia ter aprendido com os pais).
Filha de trabalhador bra&ccedil;al e de dona de casa, assim como a maioria das garotas alem&atilde;s, Ilse Koch aprendeu a cozinhar, limpar e cuidar de uma casa da forma como esperavam que ela fizesse. Entretanto, j&aacute; no in&iacute;cio de sua adolesc&ecirc;ncia, tinha pensamentos que n&atilde;o a conectavam mais ao mundo das &ldquo;jovens comuns&rdquo; de sua &eacute;poca. Aos 15 anos de idade, ela decidiu deixar a escola e come&ccedil;ou a trabalhar em tempo integral em uma f&aacute;brica de cigarros. Logo depois, passou a frequentar aulas de contabilidade em uma faculdade local, uma das poucas oportunidades educacionais para as mulheres da &eacute;poca, e acabou conseguindo uma posi&ccedil;&atilde;o como escritur&aacute;ria.
Provavelmente pelo fato de vir de uma fam&iacute;lia muito pobre, a mulher filiou-se cedo ao pensamento pol&iacute;tico de &ldquo;restaura&ccedil;&atilde;o&rdquo; da Alemanha que o Partido Nazista prometeu &agrave; classe baixa. Para os pobres e sem instru&ccedil;&atilde;o, vivendo em um pa&iacute;s economicamente em apuros ap&oacute;s o resultado da Primeira Guerra Mundial, o fascismo parecia a solu&ccedil;&atilde;o de todos os seus problemas, uma vez que esse governo prometia ajudar a tirar o pa&iacute;s da depress&atilde;o em que se encontravam.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/28/28185622246004.jpg" alt="Karl e Ilse Koch" />Karl e Ilse Koch
Ent&atilde;o n&atilde;o demorou muito para que o extremismo pregado pela fac&ccedil;&atilde;o nazista come&ccedil;asse a penetrar mais profundamente na mente de Ilse, ocupando as lacunas de sua mente nas quais a vontade de ascender na economia como classe pobre estava. Ela passou a concordar muito ferrenhamente com os conceitos da eugenia e imposi&ccedil;&atilde;o de uma ra&ccedil;a ariana dominante, compartilhando tamb&eacute;m os seus sentimentos antissemitas. No in&iacute;cio de 1932, j&aacute; tendo passado pelo Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores, a mulher ingressou de vez no Partido Nazista ao come&ccedil;ar a trabalhar como secret&aacute;ria interna.
Foi por volta de 1934 que ela conheceu Karl-Otto Koch, um fraudador condenado que j&aacute; havia passado por v&aacute;rios empregos antes de se filiar ao Partido Nazista. Com antecedentes criminais por roubo e tendo crescido como informante da pol&iacute;cia, Karl era quase 10 anos mais velho que Ilse e tinha acabado de se divorciar de sua primeira esposa, que n&atilde;o compreendia as suas filosofias nazistas.
Tudo isso foi um atrativo para a jovem mulher, que imaginou receber de Karl os privil&eacute;gios que at&eacute; ent&atilde;o ela nunca havia experimentado. Ent&atilde;o eles come&ccedil;aram um relacionamento.
<h2>A fera de Buchenwald</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/28/28190242231005.jpg" alt="Os port&otilde;es do campo de concentra&ccedil;&atilde;o de Buchenwald" />Os port&otilde;es do campo de concentra&ccedil;&atilde;o de Buchenwald.
Assim que o Hitler ascendeu ao poder, o casal foi recompensado por ter sido um dos primeiros a adotar integralmente o nazismo. Karl Koch deixou a vida de crime e passou a ocupar uma posi&ccedil;&atilde;o de oficial de alto escal&atilde;o da Tropa de Prote&ccedil;&atilde;o, a ala paramilitar de elite do Partido Nazista.
Em 1937, ele subiu de cargo e foi nomeado comandante do campo de concentra&ccedil;&atilde;o de Buchenwald, pr&oacute;ximo a Weimar (Alemanha) e um dos maiores da &eacute;poca. A mensagem esculpida em g&eacute;lido metal acima nos port&otilde;es do campo significava "cada um por si", mas os nazistas preferiram entender &ldquo;todo mundo recebe o que merece&rdquo;. Isso era exatamente o que Ilse e Karl Koch achavam, pois eles haviam crescido na pobreza, mas agora eram ricos e poderosos. Esse era o destino deles e o que sempre mereceram.
Assim que come&ccedil;aram os trabalhos no campo de exterm&iacute;nio, Ilse se tornou uma esp&eacute;cie de diretora do local. Partiu dela a &ldquo;brilhante&rdquo; ideia de usar o dinheiro roubado das v&iacute;timas e os seus pertences para financiar uma arena equestre que hoje custaria cerca de US$ 1 milh&atilde;o.
Durante "o reinado" total da mulher, ela chicoteava os prisioneiros enquanto cavalgava no cavalo comprado com o dinheiro deles. Estuprava homens e mulheres, jovens ou n&atilde;o, torturava-os e espancava-os (&agrave;s vezes at&eacute; a morte). Mesmo desfrutando de um luxo quase imperial, esse poder todo n&atilde;o bastou. Ela tinha um "hobby" e precisava come&ccedil;ar exerc&ecirc;-lo.
Por terem uma &ldquo;esp&eacute;cime interessante&rdquo; de anatomia, os cad&aacute;veres de prisioneiros&nbsp;tatuados mortos por inje&ccedil;&otilde;es eram encaminhados &mdash; depois que passavam pelo dispens&aacute;rio &mdash; para o departamento de patologia dentro do campo de Buchenwald. Uma vez l&aacute;, Ilse Koch come&ccedil;ava a sua "divers&atilde;o": esfolava cada cent&iacute;metro de pele daquelas v&iacute;timas de um modo impec&aacute;vel para que pudesse fazer abajures, capas de livros, jaquetas, &aacute;lbuns fotogr&aacute;ficos, luvas e outros objetos (incluindo itens pessoais). Segundo testemunhas que sobreviveram a Buchenwald, o sadismo da mulher conseguia ir al&eacute;m quando ela extra&iacute;a a pele das pessoas ainda vivas. Alguns indiv&iacute;duos passavam por isso e depois eram tratados para que voltassem ao trabalho.
Foi por essas e outras atividades de Ilse Koch que rapidamente ela ficou conhecida como "a bruxa de Buchenwald", tendo a ousadia de cerrar as janelas de sua mans&atilde;o dentro do campo de concentra&ccedil;&atilde;o com cortinas feitas com pele costurada.
<h2>A queda</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;IMDb&nbsp;" data-fonte-url="https://m.media-amazon.com/images/M/MV5BMzcxYzcxZTItN2EzNS00MTdmLTgwMjItYTA1ZmM1NDJmZjg5XkEyXkFqcGdeQXVyMjI3MDczMjI@._V1_UY1200_CR85,0,630,1200_AL_.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/28/28190444934006.jpg" alt="Ilse Koch presa" />Ilse Koch presa.
Em 1943, ironicamente, o casal Koch foi preso por seus superiores da Tropa de Prote&ccedil;&atilde;o do Partido Nazista devido &agrave; apropria&ccedil;&atilde;o indevida de fundos e tamb&eacute;m por m&eacute;todos exagerados de tortura&nbsp;&mdash; como se existisse um meio termo para isso! Em 1944, o juiz nazista concluiu que Ilse era apenas manipulada, enquanto Karl era o verdadeiro culpado. Por isso, a mulher foi liberada, e o homem foi condenado &agrave; morte por seus crimes. Em 1945, ele foi executado a tiros pelo pelot&atilde;o de fuzilamento nazista.
Com dois filhos nos bra&ccedil;os, Ilse Koch seguiu a sua vida sem demonstrar um pingo de arrependimento por depositar tudo nas costas de seu marido. O mais importante &eacute; que ela estava livre para ir e vir novamente.
No mesmo ano, as tropas americanas invadiram o campo de Buchenwald. Ali eles descobriram a mans&atilde;o de Ilse Koch, onde estava localizado o imp&eacute;rio de peles e membros decepados dos prisioneiros assassinados dentro do campo de concentra&ccedil;&atilde;o. Estava tudo conservado em aqu&aacute;rios e redomas de vidros.
Ap&oacute;s coletar o testemunho dos sobreviventes, o Tribunal Geral do Governo Militar para o Julgamento de Criminosos de Guerra prendeu Ilse Koch por seus crimes contra a humanidade. Durante o julgamento, ela insistiu que todos os objetos eram feitos de pele de cabra e n&atilde;o de humanos, embora muitos deles tivessem as tatuagens das v&iacute;timas. Apesar de toneladas de fotografias, n&atilde;o haviam provas de que a mulher ordenasse a cria&ccedil;&atilde;o desses objetos. Era a palavra dela contra a dos sobreviventes.
Em 1947, ainda presa, ela deu &agrave; luz ao Uwe Kohler e foi for&ccedil;ada a entreg&aacute;-lo para a ado&ccedil;&atilde;o, assim como os seus outros filhos. O governador militar dos Estados Unidos, o General Lucius D. Clay, n&atilde;o acreditava que tinham provas f&iacute;sicas o suficiente para sentenciar Ilse &agrave; morte. Ele s&oacute; podia dar a ela anos de trabalho duro e um tempo encarcerada. A Alemanha, no entanto, assim que a mulher saiu da pris&atilde;o, julgou-a por seus crimes e condenou-a pela terceira e &uacute;ltima vez, s&oacute; que com uma senten&ccedil;a perp&eacute;tua.
Uwe Kohler, o filho que ela foi for&ccedil;ada a dar, nunca conseguiu ser adotado. Quando estava com 19 anos, vendendo jornais nas ruas, ele foi buscar saber quem foi a sua fam&iacute;lia. Ele fez v&aacute;rias visitas &agrave; m&atilde;e, que, abusando da car&ecirc;ncia do garoto abandonado, fez de tudo para faz&ecirc;-lo acreditar na inoc&ecirc;ncia dela. E, quando isso aparentemente deu certo, a mulher pediu a Uwe que contratasse um advogado para libert&aacute;-la.
Quando ela percebeu que o filho n&atilde;o seria capaz e, portanto, tinha falhado em manipular a &uacute;ltima pessoa no mundo que a considerava, Ilse Koch cometeu suic&iacute;dio &mdash; era 1967 e ela tinha 61 anos. Foi atribu&iacute;do ao seu nome a mesma frase entalhada nos port&otilde;es do campo de Buchenwald, a qual era deliberadamente distorcida a favor dos nazistas da &eacute;poca: &ldquo;Todo mundo recebe o que merece&rdquo;.

thumb-image-2024-02-29T14:04:34.823Z

Ilse Koch: a bruxa de Buchenwald

Imagem de Gripe espanhola de 1918: omissões, cura falsa e medo no megacurioso

Nos momentos finais da Primeira Guerra Mundial, outra tragédia atingiu o mundo: a gripe espanhola

No ano de 1918, uma violenta pandemia, chamada inicialmente de "la dansarina", atingiu o mundo e recebeu depois o nome de "gripe espanhola" porque era da imprensa da Espanha, uma das poucas n&atilde;o censuradas nos tempos de guerra, que vinham as maiores informa&ccedil;&otilde;es sobre a doen&ccedil;a. O Brasil acompanhou a trag&eacute;dia &agrave; dist&acirc;ncia, talvez por acreditar que o oceano seria uma barreira natural ao v&iacute;rus.&nbsp;
Mas, em setembro de 1918, o navio transatl&acirc;ntico Demerara, oriundo de Liverpool, na Inglaterra, aportou no Brasil trazendo imigrantes e brasileiros que participaram das opera&ccedil;&otilde;es de guerra. Junto com os passageiros, chegava uma muta&ccedil;&atilde;o mortal do v&iacute;rus H1N1.
As paradas do navio em Recife, Salvador e Rio de Janeiro, a capital da Rep&uacute;blica, foram como um rastilho de p&oacute;lvora atrav&eacute;s do qual a gripe se espalhou rapidamente pelo pa&iacute;s. Apresentando sintomas de uma gripe comum, a Influenza n&atilde;o possu&iacute;a um tratamento eficaz e dizimou grande parte da popula&ccedil;&atilde;o brasileira, notadamente as cidades do Rio e S&atilde;o Paulo.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/27/27221400049428.jpg" alt="Fonte: El Pa&iacute;s/Reprodu&ccedil;&atilde;o" />Fonte: El Pa&iacute;s/Reprodu&ccedil;&atilde;o
<h2>A gripe espanhola no Brasil</h2>
De acordo com os jornais da &eacute;poca, a avenida Rio Branco no Rio e a avenida Paulista em S&atilde;o Paulo ficaram totalmente desertas. Os jogos de futebol eram realizados em est&aacute;dios vazios. Bancos, reparti&ccedil;&otilde;es p&uacute;blicas, teatros, bares e outros locais de encontros tiveram que fechar as portas tanto por falta de funcion&aacute;rios como tamb&eacute;m de clientes.
Como os m&eacute;dicos n&atilde;o conseguiam determinar uma medica&ccedil;&atilde;o eficaz, muitas propostas alternativas de cura foram apresentadas &agrave; popula&ccedil;&atilde;o, a maioria por charlat&atilde;es querendo tirar vantagens da popula&ccedil;&atilde;o. Surgiram filtros de &aacute;gua e foi sugerido o quinino, usado contra a mal&aacute;ria, como um rem&eacute;dio eficiente. At&eacute; mesmo uma receita caseira, feita em S&atilde;o Paulo com cacha&ccedil;a, lim&atilde;o e mel, n&atilde;o conseguiu a cura, mas ficou conhecida como a "caipirinha". &nbsp;
Hospitais n&atilde;o tinham vagas, nem evitavam os &oacute;bitos. Transportados em bondes, corpos eram empilhados por presidi&aacute;rios trabalhando como coveiros. O final de 1918 trouxe uma esperan&ccedil;a: a elei&ccedil;&atilde;o do presidente Rodrigues Alves que, em seu primeiro mandato, livrou a capital da rep&uacute;blica das epidemias de febre amarela, peste e var&iacute;ola. Doente, o novo presidente n&atilde;o assumiu e veio a falecer em janeiro de 1919, de gripe espanhola.
At&eacute; hoje n&atilde;o se sabe ao certo a origem e nem o que fez da gripe espanhola uma doen&ccedil;a t&atilde;o avassaladora.

thumb-image-2024-02-29T14:04:34.513Z

Gripe espanhola de 1918: omissões, cura falsa e medo

Imagem de A cultura do linchamento nos Estados Unidos no megacurioso

No século XIX, os linchamentos eram vistos pelos brancos como celebrações em que até vendiam os membros decepados das vítimas negras para guardarem como lembrança

Levar a lei &agrave;s pr&oacute;prias m&atilde;os para punir algu&eacute;m &eacute; um conceito e uma pr&aacute;tica que antecedem os registros mais long&iacute;nquos de nossa hist&oacute;ria. Quando vindo de grupos dominantes, o linchamento (ou linchagem) por anos serviu para oprimir, controlar e punir uma classe espec&iacute;fica da sociedade. Entre a comunidade, essa pr&aacute;tica era cometida por uma multid&atilde;o com o &uacute;nico objetivo de punir por meio da morte um suposto criminoso ou agressor.
O processo envolvia: acusa&ccedil;&otilde;es criminais quase sempre duvidosas e baseadas em dedu&ccedil;&otilde;es do povo; uma pris&atilde;o preventiva para a organiza&ccedil;&atilde;o de uma multid&atilde;o de linchadores com a inten&ccedil;&atilde;o de subverter o processo judicial constitucional; executar a lei com base no povo, pois este era soberano e deveria decidir pela sociedade.
Embora o linchamento seja encontrado em v&aacute;rias partes do mundo, os Estados Unidos foram os respons&aacute;veis por moldar o ato como o conhecemos hoje em dia. Durante o per&iacute;odo de 1877 (in&iacute;cio da era da Reconstru&ccedil;&atilde;o dos Estados Unidos p&oacute;s-guerra civil) at&eacute; meados de 1950, a linchagem se tornou um m&eacute;todo de controle social e principalmente racial, visando aterrorizar os americanos afrodescendentes.
Tudo teria se intensificado a partir do momento em que cidades de popula&ccedil;&otilde;es negras surgiram no Sul do pa&iacute;s e esses afro-americanos come&ccedil;aram a fazer incurs&otilde;es econ&ocirc;micas, estabelecer neg&oacute;cios e reivindicar os seus direitos pol&iacute;ticos&nbsp;&mdash; registrando-se para votar e concorrendo a cargos p&uacute;blicos.
Muitos brancos, tanto os ricos quantos os pobres, se sentiram amea&ccedil;ados por esse aumento vertiginoso do posicionamento dos negros na sociedade. O principal receio da popula&ccedil;&atilde;o branca era a ocorr&ecirc;ncia de rela&ccedil;&otilde;es sexuais entre as ra&ccedil;as, pois isso resultaria na perda do "purismo" que tanto prezavam. Assim, a cena de uma turba de pessoas brancas enfurecidas amarrando homens negros a &aacute;rvores por supostos crimes era s&oacute; metade da hist&oacute;ria, uma vez que o objetivo principal do ato era manter a supremacia branca em posse das esferas econ&ocirc;mica, social e pol&iacute;tica.
<h2>A corda do &oacute;dio</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;The Guardian&nbsp;" data-fonte-url="https://i.guim.co.uk/img/media/2cd9a0430006ef037c8c022fbe14c5c9c48398e8/0_0_3543_2802/master/3543.jpg?width=700&amp;quality=85&amp;auto=format&amp;fit=max&amp;s=14c34a835746a4ce0afe7a5974ec5d2e"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/21/21150249082021.jpg" alt="Linchamentos eram motivo de celebra&ccedil;&atilde;o" />Linchamentos eram motivo de celebra&ccedil;&atilde;o.
Os estupros de mulheres aconteciam desde antes do per&iacute;odo colonial. A sociedade que se seguiu ao longo da hist&oacute;ria jamais enxergou essa viol&ecirc;ncia como deveria ser. Entre o s&eacute;culo XIX e XX, isso ganhou um forte aspecto de hipocrisia por parte da sociedade branca, a qual costumava acusar os homens negros de violar as mulheres e com isso poder mobilizar multid&otilde;es para linch&aacute;-los. Segundo dados da Equal Justice Initiative, quase 25% das v&iacute;timas eram acusadas de abuso sexual. Crimes de roubos representavam 30%, logo tamb&eacute;m eram uma desculpa comum. Qualquer alarde com gritaria de algum vendedor era o suficiente para v&aacute;rias m&atilde;os surgirem com a finalidade de conter o dito ladr&atilde;o.
De 1882 a 1968, 4.743 linchamentos oficiais ocorreram no solo norte-americano. Desse n&uacute;mero, 3.446 eram pessoas negras. Elas representavam uma parcela de 72,7% na maioria dos casos, por&eacute;m os historiadores acreditam que esse n&uacute;mero seja bem maior, pois nem todos os casos foram documentados. Dessa porcentagem, 1.297 brancos foram linchados simplesmente pelo &ldquo;crime&rdquo; de ajudarem negros ou por serem contra as pr&aacute;ticas de linchamento em geral.
Havia tamb&eacute;m outros motivos que provocavam os linchamentos, como jogar, brigar, discutir com um homem branco, tentar votar, fazer coment&aacute;rios "indisciplinados", exigir respeito, &ldquo;agir com desconfian&ccedil;a&rdquo; e andar em dois ou mais indiv&iacute;duos pelas ruas ao cair da noite. N&atilde;o era nenhum exagero dizer que negros&nbsp;&mdash; homem, mulher ou crian&ccedil;a &mdash; moradores da regi&atilde;o do Sul dos Estados Unidos durante essa &eacute;poca corriam o risco de serem linchados por qualquer motivo, sejam comportamentos vistos pelos brancos como impr&oacute;prios ou imaginados pela &oacute;tica branca da popula&ccedil;&atilde;o.
<h2>O cart&atilde;o-postal da dor</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/21/21150627613022.jpeg" alt="Cart&atilde;o-postal do linchamento de Jesse Washington" />Cart&atilde;o-postal do linchamento de Jesse Washington.
O linchamento fazia parte de um grau t&atilde;o torpe e dantesco da mente dos americanos brancos que eles n&atilde;o viam a pr&aacute;tica sequer como uma esp&eacute;cie de "mal necess&aacute;rio para manter a ordem", o que poderia fazer algum sentido dentro de suas mentes preconceituosas. Eles achavam esse ato violento um espet&aacute;culo, um momento de alegria e celebra&ccedil;&atilde;o saud&aacute;vel. Linchar era uma conquista, por isso o "evento" era divulgado at&eacute; nos jornais da &eacute;poca, com manchetes extravagantes e exageradas contando detalhes do crime, bem como indicando o hor&aacute;rio e a data de quando a &ldquo;justi&ccedil;a&rdquo; branca seria feita.
M&atilde;es e pais carregando os seus filhos pelas m&atilde;os se aglutinavam em meio a multid&atilde;o ao redor de um palanque sob uma &aacute;rvore para assistir &agrave;quilo. Para eles, a morte dos negros era realmente um show. As fam&iacute;lias cantavam, faziam dan&ccedil;as, batiam fotos e lan&ccedil;avam impreca&ccedil;&otilde;es enquanto a v&iacute;tima era "cozinhada" por eles, que bebiam &agrave;s custas da iminente morte do outro.
Foi por meio dessa repeti&ccedil;&atilde;o praticamente di&aacute;ria que a tortura e o assassinato dessas pessoas, julgadas suspeitas de cometer algo errado, adquiriram a estrutura s&oacute;lida de um verdadeiro ritual. Essa execu&ccedil;&atilde;o grotesca servia como "cola" para unir a comunidade branca e reafirmar tanto o seu poder quanto a sua participa&ccedil;&atilde;o ativa no meio social, apresentando-se como ra&ccedil;a dominante, assim como acontecia nos rituais religiosos.
Como parte de todo o ritual, os brancos entalhavam na carne das v&iacute;timas "os motivos" de sua insubordina&ccedil;&atilde;o &agrave; domina&ccedil;&atilde;o branca. Dessa forma, os cad&aacute;veres simbolizavam a diferen&ccedil;a racial e um aviso aos outros negros para que "soubessem o seu lugar". Considerando isso, logo que a v&iacute;tima era enforcada, o seu corpo ficava no local para exibi&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica, como uma maneira de mandar uma mensagem &agrave; comunidade em geral. Isso violava deliberadamente os costumes culturais daquela sociedade que "honrava os mortos", pois demonstrava o desprezo dos supremacistas brancos pelas v&iacute;timas negras.
Depois disso, o cad&aacute;ver era incendiado em mais um festival p&uacute;blico. O desmembramento era a atrocidade final, no qual as partes eram distribu&iacute;das aos espectadores. Eles geralmente disputavam esses membros, principalmente as genit&aacute;lias, porque guardavam como uma esp&eacute;cie de trof&eacute;u. As crian&ccedil;as se divertiam com a cena horrenda e o presente final conquistado com orgulho pelos os pais.
Al&eacute;m da natureza completamente doentia desses rituais violentos, tornou-se comum os brancos considerarem esses atos como &ldquo;eventos&rdquo;. Eles documentavam por meio de imagens todos os acontecimentos, as quais usavam na confec&ccedil;&atilde;o e comercializa&ccedil;&atilde;o de cart&otilde;es-postais, os quais eram enviados pelos brancos aos seus familiares ao redor do pa&iacute;s. Eram comuns nas legendas das fotos aparecerem frases como &ldquo;Gostaria que estivesse aqui&rdquo;; &ldquo;Essa foi para voc&ecirc;&rdquo;; &ldquo;Venha na pr&oacute;xima, celebraremos juntos&rdquo;. Nessas fotografias, eram registrados homens negros pendurados com os brancos brindando e sorrindo abaixo, em uma representa&ccedil;&atilde;o bizarra e horr&iacute;vel de conquista parecida com as exibidas por pescadores.
<h2>O caso Nelson</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/21/21151200879023.png" alt="A not&iacute;cia sobre a fam&iacute;lia Nelson" />A not&iacute;cia sobre a fam&iacute;lia Nelson
Em 2 de maio de 1911 no norte de Okemah (Oklahoma), o xerife George Loney recebeu uma den&uacute;ncia de roubo de uma vaca de uma fazenda pr&oacute;xima que o levou at&eacute; a propriedade da fam&iacute;lia Nelson. Os donos do animal acusavam um garoto afro-americano de 15 anos chamado Lawrence Nelson de ter roubado o bicho.
Quando George Loney chegou &agrave; resid&ecirc;ncia, Nelson, ap&oacute;s apurar os fatos, descobriu que a vaca j&aacute; tinha sido abatida pelo pai da fam&iacute;lia, Austin Nelson. O homem confessou que na verdade foi ele quem roubou o animal, pois n&atilde;o tinha nada para dar de comer a esposa e aos filhos.
Durante uma revista repleta de tens&atilde;o pela casa, o xerife teria encontrado um mosquete pendurado na parede. No momento no qual Loney exigiu que a arma fosse entregue a ele, Lawrence Nelson teria se apavorado achando que o homem iria atirar em seu pai ali mesmo pelo crime que tinha cometido. O garoto ent&atilde;o pegou outra arma com o intuito de afugentar o xerife por meio do medo. Laura Nelson, a m&atilde;e, correu desesperada para tentar impedir, o que gerou uma movimenta&ccedil;&atilde;o inesperada que assustou o menino. A arma disparou e atingiu o xerife George Loney na perna, o qual recusou ser tocado por qualquer um deles e se esvaiu em sangue at&eacute; a morte.
Toda a fam&iacute;lia foi presa. Austin Nelson foi acusado pelo roubo da vaca e o seu abatimento. Pensando em salvar a fam&iacute;lia de qualquer puni&ccedil;&atilde;o, o pai se declarou culpado e foi condenado a 3 anos de encarceramento. Contudo, Lawrence e Laura Nelson foram acusados pelo assassinato do xerife Loney. Foi negado a eles a fian&ccedil;a, e os dois seguiram direto para a pris&atilde;o at&eacute; o julgamento oficial.
<h2>Euforia a cima, sil&ecirc;ncio a baixo</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/21/21151346722024.jpg" alt="Laura e Lawrence Nelson enforcados" />Laura e Lawrence Nelson enforcados.
Com a not&iacute;cia se espalhando pela cidade inteira, na madrugada do dia 24 de maio de 1911, um grupo de 40 homens brancos decidiu tomar medidas preventivas da &uacute;nica maneira poss&iacute;vel (na mente deles): matando. Eles invadiram a pris&atilde;o local onde a fam&iacute;lia estava presa e surraram todos a ponto de cegar o carcereiro para que o guarda n&atilde;o pudesse reconhecer nenhum dos invasores depois.
Laura Nelson, que obteve permiss&atilde;o para cuidar de sua filha Carrie, de 2 anos, foi estuprada por todos os homens em frente &agrave; crian&ccedil;a enquanto Lawrence simplesmente foi apedrejado em sua cela. Depois de muito serem esmurrados e chutados, os tr&ecirc;s foram carregados at&eacute; a famosa ponte de a&ccedil;o sobre o Rio Norte Canadense, a 9 km do local.
A mulher teve tempo de deixar Carrie na extremidade esquerda da ponte antes de ser arrastada com o filho para o outro lado. Um la&ccedil;o foi amarrado ao redor do pesco&ccedil;o de Laura e Lawrence e eles foram jogados da ponte sob uivos de celebra&ccedil;&atilde;o.
Antes das 11h, uma multid&atilde;o de pessoas posou para o fot&oacute;grafo George Henry Farnum e um cart&atilde;o-postal grotesco da cena de assassinato foi feito. Essa cena representou o quanto foi cruel essa &eacute;poca, com certeza uma das eras mais sombrias da hist&oacute;ria dos Estados Unidos.

thumb-image-2024-02-29T14:04:33.903Z

A cultura do linchamento nos Estados Unidos

Imagem de Que tal visitar um museu virtual neste período de quarentena? no megacurioso

Na busca de alternativas para se ocupar em casa, acervos virtuais são ótimas distrações, além de fonte de conhecimento

<head></head><body>Desde quando foi anunciado oficialmente estado de quarentena no país, decorrente da crescente infecção de coronavírus que vem alastrando-se nos últimos dias, diversos brasileiros estão trancados em suas casas e distantes de quaisquer tipos de contato social, evitando a contaminação e o consequente prejuízo à saúde individual e coletiva.Porém, com a paralisação de vários serviços envolvendo aglomerações de pessoas como teatros, circos, cinemas, festas e outros, as pessoas estão tendo que se virar com o que têm dentro das residências e estão buscando matar seu tempo das mais diversas formas, especialmente acessando redes sociais e passando horas navegando na internet.É em meio ao caos, então, que a oportunidade de conhecer, aprender e estudar surge, especialmente com os inúmeros acervos artísticos virtuais que estão espalhados pela rede. De uns anos para cá, organizações e museus estão digitalizando, em larga escala, boa parte de seu conteúdo, divulgando propriedades intelectuais raras e de difícil acesso presencial.Assim, a quarentena abre a exata porta para visitação aos sites institucionais de centros históricos pelo planeta, como o <a href="http://www.museivaticani.va/content/museivaticani/it/collezioni/catalogo-online.html" rel="noopener noreferrer" target="_blank">museu do Vaticano</a>, <a href="https://www.britishmuseum.org/collection" rel="noopener noreferrer" target="_blank">British Museum</a>, <a href="https://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-works" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Museo Del Prado</a> e a coleção do <a href="https://www.louvre.fr/en/visites-en-ligne" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Louvre</a>, apresentando uma galeria incrível de pinturas, esculturas, itens, documentos e arquivos históricos em domínio público.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/19/19162014170058.jpg" alt="(Fonte: Olivier Ouadah/Reprodução)">(Fonte: Olivier Ouadah/Reprodução)Para quem busca se aprofundar no assunto, recentemente o <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/113608-smithsonian-oferece-mais-de-2-8-mi-de-imagens-em-dominio-publico.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Instituto Smithsonian</a>, que administra o acervo de mais de 19 museus e centros de estudos norte-americanos, liberou, em alta qualidade, mais de 2,8 milhões de documentos entre artes 2D e 3D, via plataforma <a href="https://www.si.edu/OpenAccess" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Open Access</a>, com todas as obras disponibilizadas em domínio público e passíveis de edição, comercialização e compartilhamento livres.Facilmente, dessa maneira, será fácil ultrapassar as fronteiras geográficas do planeta e conhecer o que tais instituições guardam de mais precioso e que configuram datas e fatos importantes de nossa história.&nbsp;Em uma época que a arte vem sendo tão renegada e marginalizada por diversos grupos de oposição, a oportunidade que a internet vem propiciando para empoderar os grandes nomes da cultura universal e divulgar, em certas proporções, trabalhos dos mais icônicos registrados em todas as épocas da história, torna-se essencial para a manutenção das obras e sua perpetuação.Para mais alternativas, <a href="https://pinacotecabrera.org/en/" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Pinacoteca</a>, <a href="https://www.hermitagemuseum.org/wps/portal/hermitage/!ut/p/z1/hY49D4IwFEV_CwOj7eMb3RoWxaGLUXyLAVKBhFJSqo3_3jqaaLjbzT0nuRRpRXGqn0NXm0FN9ej6FdMbZywNogJKfjhmwPgp2XN-LsIippc1AN0Mf8LA-biGlBSHRhLbSgIkCRMIoi1AnoVZnKefh2xqoryjqMVdaKHJQ7vjvTHzsvPBB2st6ZTqRkFaJX34pfRqMbT6JuksK9hg87LM895WMAgO/dz/d5/L2dBISEvZ0FBIS9nQSEh/?lng=pt" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Hermitage</a>, <a href="https://www.nga.gov/index.html" rel="noopener noreferrer" target="_blank">National Gallery of Art</a>, <a href="https://artsandculture.google.com/explore" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Coleção do Google</a> e <a href="https://www.uffizi.it/mostre-virtuali" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Le Gallerie Degli Uffizi</a> também disponibilizaram parte de seus acervos.</body>

thumb-image-2024-02-29T14:04:33.039Z

Que tal visitar um museu virtual neste período de quarentena?

Imagem de  Tábua encontrada no México confirma existência de um reino maia no megacurioso

 A descoberta é importante por dar mais informações sobre o reino Sak Tz’i’, até então com o passado pouco conhecido por historiadores  

Uma coincid&ecirc;ncia ocorrida em 2014 foi capaz de resultar em um grande marco para a hist&oacute;ria mundial. Whittaker Schroder, um pesquisador, estava dirigindo pelo M&eacute;xico quando viu um homem acenando para ele, mas decidiu n&atilde;o parar pois suspeitava ser apenas um vendedor ambulante. No entanto, em outra ocasi&atilde;o, a situa&ccedil;&atilde;o se repetiu e ele decidiu ceder, sendo gratificado com um ind&iacute;cio surpreendente: o homem procurava um profissional para quem pudesse mostrar uma t&aacute;bua encontrada por ele, a qual dava entender que a regi&atilde;o onde eles estavam havia sido parte importante do territ&oacute;rio dos maias.&nbsp;
Lacanja Tzeltal fica em Chiapas, no M&eacute;xico, e foi l&aacute; que descobriram a capital do reino maia Sak Tz&rsquo;i&rsquo;. O processo de maior explora&ccedil;&atilde;o da &aacute;rea come&ccedil;ou em 2014, mas s&oacute; entrou em pr&aacute;tica 5 anos depois. No lugar, foram encontrados monumentos maias, pir&acirc;mides, destro&ccedil;os de um pal&aacute;cio e at&eacute; uma quadra usada para fins esportivos.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Brown University/Brandeis University&nbsp;" data-fonte-url="https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Arqueologia/noticia/2020/03/cidade-maia-do-seculo-7-e-descoberta-em-fazenda-no-mexico.html"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/16/16093958106069.jpg" alt="(Fonte: Brown University/Brandeis University/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Brown University/Brandeis University/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
<h2>O que foi o reino de Sak Tz&rsquo;i&rsquo;</h2>
Geograficamente, pode-se dizer que ele ficava localizado onde hoje &eacute; a fronteira entre a Guatemala e o M&eacute;xico. A localiza&ccedil;&atilde;o n&atilde;o era ideal para o reino, considerado pelos historiadores como relativamente pequeno, pois era cercado de estados com poder de combate maior, o que resultava em guerras com certa frequ&ecirc;ncia.
Existiam elementos naturais de defesa, como riachos e encostas, al&eacute;m daqueles constru&iacute;dos pelos pr&oacute;prios habitantes, como grandes muros. No entanto, nem sempre esse m&eacute;todo de prote&ccedil;&atilde;o funcionava, conforme um dos monumentos encontrados aponta &mdash; de acordo com as inscri&ccedil;&otilde;es, fica entendido que a cidade chegou a ser incendiada por causa de conflitos.
O processo de escava&ccedil;&atilde;o foi interrompido, e toda a equipe est&aacute; se esfor&ccedil;ando para que ele seja retomado o quanto antes em 2020. Os resultados s&atilde;o esperados por toda a comunidade de pesquisadores do mundo.

thumb-image-2024-02-29T14:04:32.678Z

 Tábua encontrada no México confirma existência de um reino maia

Imagem de Pirâmide de Djoser: a mais larga e mais antiga pirâmide do egito no megacurioso

Confira como era a pirâmide e de que maneira ela ficou depois de uma restauração de mais de 10 anos

A Pir&acirc;mide de Djoser, tamb&eacute;m conhecida como "Pir&acirc;mide dos Degraus", &eacute; a mais velha e larga das constru&ccedil;&otilde;es monumentais do Egito, al&eacute;m de ser a mais antiga estrutura de pedra do mundo (acredita-se que ela tenha mais de 4,7 mil anos de vida). Em 2006, ela foi fechada para restaura&ccedil;&otilde;es e agora, 14 anos depois, foi reaberta ao p&uacute;blico e est&aacute; completamente renovada.
<h2>A hist&oacute;ria da Pir&acirc;mide de Djoser</h2>
Como citado, a constru&ccedil;&atilde;o tem aproximadamente 4,7 mil anos e foi erguida durante o reinado do fara&oacute; Djoser &mdash;&nbsp;um dos reis da Terceira Dinastia do Egito antigo &mdash; para homenage&aacute;-lo. Ela &eacute; feita de calc&aacute;rio e est&aacute; no cora&ccedil;&atilde;o do Complexo de pir&acirc;mides de Saqqara, uma reconhecida necr&oacute;pole.
A supervis&atilde;o da constru&ccedil;&atilde;o foi feita por Imhotep, que era a m&atilde;o direita de Djoser. Ele planejou uma obra de 60 metros, com um terra&ccedil;o de degraus de 6 pilhas sobre o t&uacute;mulo da estrutura, o qual foi constru&iacute;do com 28 metros de profundidade e 7 metros de largura. Entre os historiadores,&nbsp;Imhotep ganhou o status&nbsp;de um dos maiores arquitetos do mundo antigo.
Em 2007, um document&aacute;rio feito pelo Dr. Zahi Hawass mostrou como estava o monumento e contou um pouco da hist&oacute;ria da conhecida Stairway to Heaven (tradu&ccedil;&atilde;o: "Escadaria para o C&eacute;u"), confira!
<iframe width="560" height="315" allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="allowfullscreen" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/t5VsldNp83s"></iframe>
<h2>A reconstru&ccedil;&atilde;o</h2>
A restaura&ccedil;&atilde;o da Pir&acirc;mide dos Degraus come&ccedil;ou em 2006 e durou 14 anos. As reconstru&ccedil;&otilde;es tinham como principal objetivo tratar dos ambientes internos e externos da edifica&ccedil;&atilde;o com o intuito de impedir que as paredes deteriorassem e colapsassem. Os especialistas agiram de maneira meticulosa para restaurar o caminho de fora que levava at&eacute; a pir&acirc;mide e os corredores internos que v&atilde;o at&eacute; c&acirc;mara funer&aacute;ria &mdash; onde fizeram tamb&eacute;m a restaura&ccedil;&atilde;o do sarc&oacute;fago do fara&oacute; Djoser e das paredes da tumba.
<figure class="image"><img alt="" height="853" src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/11/11140531006188.jpg" width="1280" /> <figcaption>A restaura&ccedil;&atilde;o do monumento em 2010. (Fonte: Wikimedia Commons)</figcaption></figure>
Foram instalados tamb&eacute;m acessos para pessoas com defici&ecirc;ncia e novos sistemas de ilumina&ccedil;&atilde;o, tanto dentro como fora da pir&acirc;mide. Durante todo o processo de restaura&ccedil;&atilde;o, a obra foi suspensa por um tempo por conta da Primavera &Aacute;rabe, mas voltou com for&ccedil;a total ao final do conflito.

thumb-image-2024-02-29T14:04:32.111Z

Pirâmide de Djoser: a mais larga e antiga pirâmide do Egito

Imagem de Qual é a verdadeira origem do macarrão? no megacurioso

Desta vez vamos falar de um assunto que tem sido debatido há muito tempo: a verdadeira origem do macarrão! Prepare-se para descobrir mais sobre esse prato delicioso, que é consumido no mundo inteiro

O macarr&atilde;o &eacute; um dos alimentos mais acess&iacute;veis do mundo, sendo extremamente popular e barato, apresenta vers&otilde;es exclusivas em v&aacute;rios pa&iacute;ses diferentes. Na Alemanha e Hungria, existe o spaetzle. Na Gr&eacute;cia, o orzo. Os japoneses adoram o udon, que no ver&atilde;o &eacute; consumido gelado e mergulhado em um molho.
<ul>
<li>
<div style="margin-bottom: 11px;">Dia do Consumidor ao vivo:<span style="display: inline !important; float: none; background-color: #ffffff; color: #404040; font-family: 'Source Sans Pro',sans-serif; font-size: 18px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: left; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; -webkit-text-stroke-width: 0px; white-space: normal; word-spacing: 0px;"> <a href="https://www.tecmundo.com.br/produto/150887-vivo-melhores-ofertas-semana-consumidor.htm?f" target="_blank">promo&ccedil;&otilde;es da Semana do Consumidor</a><span style="display: inline !important; float: none; background-color: #ffffff; color: #404040; font-family: 'Source Sans Pro',sans-serif; font-size: 18px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: left; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; -webkit-text-stroke-width: 0px; white-space: normal; word-spacing: 0px;"> no TecMundo</div>
</li>
</ul>
A verdade &eacute; que, quando pensamos em macarr&atilde;o, acreditamos que foi criado na China e trazido por Marco Polo &agrave; It&aacute;lia. Inclusive, j&aacute; teve&nbsp;<a style="color: #0563c1; text-decoration: underline;" href="https://www.megacurioso.com.br/bizarro/36446-mama-mia-nao-foram-os-italianos-que-inventaram-o-macarrao-.htm">outra mat&eacute;ria aqui no site falando sobre isso</a>. Por&eacute;m, a real origem desse alimento &eacute; um pouco mais complexa.
E relaxem, n&atilde;o vou mandar um &ldquo;&eacute; verdade este bilhete&rdquo;apenas por ser descendente de italianos, eu vou usar fatos hist&oacute;ricos! Um alerta final: essa mat&eacute;ria provavelmente vai abrir o seu apetite (com certeza abriu o meu).
<figure class="image"><img width="850" height="537" alt="" src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/11/11102253174076.jpg" /> <figcaption>(Fonte: Pixabay/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
<h2>Origem das massas</h2>
Esse debate &eacute; muito antigo, in&uacute;meras teorias j&aacute; foram apresentadas, e algumas s&atilde;o bem exageradas. Se levarmos em considera&ccedil;&atilde;o que as massas s&atilde;o uma combina&ccedil;&atilde;o de farinha, &aacute;gua e &agrave;s vezes ovos, veremos que elas est&atilde;o presentes no mundo inteiro h&aacute; muito tempo.
Diversos escritores italianos argumentaram que uma tumba do s&eacute;culo IV a.C. tinha um uma esp&eacute;cie de equipamento para fazer massas, sugerindo que o prato j&aacute; era apreciado na It&aacute;lia pr&eacute;-romana. Mas esse fato foi contestado por historiadores de comida, os quais ressaltaram que as refer&ecirc;ncias na era romana a qualquer coisa semelhante &agrave;s massas s&atilde;o escassas.
Outros historiadores observaram v&aacute;rios marcos lexicais relevantes &agrave;s massas, que possuem as mesmas caracter&iacute;sticas b&aacute;sicas. Nas obras do m&eacute;dico grego Galeno do s&eacute;culo II d.C., &eacute; mencionado o itrion, um composto homog&ecirc;neo feito de farinha e &aacute;gua. O Talmude de Jerusal&eacute;m registra que o itrium, uma esp&eacute;cie de massa cozida, era comum na Palestina do s&eacute;culo III ao V a.C. Um dicion&aacute;rio compilado por Isho bar Ali, m&eacute;dico e lexic&oacute;grafo &aacute;rabe do s&eacute;culo IX, fala do itriyya, um alimento em formato de cordas e feito com s&ecirc;mola, o qual era deixado para secar antes de ser preparado.
Al&eacute;m disso, existem relatos desde o s&eacute;culo I d.C. sobre um prato conhecido como lagnum, que consistia em folhas finas de uma massa frita que faziam parte da alimenta&ccedil;&atilde;o di&aacute;ria. Um livro de receitas do s&eacute;culo V tamb&eacute;m apresenta registro das lagana (o plural de lagnum) &mdash; prato feito com camadas de massa recheadas com carne, ou seja, um ancestral bem distante da "lasanha moderna". Por&eacute;m, o m&eacute;todo de cozinhar essas folhas de massa n&atilde;o corresponde &agrave; nossa defini&ccedil;&atilde;o moderna de um produto de massa fresca ou seca, ent&atilde;o talvez a &uacute;nica liga&ccedil;&atilde;o aqui sejam os ingredientes b&aacute;sicos e o formato.
<h2>Itrion, itrium, itriyya</h2>
Levando em considera&ccedil;&atilde;o as descri&ccedil;&otilde;es dos pratos acima, a vers&atilde;o mais aceita pelos historiadores &eacute; a do alimento &aacute;rabe que foi levado para a Sic&iacute;lia no s&eacute;culo IX d.C., quando eles conquistaram a maior ilha italiana. Por&eacute;m, a iguaria provavelmente estabeleceu-se na It&aacute;lia como resultado do extenso com&eacute;rcio no Mediterr&acirc;neo, na Idade M&eacute;dia. Nessa &eacute;poca, a Sic&iacute;lia tornou-se o centro mais importante do com&eacute;rcio e da exporta&ccedil;&atilde;o de macarr&atilde;o. Os navegadores genoveses transportavam o produto para importantes portos de com&eacute;rcio, como N&aacute;poles, Roma, Piombino e Viareggio.
<figure class="image"><img width="836" height="835" alt="" src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/11/11102748094077.jpg" /> <figcaption>Essa gravura italiana do s&eacute;culo XIV mostra dois est&aacute;gios na fabrica&ccedil;&atilde;o de massas. A mulher &agrave; direita est&aacute; amassando a massa enquanto a outra est&aacute; pendurando tiras de aletria para secar em uma prateleira. Muitos anos depois, foi desenvolvida uma varia&ccedil;&atilde;o mais espessa de aletria, que conhecemos hoje como espaguete. (Fonte: Austrian National Library/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
As primeiras informa&ccedil;&otilde;es concretas sobre massas aliment&iacute;cias na It&aacute;lia datam do s&eacute;culo XIII ou XIV. Em 1279 (16 anos antes do retorno de Marco Polo), foi registrada uma cesta de massas no invent&aacute;rio de bens de um soldado genov&ecirc;s chamado Ponzio Bastione. A palavra usada na descri&ccedil;&atilde;o &eacute; macaronis,&nbsp;derivada do verbo maccari, palavra de um antigo dialeto da Sic&iacute;lia cujo o significado &eacute; "achatar". Esse verbo, por sua vez, veio do termo grego makar, que significa "sagrado".
<h2>E o Marco Polo?</h2>
<figure class="image"><img width="680" height="453" alt="" src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/11/11103030953078.jpg" /> <figcaption>(Fonte: Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
O famoso mito de que as massas foram trazidas da China para a It&aacute;lia apareceu pela primeira vez no Macaroni Journal, publicado por uma associa&ccedil;&atilde;o de ind&uacute;strias de alimentos com o objetivo de difundir as massas nos Estados Unidos; originou-se de uma interpreta&ccedil;&atilde;o ruim de uma passagem famosa nas Viagens de Polo. Nela, o viajante menciona uma &aacute;rvore na qual havia algo como macarr&atilde;o. A planta provavelmente era a palmeira-sagu, que produz um alimento rico em amido, o qual parece macarr&atilde;o. Essa comida provavelmente deve ter lembrado o viajante veneziano das massas de seu pa&iacute;s de origem.
Achou que eu iria falar s&oacute; da origem? De jeito nenhum! Este &eacute; o MegaCurioso&nbsp;e ainda temos mais curiosidades para compartilhar!
<h2>Macarr&atilde;o na Literatura</h2>
O macarr&atilde;o ficou t&atilde;o popular entre os italianos que chegou at&eacute; a ser mencionado no s&eacute;culo XIV pelo famoso escritor Giovanni Boccaccio. Em sua cole&ccedil;&atilde;o de contos, O Decamer&atilde;o, ele apresenta uma fantasia de abrir qualquer apetite sobre uma montanha de queijo parmes&atilde;o, pela qual chefes rolam macarronis e ravi&oacute;lis para os glut&otilde;es que aguardam ansiosamente. Em 1390, Franco Sacchetti, outro poeta e escritor de contos, tamb&eacute;m conta como 2 amigos se encontram para comer macarr&atilde;o. Eles comem do mesmo prato, como era costume na &eacute;poca, mas um deles tem mais apetite do que o outro. Noddo, um dos rapazes, &eacute; um comil&atilde;o que vai empilhando todo o macarr&atilde;o no seu lado do prato, mandando 6 garfadas enquanto Giovanni, o outro amigo, ainda estava na sua primeira, esperando a comida esfriar um pouco. Mas qual era o sabor desse macarr&atilde;o que Noddo comeu com tanto gosto, mesmo com o risco de queimar a l&iacute;ngua? Durante o per&iacute;odo da Idade M&eacute;dia, at&eacute; o in&iacute;cio do s&eacute;culo XVI, as massas eram consumidas de uma forma totalmente diferente da atualidade. Elas eram cozidas por mais tempo, n&atilde;o existia a prefer&ecirc;ncia moderna por massas "al dente". Al&eacute;m disso, eles ainda n&atilde;o tinham descoberto o tomate, ent&atilde;o as massas eram misturadas com ingredientes que seriam vistos como surpreendentes hoje, combinando sabores doces, salgados e picantes.
<h2>Um prato para gente rica...</h2>
No come&ccedil;o, as massas eram consideradas um alimento para os ricos, ocupando lugar de destaque nos banquetes aristocr&aacute;ticos durante o Renascimento. Por exemplo, Bartolomeo Scappi, um chefe papal de meados do s&eacute;culo XVI, criou um terceiro prato para um banquete &mdash; o qual era composto de frango cozido acompanhado de ravi&oacute;li recheado com uma pasta feita de barriga de porco cozida, &uacute;bere de vaca, porco assado, queijos parmes&atilde;o e fresco, a&ccedil;&uacute;car, ervas, especiarias e passas (n&atilde;o falei que eles misturavam ingredientes julgados inusitados atualmente?).
<figure class="image"><img width="600" height="788" alt="" src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/11/11103258047079.jpg" /> <figcaption>(Fonte: Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
A receita do chefe para o maccheroni alla romanesca era igualmente elaborada. A massa era uma composi&ccedil;&atilde;o de farinha e farelos de p&atilde;o, misturada com leite de cabra e gema de ovo, achatada at&eacute; parecer uma folha, e ent&atilde;o cortada em tiras finas. Depois de secar, o macarr&atilde;o era cozido por meia hora, coado e coberto com queijo ralado, fatias de manteiga, a&ccedil;&uacute;car, canela e peda&ccedil;os de provatura &mdash; uma variante romana do queijo mu&ccedil;arela. Finalmente, o prato era levado ao forno por 30 minutos com um pouco de &aacute;gua de rosas para que o queijo derretesse enquanto a massa incorporava o sabor dos temperos. N&atilde;o &eacute; nenhuma surpresa que&nbsp;Giulio Cesare Croce, outro autor do s&eacute;culo XVI, tenha colocado essa iguaria em sua lista de &ldquo;pratos de engorda&rdquo;.
<h2>E virou para todos!</h2>
Em N&aacute;poles, no final do s&eacute;culo XVII, as massas passaram a se tornar o principal alimento da dieta da plebe. Tanto que, a partir de 1700, os napolitanos foram apelidados de mangiamaccheroni (comedores de macarr&atilde;o). V&aacute;rias explica&ccedil;&otilde;es foram apresentadas para tal fato, uma delas foi a deteriora&ccedil;&atilde;o do padr&atilde;o de vida dos plebeus, que limitava significativamente o acesso deles &agrave; carne. J&aacute; os grandes propriet&aacute;rios de terras no Reino de N&aacute;poles ou na Sic&iacute;lia vendiam trigo a um pre&ccedil;o relativamente barato.
<figure class="image"><img width="835" height="835" alt="" src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/11/11103753672081.jpg" /> <figcaption>Nessa xilogravura colorida do s&eacute;culo XIX, vemos vendedores de massas em N&aacute;poles, durante 1880, comercializando aletria em quantidades industriais. (Fonte: AKG/Album/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Outro ponto importante foram os costumes religiosos. Estes tornavam a massa o alimenta ideal nessa &eacute;poca em que era proibido consumir carne. Talvez o principal motivo para a dram&aacute;tica dissemina&ccedil;&atilde;o desse alimento tenha sido sua produ&ccedil;&atilde;o industrial a partir do s&eacute;culo XVII, com o desenvolvimento de m&aacute;quinas como o torchio &mdash;&nbsp;uma prensa mec&acirc;nica para fazer macarr&atilde;o ou aletria.
Com o aumento do consumo, as massas passaram a ser associadas aos lazzaroni (mendigos). Com isso, surgiu at&eacute; um ditado: "Quando um lazzarone re&uacute;ne quatro ou cinco moedas para comer macaroni naquele dia, ele deixa de se preocupar com o amanh&atilde; e para de trabalhar".
<figure class="image"><img width="850" height="815" alt="" src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/11/11103447422080.jpg" /> <figcaption>Pintura de Domenico Gargiulo mostrando tr&ecirc;s lazzaroni comendo um prato de macarr&atilde;o com as m&atilde;os, no meio de uma rua. (Fonte: DEA/Album/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
&Eacute; l&oacute;gico que essa populariza&ccedil;&atilde;o n&atilde;o impediu que as massas continuassem a ser um dos pratos favoritos das classes altas, sendo o Rei Fernando IV de N&aacute;poles um grande apreciador do alimento (ele comia com tanto gosto que n&atilde;o usava nem talheres para isso).
<h2>Mudan&ccedil;as no sabor</h2>
Com o tempo, as receitas foram mudando drasticamente at&eacute; chegarem ao estilo que conhecemos hoje. Dentre as altera&ccedil;&otilde;es mais dr&aacute;sticas, est&atilde;o os temperos adicionados &agrave;s massas. O doce foi substitu&iacute;do pelo salgado quando passaram a usar vegetais no lugar de a&ccedil;&uacute;car, o que tamb&eacute;m aumentou o n&iacute;vel nutricional dos pratos. E os tomates, que atualmente s&atilde;o amplamente associados ao macarr&atilde;o, s&oacute; foram introduzidos no in&iacute;cio do s&eacute;culo XIX. Uma curiosidade engra&ccedil;ada &eacute; que os italianos o evitaram por muito tempo, por considerarem a fruta ex&oacute;tica demais. Na verdade, a 1&ordf; receita que mais se assemelha ao nosso prato de macarr&atilde;o atual e mais comum s&oacute; apareceu em 1844: o espaguete com molho de tomate.
<figure class="image"><img width="640" height="435" alt="" src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/11/11104314672082.jpg" /> <figcaption>(Fonte: Pixabay/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
<h2>Uma f&aacute;brica antiga de macarr&atilde;o</h2>
O cientista franc&ecirc;s Paul-Jacques Malouin foi o respons&aacute;vel por levar o com&eacute;rcio da aletria a Paris. E, com isso, tamb&eacute;m importou as t&eacute;cnicas de produ&ccedil;&atilde;o industrial que tinha visto em N&aacute;poles para a capital francesa, incluindo a amassadeira e uma esp&eacute;cie de prensa de parafuso para macarr&atilde;o. Nesta gravura do livro publicado por Malouin em 1767, podemos ver um operador sentado em uma barra (A) se movendo para cima e para baixo amassando a massa (B). Esse processo levava 2 horas para ser finalizado. Depois de amassado, o preparo era colocado em um cilindro comprimido por um parafuso (C). A prensa era girada usando um sistema de alavancas e cabos movidos por outra pessoa (D). Ent&atilde;o, finalmente, os fios de macarr&atilde;o sa&iacute;am na parte mais baixa (E).
<figure class="image"><img width="604" height="402" alt="" src="https://mega.ibxk.com.br/2020/03/11/11105829266092.png" /> <figcaption>(Fonte: Cnum-Conservatoire Num&eacute;rique/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>

História e Geografia

Novidades