Ciência
28/02/2019 às 04:57•2 min de leitura
Você já deve ter ouvido falar da Momo por aí. Começou como um desafio viral, que previa uma série de tarefas que podiam fazer mal à saúde, como se cortar, por exemplo. O que mais chamava a atenção é a imagem que vem associada ao monstrengo: estranhos olhos arregalados com um sorriso igualmente aterrador.
Bem, não demorou para que pessoas mal-intencionadas passassem a usar essa figura como uma “entidade” que ordena aos jovens algumas ações, sob pena de revelar segredos ou atingir familiares. As vítimas recebem as ligações, de um número desconhecido, e os criminosos, sob posse de dados facilmente encontrados em redes sociais, passam então a manipular quem está do outro lado da linha.
O caso é grave e já está associado a uma série de casos fatais nos Estados Unidos, Brasil, Argentina e França e parecia estar “sumindo do mapa” — assim como vários outros “desafios virais" aparecem e desaparecem na mesma velocidade. Contudo, a Momo voltou e agora está se tornando uma lenda urbana.
Os ataques envolvendo a Momo pareciam dormentes desde o final do ano passado, mas coincidentemente, um vídeo postado em julho do ano passado pelo youtuber AL3XEITOR, voltou a ser veiculado, aumentando a aura de mistério sobre essa personagem da web. O rapaz tem mais de 1 milhão de seguidores e esse conteúdo já foi visto mais de 5,6 milhões de vezes.
Recentemente, o YouTube foi acusado de não evitar de forma eficiente que pedófilos usem as recomendações, os canais e os comentários para se comunicar e fomentar o assédios às crianças e de deixar no ar conteúdo que incentiva o suicídio infantil. Isso teria ajudado a trazer a Momo de volta ao noticiário e aos milhares de compartilhamentos que acrescentam uma pitada de fantasia à mulher-pássaro.
Vale destacar que a própria plataforma já se manifestou contra qualquer disseminação do “Desafio da Momo”:
We want to clear something up regarding the Momo Challenge: We’ve seen no recent evidence of videos promoting the Momo Challenge on YouTube. Videos encouraging harmful and dangerous challenges are against our policies.
— YouTube (@YouTube) 27 de fevereiro de 2019
A Momo é, na verdade, uma escultura criada pela artista japonesa Keisuke Aisawa, que trabalha para a empresa de efeitos especiais Link Factory. Sua foto foi postada originalmente no Instagram, em 2016, e no ano passado começou a ser usado como um “monstro que ataca internautas incautos”.
"A internet permite que as lendas urbanas se espalhem instantaneamente", afirma Trevor Blank, professor assistente na Universidade Estadual de Nova York em Potsdam e autor de “Slender Man Is Coming: Creepypasta e Contemporary Legends na Internet”, um livro sobre outra figura popular da web. "No passado, levaria muitos anos para uma lenda urbana alcançar níveis de notoriedade.”
O que dá poder a isso são relatos contados de forma verossímil, mas que nunca aconteceram com alguém muito próximo — é sempre um “amigo de um amigo”. Neste caso, a Momo ganha força por conta dos reais casos policiais envolvendo essa figura — algo que também aconteceu com o Slender Man, que transcendeu a lenda urbana para se tornar homicídio.
Fonte: Sony Pictures
Todo mundo gosta de histórias de mistério e muita gente gosta de contos de terror. Mas, com a Momo, é sempre bom deixar claro — principalmente para os mais jovens e suscetíveis — que não passa de uma figura assustadora usada por pessoas mal-intencionadas. E elas devem continuar agindo se não alertamos sobre os perigos que esses desafios podem gerar.
“Novo Slender Man”: a Momo está de volta — e agora virou lenda urbana via TecMundo